Um autocarro para Aurangabad. Sais de Bombaim ao princípio da noite, uma hora depois do previsto, mais duas para sair da cidade. Dizem-te que vais chegar às seis da manhã, calha bem porque depois ainda tens mais três horas num autocarro local, provavelmente a abarrotar de gente e mercadorias, até chegares ao teu destino final: Phardapur, onde te esperam outros amigos.
Passas a noite à conversa com quatro estudantes de Engenharia Electrónica, são todos de Bombaim mas foram colocados em Aurangabad. Convidam-te para jantar, partilham bebidas e histórias, falam sobre Bollywood, as diferenças culturais entre a Europa e a Índia, os casamentos arranjados e projectos para o futuro.
Adormeces.
Acordas, são quase seis da manhã. O autocarro está parado na estrada. Um furo.
Ainda não sabes, mas vai demorar pouco mais de uma hora até ao autocarro estar novamente a andar. Entretanto perguntas a um dos estudantes quanto é que falta para chegar a Aurangabad. Pelas tuas contas, não deve faltar muito.
“Três ou quatro horas”, responde-te.
“Três ou quatro... mas são quase seis da manhã, devemos estar quase a chegar...”
“O condutor enganou-se no caminho, estivemos mais de três horas perdidos, mas agora já estamos no caminho certo.”
Sorris. Não tens pressa, não tens horários, provavemente há pessoas no autocarro a quem este atraso faz mais diferença. Sorris, porque sim. E sorris mais quando o indiano, com ar de quem diz o Obviamente Previsível e Aceitável, acrescenta:
“New Driver.”
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