31/10/2012

QUANTO MAIS CLARO, MELHOR

Na Índia, há uma obsessão nacional com o tom da pele. Quando um casal está à espera de bebé, os familiares e amigos desejam "que seja rapaz, e clarinho". Depois, os comentários acerca dos recém-nascidos fazem-se à volta do tom da pele. Quanto mais claro, melhor.

E da mesma forma que em Portugal temos cremes auto-bronzeadores, vamos à praia para ganhar côr, ao solário... na Índia, toca a tapar para não ficar mais escuro - e os cremes!, os cremes têm propriedades branqueadoras, prometem pele mais clara em poucos dias, menos manchas, etc.

E esta, hem?

30/10/2012

LOTAÇÃO ESGOTADA EM ANGKOR

Esta semana chegaram boas notícias do Porto: a minha viagem de passagem de ano ao Cambodja, com um grupo de dez viajantes nomad, está oficialmente esgotada.

Vão ser nove dias intensos a descobrir os templos de Angkor, as memórias dos Khmers Vermelhos e a "perder a cabeça" em Bangkok. Na minha rota ainda tenho duas Indochinas e o Natal em casa, pelo meio... mas mal posso esperar pela contagem decrescente em Siem Reap.

29/10/2012

RANGOLIS EM BANGALORE


Já estou em Bangalore - a minha última paragem nesta rápida passagem pela Índia, a caminho do meu escritório: a Indochina.

Hoje à tarde fui dar uma volta e fiquei fascinado com a quantidade de casas que têm pintados, mesmo à entrada, simples rangolis brancos.

Os rangolis, para quem não sabe, são uma expressão de arte decorativa muito tradicional na Índia, utilizada normalmente em ocasiões especiais - mas, como vim a descobrir hoje, as variações são tantas de estado para estado e até de aldeia para aldeia, que é difícil definir esta arte numa só explicação.

Normalmente coloridos, os rangolis são desenhados à porta das casas, em terraços e até nas divisões da casa, sempre no chão, para atrair a boa sorte e afastar os maus espíritos. No Karnataka, o estado onde fica Bangalore, são feitos quase todos os dias (e quase sempre por mulheres) com uma farinha feita de arroz esmagado, e podem variar entre formas geométricas, motivos florais e até divindades hindus - depende da intenção de quem o faz, da casta, do grupo em que a família se insere na comunidade local.

Ficam alguns exemplos:






25/10/2012

UM DIA BOM

Como diz o ditado: depois da tempestade vem a bonança. Cheguei ao Dubai num estado lastimável, mas dez horas de sono, uns comprimidos e comida caseira ajudaram-me a recuperar forças. Nem doze horas depois de aterrar neste pequeno emirato, estava novamente a levantar voo, e ontem à noite cheguei a Bombaim, onde fui "recebido" por uma cidade em festa - toda a gente a dançar na rua, a lançar fogo-de-artifício, a sorrir.

Hoje, apesar do calor, fui dar uma volta - e descobri um cantinho novo desta cidade que nunca pára de me surpreender. Fui de riquexó a Gorai, não muito longe da casa onde costumo ficar, quando cá estou, e apanhei um ferry para "o outro lado".

Surpreendam-se. Acreditem ou não, isto também é Bombaim.



23/10/2012

UM DIA MAU

Um dia mau começa logo às cinco da manhã, da única maneira que pode começar um dia às cinco da manhã, quando se tem de ir para o aeroporto: em stress. Disparado da cama para o duche, do duche para o taxi, do taxi para a porta de embarque.

Às sete e meia da manhã estava dentro do avião, preparado para um dia de viagem. Destino final: Dubai. Pensava eu.

"Senhores e senhoras, lamentamos informar que devido a condições climatéricas adversas em Londres, vamos ter de esperar..."

Havia nevoeiro em Londres, ontem. Coisa rara, pelos vistos. E apesar da companhia estar a par das formalidades e do estimado atraso de pelo menos três horas, preferiu esperar que todos os passageiros embarcassem, para só então os avisar - porque, segundo os próprios, se conseguissemos autorização entretanto, partíamos.

