29/09/2014

BOM DIA, DIAS BONS

Que sorte a minha, ter este sol e sorrisos a fazer de paisagem durante os quase-três dias em casa.

Hoje tirei o dia para arrumações. Que confusão de tempos e geografias. Como é que eu arrumo tudo isto? O Verão em Portugal, o último mês entre a redescoberta da Turquia e uma surpresa chamada Egipto - e tudo o que aí vem, o regresso a uma Birmânia que quero explorar melhor, e depois ao Sudeste Asiático, que tão bem conheço e cujo abraço anseio sempre.

Fica um click do dia, que estou de poucas palavras hoje.

É na Birmânia:


27/09/2014

BOM DIA... AQUI VOU EU

Antes de ontem voei de Sharm El-Sheik para o Cairo.

Ontem vim para Istambul.

Hoje sigo viagem para Lisboa. Vai ser uma passagem rápida, desfazer malas e refazê-las, abraçar amigos e família, arrumar memórias e preparar-me para as próximas voltas.

E de acordo com o espírito, o click de hoje só podia ser este:


26/09/2014

CHOVE EM ISTAMBUL

Deixei esta madrugada o Cairo, confesso que com uma vontade enorme de voltar depressa e ficar mais tempo. Explorar um pouco melhor a cidade, mergulhar mais a fundo no país e no seu património, nas suas histórias e gente.

O dia de hoje fora reservado para passear em Istambul, mas o cansaço e o S. Pedro não ajudaram. Passámos a manhã a dormir e quando finalmente saímos para almoçar e dar uma volta pela cidade, começou a chover. Acabámos por passar a tarde em cafés e depois fomos para casa da minha amiga Bahar. Estamos no hotel outra vez. Chove em Istambul.

Chove agora e continuará a chover, quando sairmos amanhã para Lisboa. Vão ser três dias intensos a finalizar o que for preciso finalizar para a nova época de Indochinas e Birmânia. E vou aproveitar para festejar, com uns dias de atraso, o meu aniversário.

Três dias. Daqui a menos de uma semana estarei de volta a esta outra cidade que adoro, esta outra Lisboa - mas vai ser por uma tarde apenas. Espero que o tempo esteja melhor. E depois: Kuala Lumpur, uns dias para fazer o visto e rever amigos; e da Malásia sigo para o Myanmar, este nome esquisito que inventaram para mascarar outro mais bonito: Birmânia.

Aqui no blog ainda há histórias, fotos e curiosidades sobre a volta pelo Egipto. Muito para partilhar por aqui, nos próximos dias. E há o décimo aniversário deste nosso cantinho virtual. Uma década às voltas - nada mau. Enfim: como de costume, vamos falando. Agora vou dar uma volta pela Istiklal.

Apesar da chuva.

Para os mais curiosos, espreitem aqui a minha próxima temporada no Sudeste Asiático com os grupos da Nomad. Isto promete :)

DR. MÚMIA, AS AÇORIANAS E O CHATO MAIS CHATO DE SEMPRE

Qual Marrocos qual quê.

Índia? Uns meninos.

No Egipto é que a sabem toda. Nunca vi touts mais insistentes, mais irritantes, "melgas", "colas" - mais chatos! -, e ao mesmo tempo tão criativos. Às vezes a um nível tão ridículo que chega a ser caricato - e, ironicamente, engraçado.

Voltemos por momentos a Luxor, neste post.

Quanto aos touts: já tínhamos experimentado uma amostra na visita às Pirâmides e às ruínas de Saqqara, mas foi em Luxor que o grau de melguice chegou a níveis absurdos.

Como já comentei noutro post, alugámos uma mota durante a nossa estadia em Luxor. Assim ficámos mais independentes e dispensámos drivers a chatear para irmos a determinada loja (para receber comissão), ou à agência do amigo, ou ao workshop do primo. Quando dependemos de um tout, há sempre um problema qualquer inesperado, algo que por muito básico que seja, requer uma solução - que, obviamente, o tout com muito esforço vai conseguir resolver. Porque é nosso amigo, porque somos especiais, gosta de nós, somos o primeiro cliente do dia, da semana, do mês, da vida; ou porque gosto muito de Portugal, e o Cristiano Ronaldo e sabe-se lá que mais tretas. E no fim: a gratificação, ó faz favor.

