28/02/2015

SABIA QUE... #34

... acredita-se que o primeiro Shinbyu da história aconteceu há mais de dois mil e quinhentos anos, e que o primeiro rapaz a ser ordenado foi Rahula, o filho do próprio Buda.

Contam os velhos que, seguindo a dica da mãe, Rahula aproximou-se um dia de Siddharta e perguntou-lhe acerca da herança.

"Muito bem", respondeu-lhe o Buda, "aqui tens a minha herança."

E imediatamente pediu a um dos seus discípulos que rapasse o cabelo ao filho, e que trocasse a sua roupa de príncipe pelo robe de um velho asceta. Rahula seguiu então o pai para a floresta - e partir de então, tornou-se tradição as famílias "entregarem" os filhos ao mosteiro, nem que seja por uns dias, para assim evitarem re-incarnações menos desejadas.

E POR FALAR EM CORES

Aproveitando a foto que escolhi para click do dia, vou aqui partilhar algo que aprendi enquanto assistia à colorida parada de crianças e respectivas famílias.

Segundo a tradição budista no Myanmar, é praticamente obrigatório que todos os rapazes com mais de oito anos entrem para um mosteiro - nem que seja por uma semana. É considerada uma benção, esta acção, tanto para os rapazes como para as famílias, e não há praticamente homem no país que não tenha passado algum tempo num mosteiro.

A cerimónia de "noviciação" chama-se Shinbyu e divide-se em duas partes:

De manhã cumpre-se o Shinlaung Hlè Pwe, que envolve uma procissão ao pagoda mais importante da localidade, com os rapazes montados em cavalos, mascarados de príncipe, acompanhados pelos familiares que levam uma "sombrinha" tradicional, os robes monásticos e outros oito requisitos. São seguidos por carros de bois e um grupo musical que não pára de tocar o tempo todo.


O Shinlaung Hlè Pwe simboliza a partida do príncipe Siddhartha Gautama do palácio real onde vivia com a família, rodeado de todos os luxos e prazeres próprios de uma corte. Aos vinte e nove anos, Siddharta deixou o palácio, a sua mulher e o filho recém-nascido, e iniciou uma viagem maravilhosa de auto-descoberta, em busca das Quatro Nobres Verdades.

Voltando à cerimónia. De tarde, os rapazes rapam o cabelo e são então recebidos no mosteiro, depois de um festim oferecido pela família aos convidados e aos monges.

Não assisti a esta segunda parte - mas da primeira tenho algumas fotos, e valem a pena partilhar aqui. As cores são aquilo que, obviamente, salta logo à vista. Mas tentem imaginar o ambiente com a música da banda que os acompanhava, mais o calor e o pó levantado pelos carros de bois, o cheiro a incenso e os sorrisos de quase toda a gente. Quase - porque a maior parte dos rapazes não parecia estar muito feliz com o acontecimento, seja porque sabem que vão para um mosteiro, seja por estarem todos pintados e mascarados, a ser exibidos a quem passa. Enfim: faz parte. Para as famílias tem uma importância enorme e um simbolismo muito forte; e para os turistas é um verdadeiro festim de cores:










BOM DIA, CORES!

O mais complicado na gestão de tantas notas de viagem e fotos é mesmo encontrar uma lógica para a sua publicação, ou estabelecer prioridades na partilha. Publico primeiro as histórias mais recentes, ainda frescas, e depois recuo - ou volto atrás e sigo uma ordem cronológica... ou pura e simplesmente não ligo nada a lógicas e calendários e vou pelo instinto.

Acho que vou seguir o instinto.

E porque ontem passei um bom bocado só a rever as cores da Birmânia, nas fotos que fiz ao longo das últimas duas semanas: entre tanto dourado e côr-de-rosa, descobri um verdadeiro arco-íris de emoções e recordações.

Um dos momentos mais coloridos aconteceu em Bagan, ainda de manhã, no início da exploração dos templos, quando demos de caras com uma cerimónia tradicional que antecede a entrada das crianças nos mosteiros budistas. No Myanmar, não só os rapazes podem ser monges, mas também as raparigas. A cerimónia é um verdadeiro desfile de cores - e o click de hoje reflecte bem isso.

Bom dia. E um óptimo fim-de-semana!

27/02/2015

AS 10 MAIORES ESTÁTUAS DO MUNDO

Fui dar uma volta pela internet e confirma-se que a estátua Laykyun Setkyar, o tal Buda de trinta e um andares que descobri na Birmânia, é apenas a segunda maior estátua do Mundo.

