28/07/2012

VOLTO JÁ

Desculpem a interrupção mas estou num comboio a atravessar meia-Rússia.

Saí há 2 dias e 2 noites de Vladimir, a 3 horas de Moscovo... e parei para um "pit-stop" em Novosibirsk.

Duche e jantar. Que maravilha.

Daqui a nada voltamos a entrar numa carruagem e lá vamos - eu e os doze aventureiros da nomad - em mais uma etapa deste transiberiano.

Próxima paragem: Lago Baikal, Irkutsk.

26/07/2012

SORRIA... ESTÁ EM MOSCOVO!

O título deste post pode soar a brincadeira, para quem conhece Moscovo ou já ouviu falar da natural simpatia e hospitalidade dos Moscovitas.

Não é brincadeira. Não a estou a ser sarcástico e não tenho "segundas intenções" - não há truque.

Nesta última semana passada na capital da Federação Russa, deparei com centenas de pequenos grafittis nas paredes, espalhados por toda a cidade. Simples smiles, como que a lembrar as pessoas que não custa nada sorrir.

É a Revolução do Sorriso - digo eu.

Ainda não surtiu grandes efeitos, mas as grandes mudanças são feitas assim, passo a passo, uns maiores que outros. Em conversa com uma russa, percebi que já existe uma parte das novas gerações que anseia por essa mudança, que tem uma consciência mais acolhedora, que procura ver a vida e as pequenas coisas de uma forma mais leve, mais descontraída, mais... sorridente.

Assim: sorria, se estiver em Moscovo. Nem que seja só para dar o exemplo.














23/07/2012

ESTA CIDADE, QUEM DIRIA


Sou da opinião que muitas das nossas emoções, sentimentos e estados de espírito estão directamente relacionados com as expectativas que criamos à volta de pessoas, acontecimentos, lugares. Quantas vezes é que nos sentimos desiludidos ou surpreendidos; quantas vezes ficamos admirados com isto e desapontados com aquilo... expectativas! E é na gestão destas que, muitas vezes, encontramos as nossas forças - e as fraquezas.

Se acredito que a gestão das expectativas é importantes no dia-a-dia, imagine-se em viagem.

Em viagem, temos tendência a imaginar lugares e experiências, a vivê-los antes ainda de os conhecermos, seja a partir de um postal enviado por um tio quando éramos crianças, ou de um filme que vimos, fotografias, ou um livro que mudou a nossa vida...

...e quantas vezes damos por nós a dizer "isto não tem nada a ver com aquilo que eu estava à espera" - e esta mesma frase pode ser muito bom sinal. Ou nem por isso.

Expectativas.

Quando, no ano passado, entrei de comboio na China, trazia na minha bagagem emocional vários tipos de expectativas: Pequim não me atraía por aí além - queria ver a Cidade Proibida e visitar a Grande Muralha, mas digamos não tive noites sem sono a imaginar "e quando lá chegares". E depois havia Xangai: há anos que lá queria ir. Havia qualquer coisa no nome, uma mística própria dos livros a cheirar a antigo, um nevoeiro de segredos e promessas, algo que eu próprio não conseguia explicar. Também me imaginei a passar fome - vá-se lá saber porque, mas achei sempre que não ia gostar da comida na China. E eu sou "bom garfo". E "boa colher". Eu como quase tudo.

Enfim: Xangai não esteve à altura. Não que tenha sido uma desilusão - não vou tão longe. Gostei de lá estar, diverti-me muito, fiz amigos, passeei à beira-rio e tirei muitas fotografias ao skyline. Mas a cidade não consta desta lista das 11 cidades de 2011 - e penso que isso diz tudo.

Pequim.

Quem diria: Pequim.

As cores, a comida, a loucura kitsch dos chineses a querer ser modernos, coloridos, divertidos. A sensação de chegar a um lugar conhecido, depois de oito mil quilómetros sobre carris. E era a minha primeira vez na China - mas talvez porque tenho uma costela asiática, havia qualquer coisa de familiar, qualquer coisa de confortável.

Como se a cidade me tivesse abraçado, à chegada, sorrindo: bem-vindo.

Pequim é a 7ª cidade na minha lista das 11 mais importantes de 2011 - e não é inocente, a escolha deste dia. Hoje chega aqui a Moscovo o grupo da nomad que vem acompanhar-me em mais um Transiberiano - e achei que era um bom dia para partilhar Pequim. Já falta pouco.