De mota, íamos para onde quiséssemos, quando nos apetecesse. Livres!

(Mas a mota não nos podia salvar dos touts durante as visitas aos templos.)

Começámos a nossa exploração de Luxor por Medinat Habu, o espectacular templo mortuário de Ramsés III que ficava mesmo ao pé da nossa guesthouse (outra boa escolha: em vez de ficarmos no centro de Luxor, optámos por dormir na margem poente do Nilo, muito mais tranquila).

O espectacular "Portão Sírio"

À entrada recusámos com um sorriso a proposta de um guia, explicámos que queríamos ver o lugar por nós proprios, com calma e sem pressão. Mas nem dois minutos tinham passado e já vinha um velhote à perna, a apontar para aqui-e-ali, a arranhar um inglês mais esburacado que o templo e o tempo - e nós sem paciência nenhuma. Tentámos fugir do velhote, acelerar e atrasar o passo, ir para a esquerda quando ele apontava para a direita, conversar um com o outro quando ele falava. Ignorámo-lo. Dissemos-lhe que não tínhamos dinheiro para lhe dar. Mandámo-lo embora. Vai dar uma volta. Não queremos. Não te vamos dar nada. E ele: a sorrir, a apontar, sempre a pisar a nossa sombra:

"Doctor Mummy."

Baza.

Aí vem ele...
 
Alguns baixos-relevos faziam-me lembrar Angkor Wat 

Provavelmente chamava-se Ahmed.

Éramos os únicos turistas no templo. No final vimos mais duas pessoas. Inacreditável - isto está mesmo "às moscas".

"Doctor Mummy," apontava o senhor para algum hieroglifo.

O Dr. Múmia era Anubis, o Deus egípcio com cara de chacal, que é o responsável pelo processo de mumificação.

"Doctor Mummy! Look!"

E nós olhámos. Depois continuámos a tentar fugir... mas o inglês dele era hilariante, com as suas tentativas de descrever os hieroglifos e as histórias - estávamos conquistados.

"Ouviste o que eu ouvi? Ele disse que o Ramsés lutava com as Açorianas?"

"E com as Lesbianas também."

Demorou um bocado até entendermos quem eram os inimigos de Ramsés III, e cujas batalhas o templo tão bem retrata, incluindo os troféus que os guerreiros traziam do campo de batalha: montanhas enormes de mãos, línguas... e pénis.

Pilhas de mãos e línguas, habituais troféus de guerra no tempo do senhor Ramsés III.

Quanto aos inimigos, que fique então esclarecido: eram Sírios. E eram Líbios. Mas até ao final do passeio, entre nós o Ramsés III lutava permanentemente com as Açorianas e as Lesbianas.








O tout conseguira o que queria. Anulando-se ao ponto de o aceitarmos - a verdade é que o senhor irritava tanto quanto nos entretia. Decidimos que não valia a pena nos chatearmos mais. Ele não ia largar. Mais valia aceitarmos esse facto, dar-lhe uma gorjeta qualquer e "gozar o prato". Não que tivéssemos grande alternativa, na verdade. Mas decidimos baixar a guarda e ao menos aproveitar o momento.

O templo era espectacular. A dimensão, os murais de baixos relevos, os hieroglifos. Por várias vezes vi-me transportado para Angkor, sendo essa a minha referência mais forte. Mas semelhanças e diferenças à parte, Medinat Habu foi uma estreia impressionante nos templos de Luxor.






"Doctor Mummy!"

Fomos atrás dele e olhamos para onde ele nos dizia para olhar. Fazíamos eco de algumas das suas palavras, como que a dizer "eu entendo". Alguns lugares tinham cordas a impedir a passagem mas o senhor insistia para atravessarmos. E fazia uma cara de malandro como que a dizer "isto é só entre nós, não contem a ninguém, eu sou o vosso melhor amigo e estou a fazer um grande favor só para vocês". Depois dava-nos autorização para tirar fotografias onde era proibido, mesmo se dizíamos que não - ele insistia que tirássemos esta e aquela foto. Só faltou arrancar um pedaço do templo para nos dar. Tudo para ganhar méritos - tudo pela gorjeta.

