31/03/2013

TRADIÇÕES DE PÁSCOA NO MUNDO

Em casa dos meus avós, ainda é tradição procurar-se os ovos de chocolate no jardim. Mudam as gerações, mas os rituais mantêm-se.

As tradições variam de família para família, de cidade para cidade, e especialmente de país para país. Da mesma forma que, em Portugal, em alguns lugares é costume caiar-se as casas, há pelo mundo fora manifestações muito curiosas para celebrar a Páscoa.

Fui dar uma volta pelas tradições de Páscoa no mundo e encontrei algumas "pérolas". Eis alguns exemplos:

Aqui "mesmo ao lado", na Andaluzia, os rituais da Semana Santa incluem procissões de encapuçados com tochas, num estilo que faz lembrar o infame KKK, pelas ruas de Sevilha, Málaga, Granada ou Tenerife.

Na cidade de Fermignano, em Itália, as crianças e jovens colocam sapos em carrinhos de mão e fazem "corridas de sapos".

No México, os turistas das estâncias de Cancun são presenteados com dramatizações da Paixão de Cristo nas praias.

Na República Checa, uma antiga lenda diz que as mulheres devem ser chicoteadas nesta altura, para manter a saúde e beleza durante o resto do ano. Assim sendo, os rapazes fazem uns chicotes especiais de vime chamados pomlázka, e atam-lhes laços coloridos nas pontas - e depois "encostam-nos" às pernas das raparigas, desejando-lhes sorte. Em troca recebem ovos de chocolate.

Na Suécia, as crianças vestem-se de bruxas e fazem uma espécie de "pão-por-deus" pela vizinhança, pedindo doces de casa em casa.

Na Bulgária, realizam-se duelos de ovos. Cada pessoa decora o seu ovo (cozido) e, dois a dois, batem os ovos uns nos outros. Ganha quem danificar mais o ovo do adversário - mantendo o seu intacto.

Na Polónia, decora-se a mesa do Domingo de Páscoa com um cordeiro "esculpido" em manteiga.

Na Nova Zelândia, os caçadores saem para caçar coelhos. Estima-se que tenham sido mais de 20 mil, na Páscoa de 2011.

Na Nicarágua, come-se sopa de garrobo, uma variedade de iguana preta.

Nos Estados Unidos, o presidente abre o relvado da Casa Branca a alguns convidados, para o "Easter Egg Roll", em que os participantes rolam ovos cozidos com uma espécie de colher gigante.

Em Texistepeque, no El Salvador, as pessoas mascaram-se e imitam lutas entre Jesus e o Diabo, num ritual chamado de Talciguines.

Em Ortega, uma localidade a 250km da capital da Costa Rica, os homens tentam capturar crocodilos no rio Palma, batendo na água com varas; e depois amarram-lhes cordas à volta do focinho, quando finalmente os encontram.

E finalmente, nas Filipinas, uma das tradições mais famosas pelo mundo fora, que todos os anos aparece a fechar os telejornais com imagens "pouco aconselháveis a pessoas mais sensíveis": durante a Semana Santa, milhares de fiéis flagelam-se pelas ruas da cidade de Angeles, carregam cruzes de quase dois metros, são arrastados pelo chão com cordas... "imitando" os sofrimentos infligidos a Jesus. São inclusivamente feitas cruxificações, com pregos verdadeiros, em que as pessoas são mesmo pregadas à cruz.

29/03/2013

MUDAR O CLICK

Estou tão habituado a falar inglês nos países em que viajo, que frequentemente me esqueço que é suposto falar português, aqui no Brasil. Com um sotaque diferente, algumas expressões próprias - mas a mesma língua.

Ou seja: dou por mim a dizer "sorry", a responder "yes, please" quando me perguntam alguma coisa... e quando o Bunty me pede para traduzir, ainda é pior. Falo português com ele, inglês com os brasileiros, e penso com sotaque de Tony Ramos.

Antes que isto complique mais (nos países em que se fala castelhano), tenho que mudar urgentemente o "click". ;)

SABIA QUE... #05

...as cores da bandeira do Brasil representam as famílias reais das quais é descendente D. Pedro I.

Em 1823, um agente diplomático brasileiro na corte de Viena "explicou" a nova bandeira ao presidente do congresso, o príncipe de Metternich-Winneburg-Beilstein (uff!...). A cor verde, aparentemente, seria uma referência à Casa de Bragança; e a amarela simbolizaria a Casa de Habsburgo.


Com o passar do tempo, esta leitura foi sendo adaptada pelo povo brasileiro, e é hoje universalmente aceite que o verde representa as matas, o amarelo as riquezas (minérios), o azul é a cor do céu - e o branco, a paz que deve reinar no Brasil.

A bandeira da Federação Brasileira foi instituída a 19 de Novembro de 1889, ou seja: quatro dias depois da Proclamação da República. É o resultado de uma adaptação feita na tradicional Bandeira do império Brasileiro: em vez do escudo imperial português dentro do losango amarelo, foi adicionado o círculo azul com as estrelas brancas.

