Uma volta ao mundo ao longo do dia/avenida 9 de Julho.
São Paulo é mesmo assim. À chegada deu-se ares de Kuala
Lumpur e Jakarta, agora atira-me à cara o mundo todo. Uma babel com sotaque de
telenovela.
São Paulo é a maior cidade
italiana fora de Itália. A maior
cidade japonesa fora do Japão. A maior
espanhola. A maior libanesa. E diz-me fonte "segura" que, hoje em
dia, é também a maior cidade portuguesa fora de
Portugal. Será?
Fui dar uma volta ao mundo, neste 2º dia de América Latina. Uma volta a pé, numa só tarde, numa só
cidade. Uma volta por geografias e calendários, por sabores e ideias, pessoas e
prédios, trânsito e cores, dúvidas e arte.
Fui dar uma volta: da casa do meu
primo, em Itaim, até à Avenida Faria Lima. Depois pela 9 de Julho acima, até à
Avenida Paulista. A meta inicial era a Sé, mas um "policial" anunciou
ao mundo à sua volta que eu era louco e ia demorar horas a chegar lá... e eu
acabei por ficar pela Paulista, atordoado pela expressão de terror do senhor
agente, amaldiçoando o facto de ter vindo de chinelos
.
Fui dar uma volta à Avenida Paulista: de
uma ponta à outra... and back.
Fascinado com a intervenção urbana nos orelhões (de que já mostrei algumas
fotos, esta semana), pela gigantesca fachada de homenagem ao Oscar Niemeyer,
pelos paineis do Hospital de Santa Catarina, pelo MASP. Impressionado pela
personalidade desta paisagem de arquitectura e contra-culturas. Pela "dura
poesia das suas esquinas". E um pouco ansioso, confesso, por causa de
tantos quem-te-avisa-teu-amigo-é, não dês nas vistas, não andes com a máquina à
mostra, cuidado com o telefone, se te pedirem tudo dás tudo, não leves relógio.
Eu nem uso relógio.
São Paulo.
Universo de grafittis nas paredes e
helicópteros no ar; de hare-krishnas sentados no muro a ver o dog-sitter passar
com sete ou oito cães; da kombi que passa ruidosa com ares de velhota charmosa,
rasgando uma paisagem de carros brancos, pretos e cinzas; de saltos altos,
braços tatuados, cartões de crédito, sushi, caldo de cana e pastéis; do som dos
skates a rolar no alcatrão que interrompe a nordestina a falar alto ao
telemóvel. Desculpem: celular.
2 comentários:
É caso para dizer... Uaaaaaaaaaaauuuuuuuuuuuu!!!
Adoro São Paulo por ser tanta coisa.
Aproveita.
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