Mas, como disse:: decidimos jogar o jogo. E gratificar no fim, claro está. Pelo menos não nos chateávamos mais - e mais ninguém nos chateava.

Pensávamos nós.

A meio da visita apareceu, vindo sabe-se lá de onde, um segundo tout. Ao início, só a ver. A acompanhar. Depois abriu-nos uma porta e começou a fazer sinais com os dedos da mão. Dinheiro. Eu ajudei-te. Eu fiz-te um favor. Incrível. Nós a ficar irritados outra vez, a dizer ao tout original que só dávamos gorjeta a um, ele a rir e o outro também, como se não fosse um problema, como se estivessem ali por desporto. Dissemos-lhe que só havia gorjeta para um, e se o outro nos chateasse não havia para ninguém. Vincámos bem as nossas intenções. Ele pareceu retrair-se um pouco... mas veio à mesma.

Entretanto subimos não-sei-onde para ver o "panorama", sempre a insistirmos para o segundo tout ir embora... e qual não é a minha surpresa quando vejo um terceiro a correr na nossa direcção, como se estivesse prestes a perder o autocarro, e este já nem se deu a tabalhos nem nada, chegou ao pé de nós e estendeu a mão, também quero um qualquer coisinha.

Começámos a barafustar e a dizer que nos íamos embora, o tout número três a apontar para aqui-e-ali, vamos ver mais um panorama, não vamos nada, vamos mas é embora daqui, se não há regras então não há regras, acabou-se a papa doce.

Gorjeta para o primeiro.

"E eu?", pergunta o segundo com ar ofendido, como se o tivéssemos aldrabado. Como se fossemos os melhores amigos há longos anos e o tivéssemos atraiçoado.

Acabámos por lhes dar uns cigarros. Já irritados.

"E eu?", pergunta o terceiro.

"Epá, tu vai dar uma volta!", e decidimos ignorá-lo por completo. Não havia maneira de lidar com eles. Não havia fórmula. Enquanto nos vínhamos embora todos eles nos vieram pedir mais. Ignorámo-los.

E quando saímos para a rua, precisávamos urgentemente de um chá e água. Olha ali um café, parece simpático. Entrámos, estava vazio - como quase tudo aqui à volta, que impressão, somos praticamente os únicos turistas - e o senhor atendeu-nos sem qualquer pressão, muito descontraidamente.

Chamava-se Asab - e mais tarde havia de nos convidar para o casamento da irmã da sua esposa, na aldeia. Mas sobre este acontecimento já conversámos aqui no blog.

Fico-me por aqui. Mas não sem antes acrescentar que tentámos, nas visitas aos outros templos, várias estratégias para lidar com os touts. Nenhuma resultou. Mas já falamos sobre isso, que este post já vai longo.

3 COISAS EM QUE REPAREI NO EGIPTO

Em doze dias observei muito mais que isto - mas houve três curiosidades recorrentes que não podia deixar de partilhar aqui:

1. Uma grande parte dos homens e rapazes egípcios chama-se Ahmed.

2. Muitos homens têm uma nódoa negra no meio na testa: perguntei o que era e fiquei a saber que "é de rezar com muita força", empurrando o chão para baixo com a testa.

3. Quase todos os carros têm um Corão no porta-luvas ou no porta-bagagens; e uma caixa com lenços de papel. Devotos e asseados, os egípcios. :)


25/09/2014

VERMELHO, VERMELHAÇO...

...vermelhusco, vermelhante, vermelhão, já cantava a Fafá de Belém. Falava do seu coração, do fogo-de-artifício, do comunista e já não me lembro mais o quê.

Mas o Mar - a Fafá não mencionava o Mar.

O Mar Vermelho. Que, segundo constatei nestes últimos dias, é Azul.

Lembro-me de ter lido algures, há muito-muito-tempo, acerca de um fenómeno especial em que uma alga chamada Trichodesmium Erythraeum (santinha!) passava de azul a um vermelho-acastanhado. Daí o nome. Mas confesso que não vi nada disso quando lá estive. Respondem-me que só acontece de vez em quando, é cíclico, vieste na altura errada.

