29/12/2014

15 VOLTAS PARA 2015 (11-15)

E para terminar:

11. XI'AN

Mais conhecida pelo Exército de Guerreiros de Terracota, a capital da província chinesa de Shaanxi é uma das cidades mais antigas (e mais interessantes) do país; foi, durante séculos, um dos principais pontos de partida - ou de chegada, conforme o sentido - da mítica Rota da Seda.

Quando visitei Xi'An em 2013, fiquei positivamente surpreendido com a cidade: do passeio de bicicleta que dei ao longo da muralha que circunda o centro histórico, aos petiscos e compras no Bairro Muçulmano, passando por inúmeros templos e pagodas, mesquitas e museus, antigos mausoléus e parques nacionais,... há tanto para descobrir aqui. Muito, muito além dos Guerreiros que servem de pretexto à visita.

E porquê incluir esta cidade na lista deste ano? Pois bem: em Junho de 2014 a UNESCO concedeu o título de Património da Humanidade ao corredor Chang'an-Tian-shan, uma secção da Rota da Seda com mais de dois mil anos - e que começa exactamente em Xi'An, passa as montanhas de Tian-shan, os vales do sudeste do Cazaquistão e do norte do Quirguistão, até Hosi.

Ou seja: e porque não voar até Xi'An, comprar um camelo e partir em direcção ao pôr-do-sol em plena Rota da Seda?

Tenho de dar um toque à Carla Mota, que conhece bem a zona. É que já esteve mais longe, esta viagem. Se é que me faço entender ;)


12. ISTAMBUL

Este é daqueles destinos que devia estar em todas as listas, todos os anos.

A sério. Istambul é das melhores cidades do mundo para se viajar, seja lá quando for, por quanto tempo for, com quem for. E se este argumento não for suficiente, que mais posso dizer?

Hmmm... que a Turkish Airlines agora voa directamente do Porto, por exemplo.

Gentes do Norte... estão à espera de quê?!




13. MYANMAR

"Antes que cheguem os turistas", dizem os panfletos das agências de viagens quando querem convencer os seus clientes a visitar o Myanmar. Mas a verdade é que, de certa forma, os turistas já chegaram.

O que não tem de ser um drama.

Com o aumento do número de turistas, que explodiu nos últimos tres anos, começa a notar-se que, em alguns lugares, as reacções típicas a la "my frieeend". É triste ver crianças a vender souvenirs, miúdos de mão estendida, mães de bebé ao colo a choramingar por umas migalhas. E estes são só alguns dos vícios que surgem como consequência do contacto com os turistas. E, no entanto, a verdade é que também há um lado positivo: a infra-estrutura está agora mais organizada. Existem mais transportes (seja no número de rotas e veículos, mas também na frequência e na fiabilidade), mais opções para alojamento e restauração. Pelo menos nos centros turísticos.

De qualquer forma: o importante é que as pessoas continuam a manter o mesmo sorriso, a hospitalidade e a sinceridade quase inocente com que vivem no dia-a-dia. A interacção humana continua a ser aquilo que mais marca na Birmânia. E isso não mudou - ainda.



Diz quem sabe que é quase garantido que 2016 seja o ano "Visit Myanmar", à imagem das Filipinas em 2015 e da Malásia no ano que agora acaba. Se isso se confirmar, esse pode vir a ser o ano que marca a grande diferença na abordagem do país ao turismo... e dos próprios turistas relativamente ao país.

Este ano vou dar uma volta ao Myanmar... três ou quatro vezes, em princípio. Uma ou duas com grupos da Nomad, uma ou duas por minha conta. Quero explorar melhor, aprofundar aquilo que já conheço e descobrir lugares novos, surpreender-me com o inesperado. Alguém quer vir?

14. COLÔMBIA

Hoje de manhã estava no aeroporto de Lisboa, prestes a embarcar para Istambul, quando se fez ouvir um aviso de última chamada para o voo da TAP para Bogotá. Já nem me lembrava desta nova rota da transportadora portuguesa.

Ou seja: não há desculpa para continuar a adiar um regresso que desejo desde que visitei o país, há pouco mais de ano e meio.

O que mais me impressionou quando fui à Colômbia, apesar de ir "avisado", foi o calor humano. É um país que abraça. Que nos faz sentir em casa. Que nos convida para um pezinho de dança. Que tem sempre um sorriso, uma palavra simpática, um piropo.

