Qual é coisa, qual é ela, que tem mais de 20,000km3
de água, chega a ter uma profundidade de 1637m e contem cerca de 20% da água
fresca do mundo?
Qual é coisa, qual é ela, que tem 650km de comprimento,
entre 20 a 60 de largura, foi classificado pela UNESCO como Património da
Humanidade e tem a alcunha de "olho azul da Sibéria"?
É o lago mais velho do mundo!
Formado há mais de 50 milhões de anos, dizem as matemáticas
que: se toda a água potável acabasse amanhã, o lago Baikal conseguia dar de
beber a toda a população do mundo durante os próximos quarenta anos. Uau!
Mas factos-cientificamente-provados à parte, cá estamos.
Chovia quando chegámos... chovia enquanto
comíamos... chovia enquanto conversávamos, com os americanos que também estavam
no hostel em Iskutsk e que vieram de barco... chovia... chovia... e à noite a
mesma coisa.
Foi bom para pôr a conversa em dia e conhecermo-nos todos
melhor. Foi bom para ler um bocadinho mais do que tenho lido ultimamente. Foi
bom, porque deu-me tempo para selecionar fotos, escrever uns textos, preparar
uns posts. Foi bom, porque não havia nada de especial para fazer e acabámos por
aceitar o desafio do Jack (o dono do hostel) e fomos, pela primeira vez na
vida, fazer uma banya.
E o que é uma banya?
Assim à primeira vista, é uma sauna. É a sauna típica russa.
Uma casinha com uma sala aquecida, despeja-se água nas pedras quentes, o vapor
causa humidade, nada de novo. Gostei, mas tive pena que não fosse possível
fazer as duas coisas que distinguem a banya de uma sauna normal: por um lado, é
normal haver algum tipo de duche frio, ou neve à volta, ou algum lado gelado,
para onde mergulhar depois do quentinho... ui.... e, por outro, é suposto haver
uns ramos especiais, tirados de uma árvore cujo nome não me recordo... mas não
era a época e o Jack não tinha os ramos, ainda. Fiz uma sauna, portanto. E
soube bem - tããão bem.
Chovia quando fomos jantar - mas menos. E quando voltámos
para o hostel - ainda menos. E quando nos deitámos, depois de mais umas horas à
conversa com os americanos - cada vez menos.
De manhã: céu nem-por-isso azul, sol nem-por-isso brilhante, mas não chovia. menos mau. Vamos lá ver
melhor o Baikal.
Diz que se pode beber, de tão pura que é a água do Baikal.
Teoricamente, o lago tem uma determinada espécie de alga ou uns bicharocos
quaisquer que filtram a poluição.
E diz que quem mergulhar as mãos no lago, ganha um ano de
vida. E se for os pezinhos, cinco anos. E se for um mergulho a sério, vinte e
cinco!
Como não sou ganancioso, fiquei-me por um aninho a mais.
Estava muito frio para almejar a eternidade.
Além de
que ouvi algumas teorias diferentes, que o mergulho afinal só valia um ano, ou
que basta olhar para o lago para ganhar esse ano, ou que "leve este postal
e ganha uns meses de vida", eheh.
Estava frio!
Ia lá mergulhar no Baikal, com aquele frio.
Mergulhei as mãos, sim - e já foi muito bom. E depois,
enquanto o Ben e os Américas foram ver um museu que não me apetecia ver, saltei
a bordo de um barco e fui dar um passeio pelo lago.
Encontrámo-nos outra vez para almoço e conversa, os
americanos apanharam um autocarro de volta para Irkutsk e eu subi para o Land
Rover a que já me estava a habituar. A vida tem destas ironias. Estou eu a
fazer uma viagem com que sonhei tantas vezes, um clássico, o transiberiano!...
e agora que estive estes dois dias a ouvir as aventuras do Ben, a partilhar
quilómetros com ele... só me apetece é largar os carris e seguir estrada fora.
De volta a Irkutsk.
O Ben seguiu viagem, eu e os americanos fomos de tram para a
estação. Ainda nem era meia-noite, quando partimos em mais uma etapa desta louca
aventura. A última em território russo! O destino é Ulaanbaatar, a capital da
Mongólia.
All aboard?
1 comentário:
Fantástico! "Baikalámos" muito...!
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