10/03/2007

PHARDAPUR BLUES

Novos ritmos.

Acordo sempre às oito e meia, às nove vêm-me buscar ao hotel para irmos tomar o pequeno-almoço com a família. Acontece o mesmo em todas as refeições: primeiro como eu, o Ashraft, o Sho Sho e o pai deles – os homens da casa. As crianças brincam à volta, as mulheres vão servindo. O Farooq junta-se a nós, já tem 17 anos por isso pode começar a comer quando já estamos a meio. Elas esperam. Nos cinco dias que passei em Phardapur, não vi as mulheres comer uma única vez.

Passo os dias entre a aldeia e as grutas, conversa-se muito e descansa-se mais, aproveito para começar a escrever. O Sho Sho vai cortar o cabelo e eu faço a barba e uma “hair massage”. Andamos sempre de mota, à boa maneira indiana – a três. Vamos a Ajanta comprar peixe (uma experiência que não recomendo aos mais impressionáveis). Compro o Dhoom 2, o sucesso do momento, e fazemos uma sessão de cinema no meu quarto. O Farooq fica viciado no Sonic. Conheço uns tugas do Porto e em cinco minutos descarrego quase três semanas sem falar português. O Ashraft continua com o seu fetiche com japonesas, e eu faço-lhe companhia. A aldeia está em alvoroço por causa das eleições locais, e os políticos oferecem álcool a quem prometer votar neles. O meu hotel é a sede de campanha de um dos partidos. Todos os dias falta a luz. O calor aumenta. Janto sentado no chão, com cabras e galinhas à volta, esporadicamente enxotadas pela mãe dos irmãos Ali.

Está-se bem em Phardapur.

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