A Colômbia, arrisco-me a dizer, estará para a América Latina como o Irão para o Médio Oriente; e a Birmânia ou o Laos para a Ásia. Será um absurdo, aquilo que estou a dizer? É que eu próprio não sei explicar isto.

É ir lá em 2015, meus amigos.

15. ÍNDIA

O sistema de vistos está a ser "aligeirado" na Índia: apesar de os portugueses ainda não beneficiarem destas novidades, há neste momento várias nacionalidades que podem tratar das formalidades à chegada ao país. E é só uma questão de tempo até se alargar o sistema a mais países - incluindo o nosso.

Mas para ser muito sincero: não são precisos motivos para voltar à Índia.

À Índia vai-se porque sim.

Mais forte que lógicas e argumentos, mais que o tempo, este ano ou outro, não interessa. À Índia vai-se quando se pode, quando se sente, quando é mais forte que nós e tem mesmo de ser. E assim espero, este ano, como no último e no outro antes e nos outros antes... só de escrever estas linhas já me dá uma comichão na sola dos pés, uma vontade de trocar o voo de hoje à noite.



Jantarzinho em Kuala Lumpur, na véspera da véspera do Ano Novo? Fogo-de-artifício em Singapura? Uma semana de papo para o ar em Bali? Ponham-se a pau, férias, que eu ainda troco as voltas e meto-me "à sucapa" num voo para Bombaim. ;)

28/12/2014

15 VOLTAS PARA 2015 (6-10)

Continuando com a lista de quinze voltas sugeridas para 2015:

6. SRI LANKA

Já dei umas voltas por este país em forma de lágrima em 2012... mas agora que a Nomad lançou uma nova viagem com o Eduardo Madeira, reanimou-se-me a vontade de lá voltar. Lembro-me com saudade de lugares como Sigiriya e Anuradhapura; e gostava muito de voltar com tempo e explorar o sul da ilha, que não visitei na minha primeira volta.





Ainda não tenho planos concretos... mas já esteve mais longe, o meu regresso ao Sri Lanka.

7. MONS

Confesso que nunca tinha ouvido falar deste antigo centro mineiro e industrial belga, nas várias voltas que já dei pelo país. Mas desde que comecei a confrontar a minha lista de 2015 com outras já publicadas, surpreendi-me com este nome vezes sem conta. Ou seja: fui investigar - e agora também quero lá ir.

Com menos de cem mil habitantes, a pequena cidade belga espera receber este ano mais de dois milhões de visitantes. Mons é, a par da checa Pilsen, uma das Capitais Europeias da Cultura, no ano que arranca daqui a nada. E a agenda vai estar cheia, como é de esperar.

8. MOSCOVO E ARREDORES

Eu sei que Sampetersburgo é isto-e-aquilo. Mas.

Eu sei que em termos de paisagem humana, a Rússia não é propriamente o país que salta à vista como sendo o mais acolhedor. Mas.

E até compreendo que possa haver alguma resistência com as políticas recentes do senhor-que-manda. Mas.

Mas: Moscovo é uma cidade "obrigatória" que vai surpreender até os mais cépticos. Além da icónica Igreja de São Basílio, na Praça Vermelha, a capital russa tem uma intensa oferta cultural, bons restaurantes e um metropolitano maravilhoso e confuso. Tem o Parque Gorky cantado pelos Scorpions, tem a Igreja do Cristo Redentor onde cantaram as Pussy Riot, tem o Teatro Bolshoi onde ainda hoje cantam e dançam os melhores dos melhores da música clássica e do bailado.


E como se a cidade em si não fosse suficiente, há ainda Suzdal.

Fica a três ou quatro horas de Moscovo e quem me acompanha há mais tempo sabe do que falo. Uma vila encantadora e bucólica que está para a capital como Sintra para Lisboa. Que lugar maravilhoso. Ora espreitem algumas das minhas fotos aqui e aqui.

Contudo, há ainda uma razão extra (e muito importante) para eu incluir todos estes lugares russos na minha lista de 2015: o rublo está extraordinariamente baixo. A moeda russa não aguentou algumas das sanções internacionais impostas ao país e desvalorizou imenso nos últimos meses. Ou seja: os custos de vida que até há muito pouco tempo eram altíssimos, agora passaram a estar mais ao alcance do comum turista.