Vamos a contas, então.

Qual é, afinal, a maior estátua do Mundo?

A internet é unânime, e a resposta sempre a mesma. A maior estátua do Mundo é a do Buda do Templo da Primavera, em Lushan (na província de Henan, China). Tem cento e vinte e oito metros de altura - e se contarmos com o pedestal, são ao todo cento e cinquenta e três. Só.

Bem... e já que andei a investigar, sai um top ten?

128m   Buda do Templo da Primavera, na China
116m   Laykyun Setkyar (Buda), no Myanmar
108m   Guanyin* do Mar do Sul de Sanya, na China
106m   Imperadores Yan e Huang, na China
100m   Ushiku Daibutsu (Buda), no Japão
100m   Sendai Daikannon (Guanyin), no Japão
99m     Guanyin de Weishan, na China
96m     Pedro, o Grande, na Rússia
92m     Grande Buda da Tailândia
88m     Daikannon de Kita no Miyako (Guanyin), no Japão

Já repararam que, das dez maiores estátuas do Mundo, apenas a de Pedro, o Grande - em Moscovo - não é na Ásia?

Aliás: analisando os primeiros cinquenta lugares da lista da wikipedia, quarenta e dois são na Ásia. E se alargarmos a pesquisa aos primeiros cem, apenas dezassete são não-asiáticos. Mania esta, hem?

A Estátua da Liberdade, por exemplo, ocupa somente a 40ª posição. E o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, é a 115ª estátua mais alta do mundo.

Já agora: o "nosso" Cristo Rei, em Almada, aparece num honroso 128º lugar. Nada mau - principalmente se tivermos em conta que, num futuro próximo, dezenas de novas estátuas vão tornar esta lista ainda mais interessante. É que se neste momento existem quatro estátuas com mais de cem metros, fiquem sabendo que estão em construção mais oito dentro desta categoria! E quatro destas oito são maiores que a maior de todas.

As coisas que se aprendem quando se procura.

* Guanyin é a chamada Deusa da Compaixão, uma figura muito popular do Budismo Mahayana que é uma espécie de Nossa Senhora "daquelas bandas".

O MAIOR BUDA DO UNIVERSO

Uma das "descobertas" destes últimos quinze dias na Birmânia foi um Buda gigante nos arredores de Monywa, que dizem os locais ser o maior do Universo.

Fui dar uma volta pela internet e parece que afinal é só a segunda maior estátua, segundo o livro dos Recordes do Guinness.

Assim sendo, este post já não faz sentido e, esmagado por remorsos e frustração, decidi acabar com este blog. Adeus. Foi bom enquanto durou.

Ok.

Menos drama.

Pode não ser a maior estátua do Universo. Mas continua a ser a maior do "meu" Universo. Tendo em conta que ainda não vi a outra. Ninguém me garante que exista mesmo. Se calhar é tudo uma grande farsa. Estes senhores do Guinness. Mais os lobbies e políticas. Levem-me lá. Ver é crer. Vai-na-volta e... ok.

Isto de estar há muito tempo sem escrever.

Fica a foto aqui e fico eu caladinho, que isto hoje está fácil de descambar.

São 114m de Buda, contruídos entre 1995 e 2008, num total de trinta e um andares que representam os trinta e um planos de existência. Impressionante!

Pequenino, não é?

BOM DIA, DEZ MIL VEZES

Somos dez mil às voltas no facebook!

O perfil do "fui dar uma volta" atingiu esta noite a marca redonda da dezena de milhar, que é sempre algo bonito de se ver - e que me enche o peito de orgulho, admito. E vem em boa altura, esta marca: tenho finalmente resolvido o problema que me afligia o computador, mais a câmara e tudo aquilo que estava "pendurado" por causa disso.

Posso finalmente reassumir o controlo deste barco, e é isso mesmo que faço neste momento. Estou a dar voltas às fotos e aos textos, aos mails e mensagens, a uma confusão enorme de informação e afazeres.

Por aqui, começo com um click do dia. Uma foto tirada à saída de Nyaung Shwe, num mosteiro cujo-nome-agora-não-me-lembro, famoso pelas suas janelas ovais num edíficio todo em teca.


23/02/2015

15 HORAS (SOBRE CARRIS)

Não é a primeira vez e de certeza que não é a última. Estou neste momento no comboio entre Yangon e Mandalay - mas hoje, no sentido contrário ao habitual. Hoje desço.