Ficam as fotos, e uma ansiedade enorme de entrar outra vez no comboio para me lançar nesta louca viagem que atravessa meio-mundo sobre carris; e desta vez vou com uma expectativa diferente, muito diferente!, da que tinha há um ano atrás.




















22/07/2012

ESTA CIDADE, ESTAVA-SE MESMO A VER


Para quem está mais ou menos a par das minhas voltas nos últimos anos, a cidade de hoje não é propriamente uma surpresa. É a cidade onde vou com mais frequência na Ásia, apesar da maior parte das vezes ser por dois ou três dias apenas.

Das 11 cidades que marcaram o "meu" 2011, Kuala Lumpur é a 6ª a ser apresentada. A capital da Malásia é tudo o que se está à espera de uma grande metrópole asiática: uma mistura de gentes e estilos, a eterna guerra/namoro entre tradicional e moderno, muito show-off mas também uma espiritualidade imensa.

Kuala Lumpur cumpre - mas não deslumbra. E se vou lá tantas vezes é muito por culpa da AirAsia (passo a publicidade), que tem ligações excelentes para todo o lado - e é muito, muito!, barata.

E no entanto, se fosse só pelos voos, ficava-me pelo aeroporto.

O facto de ter feito, ao longo dos últimos 3 anos, bons amigos na cidade, faz-me querer parar um pouco por lá. Quando chego ao LCCT, o terminal low cost do Aeroporto Internacional de KL, faço logo uns telefonemas e é como se chegasse a Lisboa. Ou a Bombaim. Ou a Istambul. Ou a Hanói.

É como se chegasse a casa.













21/07/2012

ESTA CIDADE ESTÁ MESMO A PEDI-LAS


Aproveitando a onda de entusiasmo pelos recentes "acontecimentos" na Indochina, partilho hoje outra cidade que faz parte desta aventura, é a última paragem antes do regresso a Portugal - e que foi uma das 11 mais importantes para mim, em 2011.

A 5ª cidade desta série de 11 é... Luang Prabang, no Laos. E é, muito provavelmente, aquela cujos sentimentos vou ter mais dificuldade em descrever.

Por duas razões:

1. porque apesar de ainda irmos a meio de 2012, tenho a certeza que - se daqui a seis meses fizer uma selecção do género relativa a este ano - Luang Prabang vai fazer parte das eleitas outra vez. As experiências já vividas este ano na antiga capital do Laos foram muito intensas e variadas - mas, como o presente "exercício" refere-se apenas a 2011, então tenho de me abstrair do passado mais recente. Vai ser difícil.

2. porque aquilo que sinto pela cidade vai muito além da beleza da paisagem, dos sorrisos das pessoas, da comida deliciosa. É um carinho enorme pelo simples "estar ali". Posso não fazer nada o dia todo. Posso estar a correr com o grupo para apanhar a cerimónia dos monges de madrugada, a correr para o barco, a correr para a cascata, a correr para chegar a tempo ao pôr-do-sol... mas é sempre um dia bom.

Dito isto, pouco me resta acrescentar. Posso fazer uma espécie de contabilidade dos meus dias em Luang Prabang: tudo somado são 22 dias, em 2011. Não foram seguidos, fui lá 4 vezes ao todo, a acompanhar grupos da nomad. Mas a verdade é que: só em Istambul é que fiquei mais tempo.

Foi em Luang Prabang que escrevi uma das minhas crónicas preferidas: "eu gosto do meu escritório". E além dos passeios no Mekong, dos picnics na cascata, das tardes passadas na piscina do La Pistoche com o meu amigo Xay, do delicioso chicken laap e outras maravilhas da cozinha lao... foi também em Luang Prabang, em 2011, que tomei banho com um elefante pela primeira vez - e apaixonei-me pelo gentil gigante. Em Dezembro assisti à abertura dos Luang Prabang Games, uma espécie de mini Jogos Olímpicos de que falarei um dia destes, depois de terminar a série das 11 cidades.

Por todas as razões e só porque sim, porque me sinto bem lá e quanto mais tempo passo, mais tempo quero ficar: Luang Prabang é uma das 11 cidades que me marcaram em 2011.