Duvido que volte a Moscovo este ano, mas apenas porque tenho visitado a cidade todos os anos, desde 2011, por causa da viagem no Transiberiano que organizava com a Nomad. Como este ano passei o testemunho ao Mateus Brandão, prefiro concentrar-me noutras geografias.

9. IRÃO

Estou há anos a adiar a minha visita ao Irão. Por esta e aquela razão, ou porque não tenho tempo, ou porque não tenho dinheiro, ou porque outras voltas acabam por chamar mais alto. Mas deste ano não passa.

Em 2015, vou pedir umas dicas ao Filipe Morato Gomes e lá vou, finalmente!, dar uma volta ao Irão.

10. ISLÂNDIA

Dizem os entendidos que este ano vai ser dos melhores para assistir à Aurora Boreal. Eu cá nunca vi. Eu cá nunca fui à Islândia. Mas que gostava de ir: gostava.

Aquelas paisagens. E a música que se faz por aqui.

Será este ano?

Não sei. A ver vamos. Por um lado tenho poucas esperanças de lá ir tão cedo, por muito que apeteça, porque não estou a visualizar quando... nem como. Mas nunca se sabe, a esperança é a uúltima a morrer, de repente alguém me convida ;)

15 VOLTAS PARA 2015 (1-5)

Sei que não sou a primeiro - e concerteza não serei o último - a sugerir uma lista de lugares a visitar no ano que está prestes a começar. Todas publicações de viagens, blogs e outras páginas têm a sua. E posso até dizer que, daquilo que vi até agora, há muitos lugares que são comuns a quase todas as listas. É normal. E a minha não foge à regra.

Mas como sabem eu gosto de listas e números, e não podia deixar passar esta oportunidade. Assim sendo, hoje partilho a lista de quinze lugares que na minha humilde mas bem-rodada opinião merecem, por alguma razão especial, uma visita em 2015:

1. SINGAPURA

A cidade-leão comemora este ano o seu Jubileu de Ouro.

Confesso que até há pouco tempo achava Singapura um lugar relativamente desinteressante e com pouco carisma. Na primeira vez que visitei a cidade, em 2009, não fiquei especialmente surpreendido. E vim-me embora sem grande vontade de regressar. No entanto, Singapura tem-se reinventado com alguma criatividade, nos últimos anos. Da arquitectura à arte urbana, da cada vez mais rica oferta cultural aos novos restaurantes que abrem todas as semanas, a cidade abraçou a novidade e considero que este ano merece uma visita.

A comemoração dos cinquenta anos da Independência, este ano, promete muita animação. A começar já no fogo-de-artifício da Passagem de Ano, esta semana - e ao qual vou ter o prazer de assistir.

Pois é: apesar da tal primeira visita pouco inspiradora, voltei a Singapura há pouco mais de um ano e gostei. E daqui a poucos dias, concretizo a terceira visita ao território. Ou seja: muito em breve haverá fotos frescas aqui neste cantinho virtual do universo.

2. FILIPINAS

É mais divertido nas Filipinas!

O slogan das campanhas promocionais do país diz tudo: as Filipinas são um país de braços abertos e sorriso rasgado. Apesar de no último ano ter estado presente em telejornais e revistas pelas piores razões, a verdade é que este imenso arquipélago tem inúmeros argumentos para justificar uma viagem - sejam a nível histórico, cultural, de paisagem ou pura e simplesmente humanos.

http://phl2015.itsmorefuninthephilippines.com/
Em 2015, a iniciativa "Visit the Phillipines" celebra o país e a sua diversidade. Vai ser um ano focado no turismo e na sua oferta de experiências e memórias. Coincidência ou não, é também este ano que se comemoram o setenta anos da libertação das Filipinas após a Segunda Guerra Mundial.

É preciso "vender" mais? ;)

Eu ainda não sei se posso lá ir em 2015 - mas que apetece, apetece. Foi há um ano e três meses que visitei Manila e Cebu, duas semanas antes do trágico tufão que fez capas de jornais por todo o mundo. Fiquei muito bem impressionado com a experiência que tive. E quero voltar. Com mais tempo, claro - e explorar "como deve ser" o país, as suas tradições, as pessoas. Muito sinceramente não sei se consigo este ano, ainda tenho de fazer contas à bolsa e ao calendário. Mas sem dúvida que hei-de aqui voltar.

