03/11/2015

UM DIA, DOIS MUNDOS

Ao terceiro dia de Indochina, deixámos o caos-colorido de Hanói e passámos a tarde no campo.

De manhã ainda demos uma última volta pela cidade, mais concretamente ao lago Hoan Kiem, onde assistimos ao ritual diário de milhares de vietnamitas, que praticam exercício físico ao nascer-do-sol, neste que é considerado o coração da cidade. Aqui encontrámos pessoas a fazer tai chi, aeróbica, jogging, yoga, danças latinas, chi kung, musculação, etc, etc.







Depois do pequeno-almoço arrancámos para a estação de autocarros e, depois de duas horas na estrada, chegámos a Ninh Binh, onde nos esperavam onze motas para ir dar uma volta.

Primeiro fomos a Trang An, onde passeámos de barco numa paisagem radicalmente oposta à que conhecemos em Hanói; e depois seguimos por aldeias e caminhos até Mua Cave, onde subimos os 480 degraus da Montanha do Dragão Voador.



Daqui a pouco estaremos a viajar sobre carris, noite fora no Reunification Express até Hué.

Está-se tão bem na Indochina!

02/11/2015

HANOI EM 12 CLICKS

Hoje o dia foi intenso e colorido, caótico mas harmonioso. Como é suposto ser, em Hanói.

Uma (re)descoberta feita com os cinco sentidos, uma viagem aos pormenores, aos pequenos Nadas que fazem Toda a diferença.

A Indochina é Hanói, e hoje partilho treze clicks da capital vietnamita feitos com o telefone e um filtro novo ;)

Lago Hoan Kiem (Espada Devolvida)

Ponte The Huc (Luz da Manhã)

Marionetas vietnamitas

Vendedora no Old Quarter

Bun chá

Van Mieu (Templo da Literatura)

Candeeiro no Templo da Literatura

Estelas dos Mestres (Templo da Literatura)

Estudantes universitários no Templo da Literatura

Khue Van Cac (Pavilhão da Constelação da Literatura)

Poço da Clarividência Celestial

Mausoléu de Ho Chi Minh

COMEÇA BEM, ESTA INDOCHINA

Apesar de ontem já termos "ensaiado" algumas voltas por Hanói, oficialmente só começou hoje a Indochina. Primeiro um passeio a pé pelo Bairro Histórico, com direito a visita ao templo do lago, a uma casa tradicional, a bia hoi a meio da manhã e bun chá ao almoço... e depois as emoções fortes das motas à tarde, a caminho do Templo da Literatura e do Mausoléu do Ho Chi Minh. Daqui a nada vamos ver os Fantoches e jantar.

Mas, vá-se lá perceber porquê, queria destacar aqui um momento vivido ontem à tarde e que deixou, num instante apenas, metade do grupo rendido ao Vietname.

Fomos experimentar o famoso café com ovo.

E desculpem lá, dá-licença mas tenho de ir ali buscar um guardanapo, que só de pensar no dito já me estou a babar. Outra vez.

O Ca Phé Trung é uma especialidade aqui de Hanói que, apesar poder evocar algumas imagens menos convidativas para alguns, na verdade é um "mimo" para o palato. Podem ler aqui uma descrição que fiz há quase um ano, da primeira vez que experimentei tal "petisco".

Ainda por cima, desta vez descobri um "spot" onde o café é ainda mais bem preparado, e servido com uma apresentação toda catita. Ora vejam:


E agora já podem ir a correr para o aeroporto e apanhar o primeiro avião nesta direcção. ;)

01/11/2015

É NATAL EM HANOI

Eu sei que ainda há uma semana eu anunciei que foi Natal em Bangkok... mas o ditado diz que o Natal é quando um homem quer, certo? Não fala de um número máximo por mês, ou por ano, ou seja lá o que for. Que eu saiba, não há regra nenhuma a condicionar o número de Natais que se deseja. Se o ditado diz que é quando se quer... no limite até pode ser todos os dias. Digo eu.