Não conseguimos autorização, por isso esperámos três horas dentro do avião. O nevoeiro demorou a "levantar", em Londres, e só descolámos de Lisboa às onze da manhã. Três horas depois do previsto. E quase outras três horas depois, aterrámos finalmente na capital inglesa, com explicações técnicas sobre nevoeiros de baixa pressão e alta pressão, e "olhem lá para fora, vejam quão espesso é o nevoeiro."

Claro que perdi a ligação para o Dubai - e porque provavelmente esta foi a primeira vez que houve nevoeiro em Londres, e provavelmente foi a primeira vez na história da British Airways em que foram cancelados vários voos no mesmo dia: instalou-se o caos em Heathrow.


Entre muito pouca informação, quase nenhum apoio e muita frustração, esperei mais de sete horas numa fila para fazer nova marcação, até que consegui, por telefone, adiantar-me à própria companhia. Mais duas horas e deram-me um voucher para um hotel algures em South Kensington... mas como passava das onze da noite e já não tinha energias... e como vi os Samaritanos a distribuir colchões de campismo e cobertores... fiquei a dormir no aeroporto.

Acreditem que estou a resumir - e muito - a odisseia vivida ontem, no Terminal 5 do Aeroporto de Heathrow. Que trapalhada enorme, que amadorismo.

Enfim: são quase dez da manhã, daqui a nada vou fazer novo check-in, e se tudo correr bem lá vou eu de novo. Chego à noite ao Dubai, amanhã sigo viagem para Bombaim, e depois para Bangalore. Ainda tenho muito céu para atravessar.

O PROMETIDO É DEVIDO

Fiz a promessa a bordo de um autocarro, cumpro-a num aeroporto. Estou há dez horas "retido" em Heathrow por causa do nevoeiro, e aproveitei alguns tempos mortos para selecionar mais fotos de Wadi Rum e prepará-las para o blog.

Fica uma amostra do que foram estes dois maravilhosos dias. Que saudades. Que imensas saudades...




19/10/2012

EU CALCORREIO, TU CALCORREIAS...

Depois de tantos anos a partilhar uma ou outra foto dos meus pés, e a guardar outras tantas, eis que finalmente tenho um álbum, no facebook, dedicado a estes lindos vagabundos.

Comecei com apenas seis fotos, tiradas na Jordânia - mas há muito, muito mais para partilhar. A seu tempo. Ficam aqui três exemplos, passem no facebook e espreitem o resto do álbum, e todas as outras novidades.

É para gostar - e para partilhar! :)




17/10/2012

MAIS VOLTAS E REVIRAVOLTAS

A vida confundiu-me as voltas, na semana passada, e por isso tenho andado alheado do blog.

Depois de Wadi Rum voltei a Amman e fui dar uma volta até ao Mar Morto, onde flutuei nas suas águas salgadas e cobri-me de lama preta. Da Jordânia continuei viagem para o Dubai, onde me esperavam amigos indianos de longa data. E foi neste pequeno Emirato, já com vista sobre o edifício mais alto do mundo, que recebi a notícia que me trocou todas as voltas.

Regressei num instante a Portugal, nem sei como consegui voltar tão depressa. E por aqui tenho andado, sem cabeça nem coração para grandes "conversas" aqui no blog, confesso.

Não tarda nada arranco outra vez, e a vida continua. As voltas continuam.

E por falar em voltas: o fuidarumavolta já tem página no facebook! E entre o blog e esta nova página, prometo ainda mais emoções, fotos e outras novidades. "Faz favor" de ir lá espreitar, gostar e partilhar. :)

https://www.facebook.com/fuidarumavolta

08/10/2012

LUGAR NÚMERO 33

Estive uns dias em Wadi Rum, num acampamento beduíno sem electricidade - nem net, pois claro.

Hoje almocei num restaurante sírio em Aqaba, na fronteira com Israel e Egipto, tomei um banho no Mar Vermelho e apanhei um autocarro de volta a Amman. O meu lugar é o número 33.