3. AÇORES

Com as novas ligações aéreas lowcost, já não há desculpas.

Os Açores são umas das minhas grandes falhas - ou frustrações - em termos de voltas. E espero este ano conseguir tempo para lá ir. Seja para uma introdução rápida, ou para explorar com tempo. Mas as ilhas chamam-nos e há que aproveitar.

4. CUBA

Antes que cheguem os americanos.

Eu sei que pode parecer um argumento tendencioso, e que obviamente o facto de nunca ter ido a Cuba faz com que a minha opinião seja formada apenas através daquilo que oiço e daquilo que apreendo do que pode ser o país agora e daquilo em que provavelmente se vai transformar... enfim, mas isso não inviabiliza nada.

Há que visitar urgentemente Cuba. Com o primeiro aperto de mãos entre Obama e Castro, iniciou-se um processo de abertura que, se a lógica vencer, vai acabar com o bloqueio económico dos EUA ao país de Fidel. Será óptimo para quem lá vive, assim se espera. Mas em termos de turismo, não sei se não irá comprometer alguma daquela ideia romântica que temos do país. Logo se verá. Mas pelo sim, pelo não... quero ir depressa.

5. MILÃO

Entre Maio e Outubro deste ano, celebra-se em Milão a Expo 2015. Com a participação de 145 países (Portugal não se fez representar, desta vez), o tema central da exposição é "Alimentando o Planeta, Energia para a Vida". É um tema que pretende abraçar o papel da tecnologia, da inovação, cultura, tradições e critividade na comida e da dieta dos povos.

É a segunda vez que Milão recebe uma Exposição Universal, sendo que a primeira foi há praticamente noventa anos! Há quase tanto tempo quanto a minha única visita lá ;) e por muito que a cidade não esteja nos planos que já elaborei para as voltas deste ano... confesso que apetece.

Nem que seja para uma escapadela de fim-de-semana. Há ligações baratas de Lisboa, não há? :)

26/12/2014

DEZ ANOS DEPOIS DO TSUNAMI

Não é novidade para ninguém; completam-se hoje dez anos desde o dia em que um devastador tsunami tirou a vida a mais de 230 mil pessoas na Ásia, ficando na História como uma das mais graves tragédias naturais de sempre.

Lembro-me perfeitamente do dia.

Tinha passado o Natal em Goa com uns amigos indianos, todos eles muçulmanos mas que me fizeram um jantar delicioso de galinha com coentros. E porque a minha prima Joana e uma amiga de longa data, a Assunção, vinham ter comigo para passar o Ano Novo na Índia; meti-me nessa mesma noite num autocarro a caminho de Bombaim.

Passei a noite na estrada. E quando de manhã cheguei ao meu destino, meti-me num riquexó e pedi que me levasse a casa do meu amigo Rajeev, onde eu estava hospedado. Terá sido nesta altura que as primeiras ondas atingiram Chennai e a costa leste do país. E concerteza que piores horrores já se viviam na Indonésia, Tailândia e outros lugares. Só que o mundo ainda não sabia.

Lembro-me de chegar a casa e encontrar um recado:

QUANDO TE DESPACHARES
VEM TER A CASA DA MINHA MÃE,
PODES COMER QUALQUER COISA LÁ.

Tomei um banho e demorei-me a desfazer a mala e a vestir-me outra vez, estava estafado da viagem, não tinha conseguido dormir nada. Tomei algumas notas e deitei-me na minha cama, não me apetecia nada sair dali... mas quando a fome apertou, levantei-me e fui então ter ao outro apartamento da família Kinchii, que ficava a pouco mais de quinhentos metros.

As ruas estavam desertas - o que, por si só, já era estranho em Bombaim. Mas eu estava tão "a leste" que apesar de reparar no facto, nem me perguntei porquê.

E quando cheguei a casa: silêncio.

A mãe do Rajeev chorava.

A televisão estava ligada.

Sentei-me.