Não sei.

Muito sinceramente prefiro a teoria que diz que o nome deste "filho" do Oceano Índico está relacionado com o facto de que algumas línguas asiáticas usavam as cores para dar nome aos pontos cardeais. O vermelho estava associado ao Sul, o negro ao Norte... e isso explica logo dois Mares com nomes de cores. Existem, inclusive, referências antigas que sustentam esta explicação.

Situado entre o continente africano e a Ásia, o Mar Vermelho tem uma área de quase quatrocentos e quarenta quilómetros quadrados, com um comprimento de dois mil, duzentos e cinquenta quilómetros e uma largura máxima de trezentos e cinquenta e cinco.

Uff! Tantos números - quando este post é sobre cores.

Adiante: além das algas e dos pontos cardeais, há ainda outra teoria, que diz que os egípcios chamavam assim ao mar porque fazia fronteira com o deserto, ao qual chamavam também de Vermelho.

E conspirações com extraterrestres, americanos e outros dramas? Não há nada? Vou ter de procurar melhor... :)

DAHAB E O PRINCÍPIO DO FIM

A volta pelo Egipto está a chegar ao fim. Passou a correr, o pouco tempo que tinha aqui. Mas ao mesmo tempo foi tão enriquecedor, uma aventura tão cheia. Que feliz estreia. Vou-me embora com vontade de voltar. Com vontade de ficar mais tempo. De aprofundar. E quando assim é - é bom sinal.

Os últimos dias em Dahab, por exemplo. Que paz. Bem que dizia o Lonely Planet, e bem que nos avisou a dona do hotel em que ficámos, a senhora do centro de mergulho, os rapazes que nos serviam à mesa nas esplanadas junto ao mar: vocês vão querer ficar mais tempo. Ao início achávamos que não, três dias basta só para recarregar energias, esta é só mais uma terrinha junto ao mar, igual a tantas outras - e se calhar até é, mas tem qualquer coisa, é como que um abraço, é o lento passar dos dias e das coisas, eu sei que é assim em tantos outros lugares, eu já estive aqui, é como se estivesse. Há muita gente que fica mais tempo que o previsto, em Dahab. Muitos outros voltam vezes sem conta - percebo porquê. Eu próprio gostava muito de voltar, espero consegui-lo, três dias em Dahab não é nada. Mas é o que há.

Quase não tirei fotos durante estes três dias. Bom sinal, acho eu. As poucas que tenho são tiradas com o iphone, pois a máquina nem saiu de casa. Nem a máquina, nem quase nada. Eu e uns calções de banho, t-shirt e toalha. O telefone, algum dinheiro e pouco mais. Assim foi durante estes últimos dias no Egipto.

Este é o click possível:

Hoje vamos para o Cairo, onde passamos a tarde e a noite; amanhã de madrugada seguimos para Istambul, onde ficamos um dia; e no sábado chegamos a Lisboa. Fico três dias, depois arranco para a minha habitual temporada no Sudeste Asiático.

24/09/2014

23/09/2014

NO TEMPLO DE KARNAK

Dedicado à trindade de deuses Amun, Mut e Khonsu, o Templo de Karnak tem cerca de quatro mil anos e foi um dos mais importantes centros de peregrinação do Egipto durante dois mil anos. O seu nome original era Ipet-isu, que significa “o mais selecto dos lugares”.

É o segundo maior complexo religioso do mundo, depois de Angkor Wat.

Para mim este foi, entre os muitos templos e túmulos que visitámos em Luxor, o mais espectacular. E a parte mais impressionante foi a "Grande Sala Hipóstila”, com 134 colunas de 24m de altura, numa área de 5 mil metros quadrados, onde se diz que cabem a Basílica de S. Pedro, em Roma, a Catedral de S. Paulo, em Londres - e há quem acrescente a Notre Dame de Paris. Acho que com jeitinho ainda cabia lá uma Capelinhadas Aparições, em Fátima.

Já o Bom Jesus, em Braga, não sei não.

Ficam algumas fotos, que muito sinceramente não fazem justiça ao lugar. Mas é o que se consegue. ;)