O autocarro tem internet. Chique! Assim que possível, descarrego as fotos de Wadi Rum e partilho alguma coisa aqui. Vai valer a pena. Vai valer muito a pena :)

06/10/2012

ESPECTACULAR PETRA

Estou estafado - e sem palavras para descrever o dia passado entre ruínas, areia, camelos e turistas, em Petra.













04/10/2012

ESTOU QUE NEM POSSO

O calor. O cansaço acumulado. A pouca vontade de planear, organizar, ler guias e folhetos. Estou de férias, esta semana. E se isso quer dizer passear meio-sem-rumo, beber sem filtros mais uma nova cultura, apaixonar-me pelas cores que espreitam sorrindo atrás de cada esquina côr de areia - que assim seja.



Aceito o desafio.

E por isso, hoje pouco fiz. E mesmo assim, fartei-me de andar.

Fui ao Teatro Romano e ao Museu, comprei notas antigas do Iraque com o Saddam a sorrir, comi numa espécie de fast food muçulmano, subi escadas, subi rampas, dei voltas e reviravoltas e vá-se lá saber como - mas cheguei à Citadela, deslumbrei-me com a Citadela, e com a vista que se tem da Citadela.

E aqui estou de volta ao quarto, e estou que nem posso.

Fica uma mão cheia de fotos, não tenho energia para mais. ;)





03/10/2012

JÁ CHEGUEI

O avião aterrou ontem à noite em Amman, depois de vinte e quatro longas horas de viagem - mais de metade em escala. À espera estava o meu amigo Bunty, que veio de Bhubaneshwar, via Calcutá, Bombaim e Kuwait, já com umas horas no aeroporto da capital jordana - e todo entusiasmado com os flyers de Wadi Rum, Petra e outras atracções turísticas.

Dentro do taxi, a música era clássica. Lá fora, uma autoestrada rodeada de camelos e construção, garagens e estufas, alguns prédios, a lua que esteve cheia há dois dias. Não prestei muita atenção, para ser sincero. Estava mais concentrado na conversa com o Bunty e o taxista. Entre matar saudades e pôr-me a par das novidades de outros amigos na Índia, também aprendi um pouco sobre este novo país de seis milhões de habitantes.


Cheguei ao hotel, arrumei as coisas no quarto, saí para comer, voltei para os meus aposentos - e dormi.

Dormi quase dez horas.

Estão 33ºC lá fora, a ventoinha no meu quarto ligada no nível 3, o mais forte de todos, e apesar de tudo estou fresco que nem uma alface num anúncio do Pingo Doce. Hoje fico por Amman, amanhã vou dar uma volta. E assim que tiver mais novidades, passo aqui a partilhá-las.

02/10/2012

EM TRANSITO

Gosto de aeroportos. Gosto dos ritmos, da mistura obscena de emocoes, dos paineis que anunciam mais do que chegadas e partidas - anunciam abracos, saudades, presentes, novidades, horas de conversa, dias de solidao. Gosto das racas e culturas que se cruzam quase em anonimato, num espaco culturalmente esteril, que eh igual em todo o lado. Os aeroportos sao todos iguais.

Mas nao gosto dos teclados sem acentos, e nao gosto desta ideia de que um aeroporto eh uma especie de portal. Entra-se num, enfiamo-nos num aviao, trinta minutos, doze horas, o tempo que for, saimos noutro aeroporto, quase igual ao primeiro. Portais. Os aeroportos sao portais. Ainda nao viajamos no tempo, e ainda nao temos teletransporte, mas ja temos portais.

E o que eu nao gosto mesmo nada, para mim eh a pior parte desta vida vadia de nomada: eh ter de ficar horas em transito num aeroporto. Cheguei ontem a horas feias a Gatwick e ja nao fui a lado nenhum: e aqui continuo, ja se passaram oito vezes sessenta minutos, ja dormi, ja li, ja joguei sudoku, ja vi lojas e ja comi. E agora resolvi gastar uma pequena fortuna para vir um pouco ah net, para actualizar o blog, mesmo sem ter acentos no teclado.