Naquele momento ainda nem se sabia muito bem o que estava a acontecer. Começou por falar-se de um terramoto. Depois começaram a chegar as imagens. Os números. Os factos. As histórias. Ao longo daquele dia começou a desenhar-se a tragédia e todos os seus contornos. E no dia seguinte. E depois. Demorou a perceber-se tudo.

Que horror. Que horror.

Que dia tão triste; que partida esta, que a Natureza nos pregou, a lembrar de quem é que na verdade manda aqui. Por muito que nos habituemos a pensar, e por muito que nos convencemos, no agir.

Hoje lembramos os que partiram. E os que ficaram. Uma década - o mundo continua. Mesmo que, no limite, ninguém fique para continuar a História. E isso deveria ser também uma lição. Uma lição de humildade e até de amor ao próximo. Neste ano deu-me a sensação que falou-se, mais do que nunca, de terrores causados pela mão humana. Quem é que se pode dar a este luxo, quando a natureza num só momento de mau humor, relativiza tudo à nossa volta.

Enfim: dá que pensar.

E porque não me quero demorar mais sobre o assunto, deixo-vos então um link para os posts que publiquei nesse longínquo Dezembro de 2004, há dez anos atrás - quase todos antes da tragédia, e um deles já a tentar digerir o que estava a acontecer.

24/12/2014

UM PELUCHE ORIGINAL

Outro insólito: uma árvore de Natal... de peluche!

Muito original, hem?! Só no Vietname!

;)


23/12/2014

AINDA MAIS ORIGINAL

Uma árvore de Natal feita de televisões?

Esta estava montada entre os centros comerciais Siam Discovery e Siam Center, em Bangkok. Muito pouco ortodoxa, mas bem original:




UMA ÁRVORE DE NATAL ORIGINAL

Pinheiros enfeitados e luzinhas de todas as cores, renas e sininhos e estrelas, efeitos especiais de todo o género... é Natal, é Natal!

E, de preferência, com uma ou outra árvore original.



Esta, por exemplo, estava montada na Bukit Bintang, uma das zonas mais centrais e animadas de Kuala Lumpur.

19/12/2014

QUILÓMETRO ZERO

Descobri, nas minhas voltas de hoje por Bangkok, o "quilómetro zero" das estradas na Tailândia. Foi um mero acaso, numa zona por onde já passei vezes sem conta, junto ao Monumento da Democracia. Nem sei como nunca tinha reparado antes, não é propriamente um marco pequeno.

Deste ponto na Alameda Ratchadamnoen partem as quatro principais estradas tailandesas, que entretanto se subdividem em muitas outras. E até podia fazer aqui um copy/paste dos nomes das estradas e dos destinos para onde correm... mas será que vale mesmo a pena? ;)

Fica a foto do marco. Não é aquilo a que se chama normalmente de um must see - chamemos-lhe fun to see, então. E porque não?


UM FIM-DE-SEMANA COMO OUTRO QUALQUER

O fim-de-semana que hoje quero lembrar aconteceu há uns quinze dias. Estava ainda a viajar com o grupo da Nomad, depois de uma semana a descermos o Vietname. Ao contrário do que é habitual com a maioria dos grupos que me acompanham na Indochina, desta vez não tínhamos saído à noite em Saigão. Mea culpa, que estava um bocado em baixo com dores de cabeça e a barriga às voltas.

Tudo fresco e desperto, portanto, quando nos enfiámos no autocarro a caminho do Cambodja.

O trânsito nesse sábado de manhã estava especialmente compacto, vá-se lá perceber porquê, e demorámos ainda mais tempo que o habitual para sair de Saigão. Rodeados de motas carregadas com tudo e mais alguma coisa - o que nem é novo. Ou seja: chegámos atrasados à fronteira, e chegámos atrasados a Phnom Penh. Uma hora e meia, para ser mais exacto.

Os "meus" tuktuks estavam à nossa espera, como é costume. Levaram-nos ao hotel e combinámos uma hora para o dia seguinte - e pouco depois do grupo se instalar nos seus quartos, estávamos todos na recepção outra vez, preparadíssimos para ir dar uma volta.

Até aqui nada de novo, pelo menos para mim. Isto é trabalho - mas é trabalho que se faz com gosto. E quanto. Que bem que me sabe quando chego ao Cambodja. Eu sei lá que energia tem este país - e até mesmo esta cidade, feia e suja... mas há coisas que não se explicam, e para quê gastar latim e massa cinzenta para tentar descrever o que não consigo explicar? Gosto do Cambodja. Gosto de cá voltar.