As estrelas representam o céu do Rio de Janeiro na manhã do dia 15 de Novembro de 1889 - e representam os 26 estados e o Distrito Federal.


ALTO ASTRAL


Preciso de recarregar o telefone. Comprei um cartão brasileiro em São Paulo, logo nos primeiros dias - mas fiquei sem saldo pouco depois de chegar ao Rio. Esta coisa de se pagar roaming entre estados é muito pouco amiga do bolso. Preciso de recarregar o telefone.

A caminho do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, parei num quiosque para finalmente recarregar o telefone. À minha frente: alguns adolescentes a comprar rebuçados e gelados, enquanto o velhote dentro da loja dava os bons dias a toda a gente, sorria a todos como se fossem velhos amigos, desejava um dia feliz quando se despedia.

"Quero Sensações," disse uma rapariga, apontando para uma embalagem de um snack com esse mesmo nome.

"Que coisa maravilhosa... você querer sensações. Já viu bem que coisa linda de pedir," respondeu o senhor, sorrindo, enquanto lhe entregava o produto. As pessoas à minha volta sorriam, como eu.

Quando chegou a minha vez, pedi com sotaque de Lima Duarte para recarregar o telefone. O senhor perguntou-me o número, eu disse-o devagar enquanto ele tirava nota. Ele repetiu-o, para confirmar se estava bem. Disse-lhe que sim. Repetiu segunda vez - e apercebi-me que se tinha enganado:

"Tem um 5 a mais, senhor... é 522 e não 5522."

"Eu sei," responde-me sempre a sorrir. "Era só para ver se você estava atento. Você é de onde, meu amigo?"

"Sou de Portugal."

"Isso eu sei, mas de onde?"

"Lisboa."

E de repente o sotaque muda, atravessando o Atlântico:

"Alfacinha, hem?"

Explicou-me que era de Viseu e tinha vindo aos sete anos com os pais para o Brasil. Há quase meio século. Disse-me que já tinha ido visitar os primos "à terrinha", há uns anos. Quis saber onde eu estava hospedado, "se for preciso alguma coisa é só dizer", entretanto ofereceu-me um café, e ao meu amigo Bunty, e depois a todas as pessoas que estavam à espera para ser atendidas. Sempre com um sorriso rasgado.

"Eu só quero comprar cigarros," disse uma senhora atrás de mim.

"Se é cigarro pode esperar um pouco, minha senhora, que isso faz-lhe mal."

28/03/2013

PORTUGUÊS DE PORTUGAL


Já desisti de falar "Português de Portugal", quando abordo alguém para pedir direcções ou para comprar alguma coisa. A maior parte das pessoas simplesmente não entende o que digo. Alguns respondem em castelhano.

"Oi?"

Desisto.

Agora, quando me dirijo a alguém, faço-o com sotaque de António Fagundes.

O QUE EU FUI DESCOBRIR

Vai de retro, Satanás!

Que tentação. O que eu fui descobrir, no Rio de Janeiro...

27/03/2013

ZERO VISIBILIDADE


Como já tinha contado no outro dia, na segunda visita ao Corcovado fui avisado na bilheteira que havia "Zero Visibilidade" no topo. Mesmo assim resolvemos subir - e valeu a pena arriscarmos. Não só se podia ver toda a cidade lá de cima, como não havia quase turistas nenhuns. Chovia, pelo que não me demorei muito nas fotos da praxe - mas deu para brincar um bocadinho às panorâmicas ;)


I LOVE STREET ART... NO FACEBOOK


E porque hoje celebra-se a cor, nada como começar um novo álbum no facebook. Chama-se "I love street art" e é promete ser uma colecção de arte urbana pelo mundo fora, com imagens que vou recolher e acrescentar a tantas outras que já tenho coleccionado.

Começo com alguns grafittis no Rio de Janeiro, e nos próximos tempos vou manter-me fiel à América do Sul... mas assim que se justificar, acrescentarei também imagens de intervenções feitas noutros países.

Uma coisa posso prometer: este álbum vai ser o mais colorido do FUI DAR UMA VOLTA :)

HAPPY HOLI!

Não resisto a interromper, por momentos, os relatos e fotos acerca da aventura na América do Sul. É que comemora-se hoje, na Índia, o Holi.

O Festival das Cores, dedicado a Krishna, é uma das experiências mais espectaculares que já vivi - felizmente, por três vezes. Ficam algumas fotos do meu último Holi, há dois anos, em Mathura.







20/03/2013

UMA ESPÉCIE DE KAMASUTRA


Melhor que os turistas (e o Bunty) a abrir os braços em pose para a foto, só mesmo a quantidade de pessoas que se deita no chão, para obter "ângulos especiais".

É uma espécie de Kamasutra, versão turista. ;)



VAI UMA CANECA COM O REDENTOR?