Não sei.

Adiante.

Hoje foi Natal em Hanoi.

Não houve Pais Natais nem árvores decoradas nem trenós e renas fofinhas. Mas foi Natal.

De manhã chegou o grupo de viajantes da Nomad que me vai acompanhar nas próximas três semanas pela Indochina, e uma das pessoas trazia alguma correspondência que eu tinha recebido em casa, e que a minha mãe fez o favor de mandar entregar.

Uma das encomendas era um tubo de cartão muito engraçado, com um desafio relativo a um passatempo da Navigator - que, confesso, ainda não li com atenção, mas que a seu tempo divulgo aqui - e com uma lembrança muito simpática que me manteve entretido durante quase uma hora.

A lembrança muito simpática é um mapa-mundo (40x25cm) em formato raspadinha, ou seja, pode-se raspar com uma moeda os países já visitados. Que ideia tão gira, até já tinha visto o mapa online e andava a "namorá-lo"... calhou bem recebê-lo de presente.


Quanto à segunda encomenda: era um presente por ocasião do meu aniversário, que celebrei há pouco mais de um mês. A Catarina, que viajou comigo na Indochina há cerca de um ano, fez-me chegar um caderno muito giro, personalizado, feito por uma prima que faz disso negócio.

Muito obrigado, Catarina, adorei.

E vale mesmo a pena espreitar a página d' "As Linhas do Mundo" no facebook.

O FANTASMA DE MAE NAK PHRA KHANONG

Era uma vez uma tailandesa chamada Mae Nak, que viveu no reinado do rei Mongkut (séc. XIX) nas margens do rio Phra Khanong, e que para grande felicidade casou com o homem da sua vida, um cavalheiro muito atencioso que respondia pelo nome de Tid Mak.

Tudo parecia bem encaminhado e a bonita Mae Nak rapidamente engravidou do seu charmoso esposo, mas o Destino não andava muito virado para Finais Felizes, naquela altura - e Tid Mak foi chamado pelo Exército para se alistar numa qualquer guerra... de maneira que se viu forçado a abandonar a sua mulher e a criança que estava quase a nascer.

Na guerra, Tid Mak foi gravemente ferido e teve de ser internado num hospital em Bangkok, enquanto Mae Nak sofreu complicações várias enquanto dava à luz, e morreu juntamente com o recém-nascido. Mas quando mais tarde o marido voltou para casa, sem fazer ideia da tragédia que tinha acontecido, encontrou a mulher e o filho à sua espera.


Alguns vizinhos tentaram avisá-lo de que estava a viver com dois fantasmas, mas Mae Nak foi "silenciando-os" a todos, um a um, sem que ele desse por nada. Ou seja: durante algum tempo viveram numa harmonia imperturbável (apesar do facto da vizinhança ir diminuindo a olhos vistos), mas um dia Mae Nak estava a preparar o almoço para o marido quando deixou cair uma lima, que rebolou pelo chão e acabou por cair da varanda para a rua, um andar em baixo. Sem qualquer esforço esticou o braço para a apanhar, mas esqueceu-se que os vivos (ao contrário dos fantasmas, na Tailândia), não têm o poder de esticar os membros a seu bel-prazer.

Pois: os fantasmas na Tailândia são uma espécie de Homem Elástico... mas em mau.

Adiante. Isto até podia ter passado despercebido, não fosse Tid Mak estar a ver. Ficou imediatamente em pânico, apesar de fingir nem ter reparado - e na mesma noite fez as malas e fugiu para um templo ali perto. Os fantasmas não podem entrar em templos.

Quando Mae Nak se apercebeu que o marido tinha fugido, desatou a chorar - mas a tristeza rapidamente foi subsituída por raiva, e num piscar-de-olhos estava a rapariga a matar todos aqueles que se atravessassem à sua frente.

