27/09/2011

ADEUS RÚSSIA... OLÁ MONGÓLIA!!!


De manhã

O sol a entrar pela janela.

Viro-me na cama, quero dormir mais um bocado.

Acordo. Custa-me abrir os olhos. Não me apetece levantar. E o embalar do movimento do comboio não ajuda nada. Posso dormir mais um bocadinho?

Não sei bem há quanto tempo estou no comboio. Nove, dez, onze horas? Parti ontem de Irkutsk, dormi ferrado a noite toda - é de manhã. Espera-me mais um dia inteiro sobre carris, e outra noite. Só amanhã é que chego a Ulaanbaatar.





















De tarde

Este é o comboio mais "internacional" da viagem, até agora. Além do casal de americanos que já conhecia do lago Baikal, já estive à conversa com um austríaco, franceses e duas chilenas muito divertidas. Realmente não há nada como estar entre latinos, somos todos uma grande família.

Chegados à fronteira, esperavam-nos cinco horas no lado russo. O lonely planet já avisara, e o próprio horário do comboio é bem explícito... mas vá-se lá saber porquê, todos nutríamos a esperança de que fosse mais rápido... desta vez...

Nem pensar. Cinco horas prometidas, cinco horas cumpridas. O comboio parado na estação, nós sentados, ou a dar voltas na plataforma, à conversa, a fumar um cigarro, a partilhar comida, a ir à casa-de-banho... um verdadeiro teste à paciência.

E, no fundo, uma última impressão da Rússia que não ajuda nada a contrariar algumas ideias que ficaram marcadas.

Algures a meio destas intermináveis horas de espera, sentei-me na plataforma a olhar para o comboio, para as pessoas que entravam e saíam, para o céu que prometia chuva mas nunca cumpriu.


















Lembrei-me de uma conversa que tive em Suzdal, com o Chun (o taiwanês que ia ter com a namorada a Berlim). Dizia-me ele que tinha estado a reparar na arquitectura da Rússia, durante a sua viagem, e tinha chegado a uma conclusão:

"Há dois tipos de edifícios na Rússia. Uns são enormes, quadrados, cinzentos, com janelas muito pequenas... e os outros são coloridos, alegres, com janelas enormes, cheios de pormenores e rococós."

A bucólica paisagem à nossa volta - feita de árvores, cúpulas de igreja em forma de cebola e o som de passarinhos - pedia algum silêncio, por isso foi com um sorriso que concordei com ele.

"Sabes", acrescentou ele, "acho que se passa o mesmo com as pessoas."

É essa a imagem que levo da Rússia. Um país em geral cinzento, que parece chatear-se com tudo, que não tem paciência. Um país quadrado de janelas pequeninas. Mas, ao mesmo tempo, um país cheio de surpresas, gente com coração enorme, que "faz-se de difícil" mas que depois se entrega. É um país-contradição, mas de uma forma muito própria.

Vindo de Moscovo para o Leste, senti que gradualmente as pessoas era mais quentes, mais acolhedoras... mas nunca deixou de ser "a Rússia".

Acho que vou ter de digerir melhor isto, não sei se me estou a exprimir bem.

E falta-me atravessar a Mongólia... e depois a China - para então tentar um retrato mais contextualizado.

Mongólia!

Estava pr'aqui com balanços e nostalgias... quando o comboio finalmente arrancou. Esperam-me mais duas ou três horas no lado da Mongólia, e mais uma noite no comboio.

E amanhã de manhã... Ulaanbaatar!

1 comentário:

Clara Amorim disse...

Comboio, comboio, comboio...!

Uuuuuuuuuuuuuuuuuufa!!!