Que grande seca!

01/10/2012

HÁ 8 ANOS FOI ASSIM:


Pois. Oito anos. Enquanto o Diabo esfrega um olho e o Ganesh coça a orelha, passaram oito anos.

01.08.2004:

Quando voltei da minha meia-volta ao mundo pela Europa e Ásia, voltei sem vontade nenhuma de me fechar entre quatro paredes a trabalhar. Fiz saber isso aos meus botões e aos botões dos outros e pouco depois estavam a aparecer propostas e desafios para projectos mais fugazes: passei o Verão a amealhar euros no Euro, trabalhei na produção de filmes de publicidade, fiz recados e até levei turistas a passear na serra de Sintra - e quando chegou o Outono, estava quase de partida outra vez, para mais uma aventura que prometia emoções fortes.

Ia viajar seis meses para a Índia.

Entusiasmado com os diários de viagem escritos ao longo de nove meses na estrada, pelos relatos publicados numa newsletter da HP e pelos mails enviados a amigos e família, decidi "começar" um blog e partilhar algumas histórias de viagem, fotos e outras curiosidades.

Ao longo de 8 anos, o fuidarumavolta viveu momentos de energética partilha, outros de um abandonado silêncio - mas sobreviveu. E passo a passo, fui percorrendo um caminho que já se faz longo, mas que ainda está muito longe do fim. Aos tais seis meses seguiram-se muitos regressos à Índia, uma viagem de bicicleta com mil euros no bolso, duas travessias do Transiberiano e muitas aventuras pela Europa e Ásia, principalmente. Comecei a colaborar com a nomad, cimentei amizades lá dentro e cá fora ;), experimentei comidas exóticas, vi filmes de Bollywood e jogos de futebol em lugares inesperados, ouvi concertos de música clássica, de heavy metal, de techno... usei cada sentido ao máximo, ao pormenor - e desafiei-me a mim mesmo, vezes sem conta, umas quantas com sucesso, umas nem tanto.

Tomei banho com elefantes no Mekong e caí de um cavalo na estepe mongol, pintei-me de todas as cores no Holi, encharquei-me de água e pó-de-talco no Songkran, vi um fogo-de-artifício inesquecível na Madeira, apaixonei-me por Hanói durante a celebração dos 1000 anos da cidade. Corri centenas de vezes para o aeroporto, renovei de passaporte outras tantas, fui a embaixadas fazer vistos, aluguei motas, aluguei bicicletas, escalei vulcões e caminhei nos Himalaias. Passeei de barco no Mediterrâneo, fiz snorkeling em ilhas paradisíacas, pedalei deserto fora, espetei-me de mota uma ou duas vezes. Embebedei-me, tive caganeiras, tive arrepios, ri às gargalhadas, chorei. Dormi em estações de autocarro, abriguei-me de monções, fui mordido por mosquitos e samguessugas, assisti ao nascer-do-sol em lugares maravilhosos, fumei nargile com os curdos, bebi lao lao com os khmus, ensinei a dançar "à indiana" uns berberes marroquinos. Andei de camelo no deserto com o pôr-do-sol ao fundo, vi a Via Láctea nos céus inesquecíveis da Mongólia, nadei com tartarugas gigantes e tubarões, fiquei preso três dias num comboio por causa de um furacão que matou 120 pessoas.

Etc. Etc. E por aí fora.

Eu tenho folheado este livro com gosto - e ainda não me fartei. Assim, em jeito de celebração, hoje parto para um novo país - a caminho dos lugares do costume. Em Novembro recomeça a "época das Indochinas", faço a passagem do Ano em Angkor... e em 2013 vou contrariar, com todas as forças que a minha teimosia deixar, todas as vozes que anunciam um ano negro, o pior de todos, um ano para esquecer. Mas cada coisa a seu tempo: hoje é dia de festa, cantam as nossas almas, blá blá... são oito anos! Oito. E vou para a Jordânia.

Esta semana, vou alternar relatos e fotos entre a nostalgia do passado, as aventuras do presente e as novidades para o futuro. Que venham mais oito!