Seguimos no autocarro 37 até aos subúrbios da cidade,
mudámos para o 50 - mas números à parte, continuámos até já não haver nada à volta da estrada a não
ser árvores. Condução impecável, não houve mais travagens nem voos de
passageiros, e muito menos cenas de pancadaria com o condutor.
Tínhamos chegado à estrada que dava acesso ao famoso Parque
Natural Stolby - e logo à entrada encontrámos umas amigas do Konstantin, a
Natalya e a Tanya, que eram estudantes de turismo, falavam um inglês impecável,
tinham acabado de voltar do Sudeste Asiático, depois de trabalharem alguns
meses numa escola de mergulho na Tailândia e num resort de luxo em Antalya,
Turquia.
Muitos simpáticas, giras, hiperactivas, tinham conhecido
duas inglesas no autocarro, e quando o Konstantin me apresentou, sorriram um
"isto está a ficar um grupo mesmo internacional".
Pouco depois: éramos um grupo.
O Konstantin e as duas amigas russas, a mãe de uma delas e
um amigo. Noves fora nada, são cinco russos. Acrescente-se um tuga, duas
inglesas e um casal de holandeses. Agora já só falta o Cristiano Ronaldo para
fazermos uma equipa de futebol.
E quem é que precisa de um craque quando se tem a Natalya a
comandar as tropas? A miúda era incansável. Não só conhecia o Parque como a
palma das mãos, como tinha prazer em partilhar o que sabia. Puxava por uns, ria
com outros, dava conselhos e até picnic trouxe, com direito a chá quente, bolinhos,
chouriço, fruta. Impressionante.
Não: peço desculpa, mas impressionante era a mãe da Natalya.
A senhora ia sempre na frente do pelotão, saltava de rocha em rocha, escalava
por aqui, pulava por ali, só lhe faltava a tanga de leopardo, umas lianas e um grito
convincente. Estávamos todos (incluindo a própria filha) de boca aberta com a
senhora. Não só pelo binómio idade/energia mas também porque, segundo a
Natalya, era a primeira vez que a senhora se metia numa aventura destas.
Quem também era estreante, mas que estava a passar um mau
bocado, era a holandesa. Habituada a um país em que as maiores subidas e
descidas são provavelmente as escadas rolantes dos centro comerciais, a
rapariga estava com sérias dificuldades em acompanhar o ritmo do grupo. Mas verdade
seja escrita: superou todas as provas, não se rogou a nenhuma escalada e por
muito que fosse preciso esperar, ajudar, encorajar, puxar, empurrar, o facto é
que fez tudo o que todos fizemos.
Abreviando: foi uma bela tarde passada entre floresta e montes
de pedra vulcânica, parecia uma serra de Sintra em ponto gigante (só 17 mil
hectares, coisa pouca).
Ao fim da tarde, cada um seguiu a sua vida. Os holandeses
tinham um comboio à noite para Moscovo, as inglesas ficavam mais um dia em
Krasnoyarsk, os russos foram para as suas casas - e eu voltei para a estação de
comboios.
Próxima (e última) paragem na Rússia: Irkutsk!
2 comentários:
Grande passeio. quem me dera lá estar !!!!
Pelo texto e pelas fotos, foi um dia em grande...!
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