Continuo sem acesso ao computador. A única loja de Mandalay que tinha um carregador pediu-me uma fortuna por ele. E eu não fui na conversa. Se sobrevivi quase duas semanas sem o meu mac, concerteza que consigo aguentar mais uns dias. Alguma coisa se há de arranjar em Yangon, ou em Kuala Lumpur, ou na pior das hipóteses em Hanói, onde chego no fim-de-semana para arrancar com mais uma Indochina.

De qualquer forma, faz-me comichão não partilhar nada aqui. Tantas histórias, fotos, curiosidades a acumular, já nem sei por onde começar.

Se tivesse o computador agora é que era: quinze horas sobre carris é mais-do-que-suficiente para fazer uns posts bem arranjadinhos.

Limitado ao telefone e aos humores da internet que vai-e-vem, fico-me por um pouco de conversa e esta foto:


20/02/2015

ESTÁ DIFÍCIL... MAS ESTÁ-SE BEM

"Está-se bem no campo", diz quem sabe.

E quem sabe, sabe. Estes dias no Myanmar têm sido intensos e emocionais, uma experiência maravilhosa repleta de momentos únicos, reencontros e sorrisos, muita risota e alguns nós na garganta.

Infelizmente, a net é muito lenta (quando tenho acesso) e para piorar a minha situação no que diz respeito ao blog, o carregador do computador deixou de funcionar, entre outras surpresas a nível técnico, incompatibilidades inesperadas... só dramas.

Ok: nem tanto.

Nem tudo são más notícias. Acabei de saber, por exemplo, que o FUI DAR UMA VOLTA é candidato a travel blog do ano, na BTL. Tenho de investigar melhor isto ;)

Mas agora: cama. Amanhã madrugo, que tenho um longo dia pela frente, de barco no lago Inle. E assim que voltar ao hotel, a ver se percebo melhor o que se está a passar :)

Fica um sorriso birmanês, para vos acompanhar o resto do dia:


13/02/2015

100 ANOS

Se fosse vivo, o general Aung San completaria hoje cem anos.

Para aqueles a quem este nome não-diz-nada, fica uma brevíssima apresentação: este senhor foi o mais famoso revolucionário nacionalista birmanês; e o grande arquitecto da independência da Birmânia. Uma espécie de Gandhi local, portanto. Além disso, é o pai de Aung San Suu Kyi, aquela senhora birmanesa com ar simpático, que esteve presa vinte-e-tal anos e que ganhou um Nobel da Paz.

Hoje encontrei uma foto muito interessante, que mostra o general a sair do número dez da Downing Street, depois de negociar a independência birmanesa do Império Britânico. Um momento histórico... que viveu aos trinta e um anos. Infelizmente seria assassinado seis meses depois.

Quantos de nós é que já negociaram a independência de um país aos trinta e um? Pois.

12/02/2015

AONDE É QUE EU IA?

A última vez que aqui escrevi, estava mesmo a apetecer-me uma sesta. Quem diria que se passariam duas semanas até ter tempo/disponibilidade/energia para voltar ao "activo".

Isto não foi bem uma sesta... isto foi mais uma hibernação.

Uma ciber-hibernação, para ser mais preciso. Porque no terreno, no mapa, nas histórias - por aqui muito se tem passado, muito há por partilhar. Nem sei bem por onde começar.

Um ponto de situação, portanto.

Estava em Siem Reap com um grupo da Nomad, quando publiquei o último post antes deste. Aqui visitámos ruínas de civilizações perdidas, reencontrei alguns dos meus amigos cambodjanos... e fui até ao circo. Uma experiência muito especial.

Seguimos para Bangkok e depois para o Laos - e quando o grupo da Indochina regressou a Portugal, eu voltei para a capital tailandesa e encontrei-me com a minha mãe, uma tia e o meu amigo António.

Viemos ontem para Mandalay. Sim: quatro meses depois da mais recente viagem à Birmânia com um grupo. São duas semanas num ritmo um bocadinho mais calmo, redescobrindo alguns dos lugares que costumo visitar com os grupos - e aproveitando outra disponibilidade para explorar outras sensações, vivências e experiências. Ainda agora começou, e está-me a saber tããão bem.

Contas feitas: a ver se ponho em dia alguma das aventuras. Ainda por cima vem aí o Dia dos Namorados, e eu até pensei numa ou outra coisa para publicar aqui. E o Ano Novo chinês... está quase-quase a começar o Ano da Cabra.