Fomos dar uma volta.

Fomos pela marginal, no enorme passeio cheio de gente a fazer jogging e ginástica, ou simplesmente sentados à conversa, ou a namorar, ou a pedir esmola. Caminhámos paralelos ao rio até ao Night Market, e desafiei o grupo para nos sentarmos no chão, tal como os locais. As esteiras de palha estavam cheias de famílias e grupos de amigos a comer, alguns turistas - e nós juntámo-nos à festa. Mandei vir noodles com isto-e-aquilo, alguns fritos e até uns springrolls. E jantámos, que risota - este grupo foi-se (e foi-me) conquistando aos poucos, por esta altura já existia uma cumplicidade muito própria, várias energias diferentes, feitios e modos de estar. Mas foi esta diversidade que deu alma ao grupo, foram as diferenças, mais que as semelhanças, que aproximaram uns e outros, que deram cor à viagem, que acrescentaram sabor à aventura.

Ainda houve tempo para comprar kromas - os panos que os locais usam para tudo e mais alguma coisa - e para comer os melhores gelados neste lado do Universo, no Blue Pumpkin; e acabámos a noite a beber um Porto no rooftop do Frangipania, tragicamente rebaptizado de Ibiza Lounge.

E por falar em tragédias (infelizmente incomparáveis a um nome foleiro de um bar): na manhã de domingo fomos de tuktuk conhecer Tuol Seng - o Museu do Genocídio (também conhecido por S21) - e os Campos da Morte, duas testemunhas bem cruas do que foi o regime de terror de Pol Pot e os seus Khmers Vermelhos, nos anos setenta.


Aligeirámos o tom ao almoço, no Laughing Fatman, onde o grupo experimentou pela primeira vez o Amok (o prato nacional do Cambodja) e depois fomos a pé até ao Palácio Real e o Pagoda de Prata, que visitámos. Dei algumas luzes ao grupo acerca do significado das posições do Buda, e a certa altura até fomos convidados para tomar um chá com o Rei - mas tivemos de recusar pois a agenda já estava cheia para esse final de tarde: íamos assistir a um combate de Boxe Tradicional Khmer.

Os combates de domingo em Phnom Penh começam a tornar-se um hábito na viagem da Indochina. Realizado num estúdio de televisão e transmitidos em directo na BayonTV, este evento acaba por funcionar como uma versão mais económica e mais genuína que o Muay Thai (mais económica porque ao contrário de Bangkok, não se paga; e genuína porque apesar de agora já se ver um ou outro turista, a esmagadora maioria do público é local).


Apesar desta semana termos saído mais cedo do centro da cidade, quando chegámos ao estádio/estúdio já estava completamente a abarrotar. Esta semana o combate era especial, com alguns boxeurs da Tailândia, e o estúdio estava decorado a rigor, com um palco cheio de luzes e ecrãs, efeitos especiais e até fogo-de-artifício. Sentámo-nos junto ao palco, numa espécie de bancada VIP criada para o efeito, e antes dos combates propriamente ditos tivemos direito a assistir à actuação de artistas locais de renome. Não me perguntem os seus nomes - mas se querem mesmo visualizar a coisa, imaginem uma versão khmer da Jeniffer Lopez, e outra dos One Direction um bocadinho mais hip hop. Que noite!






O público estava especialmente "arrebitado", as lutas emocionantes - e apesar de um arranque demorado, a verdade é que foi um bonito espectáculo de ver. Quando saímos para a rua, no final, vínhamos com a adrenalina em alta. E quando chegámos ao hotel e nos encontrámos com aqueles que tinham optado por ficar no centro da cidade a fazer massagens, as energias não podiam ser mais diferentes.

No entanto, como já expliquei: este grupo alimentou-se das diferenças para construir a sua personalidade. E até neste momento isso funcionou. Lá fomos jantar, uns todos zen com as massagens, outros bem activos com o evento de boxe - e ao final da refeição repetimos uma proeza já feita ao pequeno-almoço, e que acabei por não partilhar logo aqui. Cantámos os parabéns ao Alberto, um dos nossos companheiros de viagem. Mas enquanto de manhã a surpresa foi do grupo ao aniversariante, agora fora o próprio que me pedira para organizar um bolo para surpreender os outros.