Ao verem-na completamente descontrolada, os poucos vizinhos que ainda restavam decidiram "fazer uma vaquinha" e pagaram a um exorcista para "tratar do assunto". Coisa que nunca lhes tinha passado pela cabeça antes, vá-se lá entender porquê.

O exorcista exorcisou - e depois de conseguirem capturar o espírito de Mae Nak num jarro de barro, lançaram-no ao rio e aí ficou durante muitos anos, enterrado na lama. Finalmente viveu-se em paz - e aos poucos as pessoas começaram a esquecer-se de Mae Nak.


Acontece que alguns anos depois, dois pescadores pescaram acidentalmente o jarro - e curiosos com o seu conteúdo, abriram-o e sem querer libertaram Mae Nak. Em vez de diminuído, o poder do espírito tinha aumentado substancialmente - e mais uma vez lançou-se numa empreitada de vingança e sangue, que só terminou quando um monge chamado Somdej Toh a imprisionou num osso dela própria, amarrando-a a uma pulseira, que passou a usar todos os dias.

Quando o monge morreu, alguns anos depois, a relíquia foi confiada à Família Real Tailandesa, que até hoje a guarda no Palácio Real, garantindo assim que Mae Nak nunca mais voltará a magoar os tailandeses.

Baseada em eventos reais, esta história é das mais célebres no folclore de superstições da Tailândia. Já se escreveram livros e fizeram filmes à volta deste tema. É assunto de conversa recorrente e Mae Nak tornou-se numa espécie de fantasma-celebridade, devido ao seu amor incondicional pelo marido - e tem direito a máscaras no Halloween e tudo. Há, inclusive, um altar dedicado a ela, junto às margens do rio Phra Khanong.



31/10/2015

5 MONSTROS ASIÁTICOS A EVITAR NAS VOSSAS VIAGENS

Ainda a propósito do Halloween, fica uma selecção de cinco monstros/espíritos a ter em especial atenção, caso algum dos meus estimados leitores viaje num dos países asiáticos que assombram:

1. Vetala (Índia)

Conhecidos por possuir cadáveres de pessoas cujos rituais funerários não foram executados "como deve ser", estes espíritos demoníacos vivem normalmente em cemitérios (pelo que não aconselho passear nestes lugares à noite, na Índia). Podem também aventurar-se fora deles, em ocasiões especiais, para matar crianças e gado, ou para provocar abortos.

Os Vetala são facilmente reconhecíveis, pois os cadáveres que possuem têm os pés e as mãos virados para trás. E cuidado, porque conhecem o Passado, o Presente e o Futuro - o que faz com que sejam especialmente inteligentes e por isso podem brincar com as nossas mentes, criando alguma confusão e chegando mesmo a enlouquecer aqueles que se cruzam com eles. Acho eu. Ou não. Não tenho a certeza. E agora? Faço o quê?

2. Kappa (Japão)

Também conhecido por Kawataro, Komahiki e Kawako, o nome deste monstro significa "a criança do rio". Mas não se deixem enganar... o Kappa é uma espécie de salamandra humanóide gigante, mais ou menos do tamanho de uma criança, com bico e carapaça de tartaruga... e pêlos. Tem no topo da cabeça uma espécie de cavidade, ou uma depressão, onde guarda sempre água - e que é a fonte do seu poder.

O Kappa vive em lagos e rios, cheira a peixe e é um nadador extraordinário... mas também consegue andar na vertical, como os humanos. É famoso tanto pelas suas partidas inocentes como por crimes horrendos, como afogar pessoas e animais (para beber o seu sangue e roubar-lhes a alma), raptar crianças e violar mulheres.

