É
que quando eu cheguei por aqui eu nada entendi
Da dura poesia concreta de tuas esquinas
Da dura poesia concreta de tuas esquinas
Da
deselegância discreta de tuas meninas
Aí galera! Estou teclando de Sampa, essa cidade que - tal
como Caetano - ainda "nada entendi".
E agora em Português de Portugal: cá estou em São Paulo, a
primeira paragem destes noventa e nove dias, vou já no terceiro e confesso que
fiz pouco até agora. Estou em casa do meu primo Pedro, já encontrei alguns
amigos, temos comido bem e pago balúrdios... Sampa não é nada amiga do bolso.
Logo no primeiro dia, estava estafado da viagem e da semana
de correrias em Lisboa e das voltas com os grupos na Indochina... e deixei-me
cair no sofá, a dormitar. Só recuperei alguma energia quando o meu primo chegou
a casa e me anunciou que íamos à Vila Madalena beber um chopp, e depois íamos
jantar ao Bráz.
Eu já tinha ouvido falar do Bráz.
Dizem o Lonely Planet, todas as críticas no tripadvisor e
algumas pessoas que me deram dicas sobre "onde ir e o que fazer" em
São Paulo, que o Bráz serve a melhor pizza da cidade. E até li alguns comentários
mais emocionados a dizer que é mesmo a melhor do mundo. Hmmm... enfim. Ok. De
certeza que nunca foram à Pizza Hut na estação de comboios de Sintra. Isso é
que é pizza. ;)
Mas a verdade é que estava curioso. Felizmente não fui ver o
site deles antes, pois lá explicam que o tomate é "plantado aos pés do
vulcão Vesúvio" e que é mais "adocicado e de acidez perfeita";
que a farinha é "100% Napolitana, a Farina Caputo 00,
produzida no pequeno "paese" Capua, em um moinho de 1924"; que
as alcachofras "chegam à Bráz vindas diretamente da Puglia, o salto da
Bota".
Não sei porquê, mas há uma poesia na
proveniência de cada ingrediente que
acrescenta mística à pizza e faz disparar as expectativas. O que pode
ser perigoso. Mas a verdade é que a pizza da Bráz cumpre.
Em primeiro lugar: o restaurante é
simpático, muito clássico, nada pretensioso. E o serviço: impecável.
Começámos pela tradicional entrada da
casa: o pão de calabresa. Uma espécie de bola cheia de presunto lá dentro, que
molhámos em azeite... e tudo isto muito bem acompanhado da cerveja Original -
que, confesso, gostei mais que o chopp
da Brahma que experimentei na Vila Madalena, umas horas antes.
Depois veio a pizza. E como quem sabe, sabe - deixei os meus
amigos escolher. Veio uma pizza enorme, que na verdade era um mix de três sabores,
cada qual melhor que o outro - com destaque para a Fosca, uma especialidade do
Bráz que leva presunto, queijo catipury, mozzarella e tomate.
Há mais de seis mil pizzerias em São Paulo - e este fenómeno
deve-se a um fluxo de milhares de imigrantes italianos, que aqui se estabeleceram
no final do séc. XIX, e que criaram uma das maiores comunidades de italianos do
mundo. Por isso não é surpresa que, tantos anos depois, haja uma tradição tão
forte de comida italiana em São Paulo.
Aliás: "diz" que a pizza paulistana é tão boa, que
até os "italianos de Itália" têm ciúmes.
2 comentários:
Bem, uma pizza assim tão "poética" só podia ser de comer deliciosa...!
Italianos de Itália. lindo :P
Se te acontecer como me aconteceu a mim quando andei por aí, ainda te vão perguntar se és português de Portugal! ;)
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