Com tantas voltas e revitavoltas neste arranque de viagem, acabei por visitar duas vezes o Cristo Redentor, durante estes dias no Rio de Janeiro. A primeira foi no fim-de-semana, mais uma vez armado em domingueiro, ainda com o gang de São Paulo. Estava um sol impossível, céu azul, milhares de turistas. À segunda vez, já com o recém-chegado Bunty, apanhámos chuva e nevoeiro - mas tínhamos o Corcovado quase todo só para nós.

"Visibility Zero," disse-nos a menina da bilheteira. Mas como o Bunty só tinha aquele dia no Rio e queria mesmo-mesmo ir lá, decidimos arriscar. E ainda bem. A visibility estava praticamente a 100%, e a zero só mesmo os turistas. Nada mau.

De qualquer forma, e sem entrar por agora em considerações e adjectivos acerca da vista, em ambas as visitas não resisti a reparar noutros pormenores extra-vista e extra-cristo. No dia em que o Corcovado estava cheio, as estrelas foram os próprios turistas, ora de braços abertos para a fotografia da praxe, ora deitados no chão para apanhar ângulos "impossíveis". No dia em que não havia ninguém, tive de me abrigar por alguns minutos, quando a chuva ficou mais intensa, e deliciei-me com o kitsch dos souvenirs, muito ao estilo (universal) do Taj Mahal, Angkor e afins.

Assim sendo, decidi fazer um pequeno apanhado da miscelânea de lembranças disponíveis com o Cristo.







19/03/2013

E DEPOIS DO LEBLON...


Saímos da praia à hora de almoço e seguimos pelo calçadão até Ipanema. Ainda com areia entre os dedos dos pés e sal colado à pele, fomos almoçar.

Tínhamos reservado para domingo uma daquelas "coisas obrigatórias" no Brasil, tão sagrada quanto a praia ou o Corcovado. Um rodízio. Sabíamos que ia sair caro, e que íamos ficar de barriga tão cheia quanto vazios os bolsos. Mas tinha que ser.

Entrámos no Porcão e foi o que já se está mesmo a ver. Escusado será dizer que já nem jantámos, nesse domingo carioca de carne a estorricar ao sol e carne a estorricar no espeto.


DOMINGUEIRO NO RIO DE JANEIRO

Aproveitando que está na berra a eleição do novo Papa, deixem-me usar um velho cliché para a introdução deste post: ir ao Rio de Janeiro e não fazer pelo menos um dia de praia é como ir a Roma... exactamente.


Assim sendo: além de uns passeios pelo calçadão em Ipanema e Copacabana, armei-me em domingueiro e dediquei uma manhã ao sol e ao mar da praia do Leblon.

A manhã começou no BB Lanches, onde bebemos uns sucos maravilhosos acompanhados de coxinhas de frango; e depois fomos directos para a praia. Como era domingo, a avenida "marginal" estava fechada ao trânsito. Resultado: milhares de pessoas a passear, a fazer jogging, a andar de bicicleta, patins e skate.

Já na areia, fizemos como toda a gente e alugámos um chapéu de sol e cadeiras. Instalámo-nos no meio da multidão e deixámos a manhã passar, quase sempre sentados à sombra porque o sol estava demasiado forte, interrompendo o dolce fare niente apenas para um mergulho ou para pedir um mate gelado.


À nossa volta, além de uma floresta de chapéus coloridos e corpos bronzeados, vendedores ambulantes serpenteavam descalços pela areia, vendendo os seus produtos. Gelados de Itália, salgados árabes do Kalifa, bikinis, refrigerantes, biscoitos Globo, kangas, cerveja, sanduíches, pulseiras. Uma verdadeira feira. Corpos suados/oleados na malhação, famílias inteiras em amena cavaqueira, namorados em época do cio, turistas com escaldões a tirar fotografias. No céu passavam insistentemente aviões com publicidade, helicópteros da protecção civil, só faltou largarem brindes. Como acontecia na minha praia, quando eu era miúdo.

Mas esta não é, definitivamente, a minha praia.

Muito sinceramente: prefiro uma praia onde tenha espaço à volta, onde não tenha de ouvir as conversas dos outros, onde não leve com os salpicos do creme da vizinha, onde não tenha um casal em tórridos e telenovelosos beijos a menos de dois metros, onde não seja preciso pedir licença para passar, quando vou ao banho.

Gostei da experiência - mas só por isso. Pela experiência. Pelas cores, pela novidade, porque vir ao Rio sem ir à praia é o que já se disse.





DOMINGO NO RIO

No domingo armei-me em domingueiro e fui à praia.

Hoje à tarde partilho o texto e as fotos... fica aqui um "teaser" ;)


18/03/2013

I ♥ STREET ART #03

Voltando ao passeio por Santa Teresa, no Rio: eis algumas das cores que fazem deste bairro um lugar especial.