Caso algum dia se encontrem cara-a-cara com um Kappa, não desesperem: há formas de escapar aos seus horríveis desígnios. Os Kappa são obcecados por etiqueta, por isso se uma pessoa fizer uma vénia, ele vai retribuir o gesto. Desta forma a água em cima da sua cabeça vai ser derramada, e perde imediatamente o seu poder. Neste caso, vão ao rio de onde o Kappa apareceu e voltem a encher a tal cavidade com mais água - ele será vosso escravo para sempre (o que pode dar jeito, tendo em conta que os kappa são especialistas em técnicas de irrigação, pesca, osteopatia e medicina. Não estou a brincar.).

Outra fraqueza dos Kappa são os braços, que são facilmente arrancados. Podem tentar por aí. Também podem afugentá-los com sésamo ou gengibre - eles têm uma aversão inexplicável a estes alimentos - ou, se quiserem arriscar, ganhem favores oferecendo-lhes beringela, rebentos de soja fermentados ou pepinos - a única comida que gostam mais do que criancinhas.

3. Tikbalang (Filipinas)

Conta quem sabe destas coisas que esta espécie de cavalo-demónio é uma reencarnação de um feto abortado. Tem uma aparência humanóide mas com cabeça e pés de cavalo; pernas e braços completamente disporcionais ao resto do corpo; e anda na vertical, como um homem.

Ah: e pode ficar invisível.

O Tikbalang vive nas montanhas das Filipinas e, apesar de ser normalmente visto como um guardião da floresta, é também conhecido por assustar viajantes e confundi-los, de maneira a que "andem em círculos", seja lá que caminho escolham. Uma das formas de combatê-lo, vá-se lá perceber porquê, é vestir a roupa do avesso.

Dizem que também viola mulheres.



4. Pocong (Malásia)

A história deste espírito está directamente relacionada com os rituais funerários muçulmanos locais, que envolvem os mortos numa espécie de mortalha - o chamado kain kafan -, atada com nós em cima da cabeça, debaixo dos pés e no pescoço. Como, segundo o folclore local, a alma de uma pessoa só se liberta do corpo após quarenta dias, esses nós devem ser desfeitos a tempo do espírito se libertar e ir para o Céu.

No caso destes nós não serem desfeitos ao fim dos quarenta dias, o espírito não se consegue libertar da mortalha - e até que alguém o faça, vai assombrar os vivos, saltitanto na sua mortalha à noite.

5. Pontianak (Indonésia)

Se alguma vez avistar na Indonésia uma mulher muito pálida, de cabelo comprido e vestida de branco... cuidado. Pode estar frente-a-frente com um vampiro pontianak, também conhecido por matianak ou kuntilanak, e que basicamente são assombrações de espíritos de mulheres que morreram durante a gravidez.

Segundo conta o folclore, estes vampiros anunciam a sua presença através do choro dos bebés e dos uivar dos cães. Se a pontianak está perto, tanto uns como os outros têm tendência a chorar baixinho.

Uma pontianak mata a sua vítima "escarafunchando" o seu estômago com as longas e afiadas unhas, devorando depois o resto dos órgãos. E muito cuidado se alguma vez se atravessar à frente de uma pontianak, porque se ela o vir de olhos abertos, suga-os imediatamente.

30/10/2015

A LENDA (ARREPIANTE) DE PENANGGALAN


Há muito, muito tempo, viveu na Malásia uma mulher que, para conseguir uma beleza extraordinária e alguns poderes sobrenaturais, utilizou alguns truques de magia negra e fez um pacto com o Diabo. Esse pacto implicava que não podia comer carne durante quarenta dias... mas como a senhora tinha um apetite voraz e não respeitou o combinado, foi então amaldiçoada e transformou-se numa espécie muito peculiar de vampiro.

Durante o dia, Penanggalan é uma mulher aparentemente normal. Mas à noite, a cabeça separa-se do corpo e voa.

Exactamente, leram bem: voa.

E não é só a cabeça - porque ao separar-se do corpo, traz consigo os pulmões, o estômago e as entranhas penduradas. Em alguns lugares acreditam que brilha como os pirilampos... mas seja qual for o aspecto deste vampiro, não me parece muito agradável à vista. Digo eu.