Energia boa.

E assim se passou mais um fim-de-semana. Dois dias, múltiplas emoções e vivências, a acrescentar àquelas que viveramos nos dias antes no Vietname, e às que viríamos a experienciar depois, em Siem Reap, Bangkok, Vang Vieng e Luang Prabang.

O grupo já voltou para Portugal, eu estou a "queimar os últimos cartuchos" em Bangkok.

E daqui a quase-nada: Lisboa.

Conheçam as datas das próximas edições da Indochina em http://www.nomad.pt/indochina-com-jorge-vassallo

18/12/2014

VOLTAS E REVIRAVOLTAS

Eu às voltas pela Indochina e o mundo às reviravoltas com notícias de última hora e capas de jornais. Enquanto o chefe da quadrilha continua a tomar duches frios no Alentejo, as coisas andaram quentes por Cabo Verde. A Natureza em fúria não dá hipótese ao Homem, como se viu nas imagens emocionantes da lava a engolir aldeias e histórias na Ilha do Fogo. Mas o homem em fúria tambem não é coisa de se querer ver: basta lembrar o alucinado que se barricou há dias no café em Sydney. Parece impossível.

Impossível, mas felizmente por outros motivos, é também o Cristiano Ronaldo, que só nestas três semanas já marcou mais-sabe-se-lá-quantos golos, bateu mais-sabe-se-lá-quantos recordes, fez mais-sabe-se-lá-quantas capas de revistas. Só não revalida o título de Melhor Jogador do Mundo se alguém fizer batota.

Sem batota lá vai o Benfica, que apesar de já não cantar mais esta época nos palcos europeus, continua a dar baile no campeonato nacional. E por falar em danças e canções: o Papa fez anos e dançou-se o tango na Praça de São Pedro. Ah: e os cantares alentejanos ganharam estatuto de Património Imaterial da Humanidade. Nome pomposo, este - quase tanto quanto os prémios arrecadados por Sintra e outros nos "Óscares do Turismo". E já que estou lançado com prémios, venha de lá o Nobel da Paz, finalmente entregue a Malala, a mais jovem (e provavelmente a mais inspiradora) de todos os vencedores.

De pazes e guerras se pintou este mês, como o outro antes deste, e o outro antes, e todos os que os antecederam, desde o príncipio dos tempos. Por um lado, americanos e cubanos apertaram as mãos ao fim de meio século. Por outro, continua tudo na mesma na Síria e no Iraque, na Nigéria e no Paquistão. Na Palestina. Que triste. E o Putin a encher o peito, o Erdogan a encher o peito, o até o Salgado a encher o peito. Que mania esta dos peitos inchados, seja na política como no desporto como no dia-a-dia. Desincha! Desincha que só faz bem.

O que faz bem é voltar a casa, e eu já estuo em contagem decrescente para mais um Natal em família. Mas se as saudades são muitas e a vontade de voltar ainda mais, já no que toca a notícias... sinceramente, nem me dou ao trabalho de aprofundar alguns dos temas no que toca ao nosso Rectângulo. Quando nas letras gordas só leio siglas, passo à frente porque já perdi o fio à meada. Retomar certos pormenores é masoquismo. E é as greves, manifs, diz-que-disse, diz-que-faço, aponta o dedo, disfarça, não é nada, não é nada. Que triste. Que triste.

Mudemos de assunto, portanto.

Das cinzentas reviravoltas do mundo, às coloridas voltas pelo meu mundo.

Do laranja dos monges ao verde dos campos de arroz, o meu mundo pintou-se das cores da Indochina, nestas últimas três semanas. Um imenso arco-íris de emoções e experiências que, curiosamente, optei por não mostrar nas próximas fotos. São todas (ou quase todas) a preto e branco.

Três dezenas de momentos vividos em grupo, eu e mais dez, em quase três intensas semanas a viajar pelo Vietname, Cambodja, Tailândia e Laos. Mas venham de lá as fotos, que de conversa já está este post cheio:





























Conheça em pormenor o emocionante programa desta viagem em http://www.nomad.pt/indochina-com-jorge-vassallo