Penanggalan é uma vampira com um gosto muito particular. Não fica satisfeita com o sangue de qualquer pessoa - gosta especialmente de mulheres que acabaram de dar à luz, ou de crianças recém-nascidas - e é atraída pelos gritos das mulheres que entram em trabalho de parto. As mulheres cujo sangue é bebido pela Penanggalan morrem pouco depois de darem à luz.

Ah: e também gostam muito de placentas - pelo que, segundo a superstição na Malásia, estas são enterradas a seguir ao bebé nascer.

Para proteger as potenciais vítimas do ataque de Penanggalan, nas aldeias malaias é costume "decorar" as janelas da casa de uma mulher que deu à luz com as folhas de uma planta chamada Mengkuang, que tem pequenos espinhos. Diz-se que se a cabeça dePenanggalan tentar entrar dentro de casa, a voar, os espinhos funcionam como uma armadilha e causam feridas graves nos pulmões e nos estômago da vampira.

Mas como há quem diga que esta pode passar pelas frinchas das tábuas de madeira no chão, há ainda pessoas que, mal sabem que há uma mulher grávida, plantam ananáses debaixo da casa.

Outra técnica para combater a Penanggalan é dormir com uma tesoura debaixo da almofada, pois a vampira "tem um medo que se pela" deste objecto. Nunca fiando!

A Penanggalan cheira a vinagre, uma vez que depois dos seus voos nocturnos, tem de voltar a encaixar a cabeça no respectivo corpo, antes que o sol nasça. Assim, mergulha os órgãos em vinagre, que encolhem e facilitam a tarefa de entrar novamente no corpo.

Por isso é que, se alguém sente um forte cheiro a vinagre, mais vale ter cuidado. Alguma Penanggalan está por perto.

Mas atenção, muita atenção!, pois muitas vezes esta vampira assume a aparência de uma parteira. No entanto, qualquer pessoa mais atenta pode desmascará-la, pois têm extrema dificuldade em olhar os outros nos olhos, e estão sempre a lamber as beiças quando preparam as casas para o parto, gulosas com o festim que as espera mais tarde.

E claro: cheiram a vinagre, à partida.

Só há uma forma de matar uma Penanggalan. Para isso é necessário descobrir onde vivem, durante o dia. Há que esperar pelo pôr-do-sol, e assim que a cabeça sair a voar à noite, deve-se deitar pedaços de vidro dentro da cavidade do pescoço, para feri-la mortalmente quando voltar a tentar encaixar a cabeça, de manhã. Ou então pode-se levar o corpo para outro lugar e cremá-lo. Agora escolha.

A lenda desta mulher-vampiro ultrapassou fronteiras - e se na Malásia é conhecida pelo nome Penanggalan, nas Filipinas chamam-na de Manananggal, em Bali por Leyak e em Kalimantan é Kuyang. Na Tailândia responde pelo nome de Krasue, no Laos é Kasu e no Cambodja chama-se Ap.

Já agora, não posso deixar de agradecer ao Kurt Komoda, que gentilmente me autorizou a utilizar as suas aterradoras ilustrações de Penanggalan. Vejam estas e muito mais no seu fantástico blog.

BOM DIA...

...e desejos de um fim-de-semana arrepiante, horrendo e assombroso. ;)

Para celebrar o Halloween, hoje e amanhã vou partilhar aqui no blog algumas histórias de fantasmas, vampiros e monstros asiáticos.

Espero que gostem - porque se não gostarem, serão amaldiçoados e viverão para sempre rodeados de anjinhos queridos, fadas cintilantes e nuvens fofinhas.

29/10/2015

É NATAL EM BANGKOK

Entre a Birmânia e o Vietname fiz uma paragem de dois dias em Bangkok, para tratar de alguns pormenores da Indochina e aliviar algum peso da mochila. Tenho, normalmente, um saco guardado no hotel onde fico hospedado na capital tailandesa.

A última vez que tinha tocado nesse saco foi há mais de seis meses, quando no final de Março fui para a Malásia, de onde voei para a Índia, de onde voei para o Dubai, de onde voei para Istambul, de onde voei para Lisboa. Seis meses! Eu sabia lá o que estava dentro do saco - esqueci-me completamente, claro.

Ou seja: este fim-de-semana foi Natal no quarto 205 do Mango Lagoon Place, em Bangkok.

Abri o saco e descobri:

- cinco t-shirts e um par de calções
- dois longyis birmaneses
- uma camisa indonésia
- um par de sapatos
- um cachecol
- uma garrafa de Absolut Vodka (vazia)
- um repelente de mosquitos e uns cremes
- quatro capas de almofadas que comprei no Chatuchak Market
- vários livros, revistas e recortes

...e isto:

Com aquilo que provavelmente vou acumular ao longo desta temporada, não quero nem imaginar o peso que vou ter de gerir, quando voltar para Portugal...

28/10/2015

O BUDA TAMBÉM LAVA OS DENTES

Na última madrugada da viagem, em Mandalay - apenas algumas horas antes de começarmos com os até-jás, os até-logos e os até-sempres -, voltámos ao templo Mahamuni para assistir a um ritual muito interessante.

Todos os dias por volta das quatro da manhã, o "chefe-monge" preside à cerimónia em que se lava a cara à imagem principal do templo (que se diz ter sido feita à imagem do próprio Buda, e abraçada por este), passando-a cuidadosamente por água e secando-a com toalhas oferecidas pelos fiéis.

A dado momento, escovam-lhe também os dentes.

Não sei que pasta usa o Buda - se Colgate ou Pepsodent -, mas escova os dentes. A sério.

Ficam as imagens possíveis, visto que só tenho o telefone - e infelizmente só da parte em que passam as toalhas no rosto molhado da imagem:






27/10/2015

A BIRMÂNIA EM 36 IMAGENS

Não passou ainda uma semana desde que terminou a viagem à Birmânia e já estou em Hanói, a ultimar os derradeiros pormenores para a próxima edição da Indochina (a vigésima quarta!), que começa já no próximo domingo.

Entre-viagens passei um fim-de-semana em Bangkok, por isso eis-me novamente com geografias e histórias entrelaçados uns nos outros, isto é uma confusão de Aquis e Agoras que às vezes parece que não tem ponta-por-onde-se-lhe-pegue.

Mas tem.

Falemos do Myanmar, onde estive o mês de Outubro quase todo, quinze dias dos quais acompanhado por dez viajantes da Nomad. Com este grupo visitei Yangon e a Rocha Dourada, Mandalay e arredores, Bagan e o Monte Popa... e o único, maravilhoso (e ainda por cima engalanado) Lago Inle.

Viajámos de comboio e autocarro, de mota e bicicleta, de barco... e a pé. Muito se caminhou, também. Apanhámos uma carga d'água em Mandalay, almoçámos em casa do Kyaw Kyaw (lê-se Joe Joe), vimos um Buda a lavar os dentes, tirámos selfies e bebemos muita cerveja Myanmar. Assistimos a um colorido festival de barcos no lago, celebrámos os anos de um dos viajantes num restaurante chique, tivemos até direito a piscina num dos hotéis. Vimos nasceres-do-sol, pôres-do-sol, subimos 777 degraus aqui, 1800 ali. Que aventura boa, cheia de sorrisos e tanakha.

E porque a minha máquina fotográfica "deu o berro" na Turquia, desta vez registei tudo com o telefone. Publiquei algumas coisas no instagram, outras no facebook... mas é agora que partilho, aqui neste post, a colecção que faz o resumo destes Dias Birmaneses.

Ficam as cores, os sorrisos e o coração a bater mais forte. E venha de lá mais uma Indochina, sff, que também já tenho saudades. ;)