16/03/2007

ORCHHA?

Chegas a Jhansi – cansado. Estás há horas dentro de comboios, sentado em bancos de madeira, apertado no meio de famílias inteiras a caminho sabe-se lá de onde. Durante a última hora, tiveste de aturar um gajo cheio de anéis e correntes e outros doirados (sim, com “i”), cabelo puxado para trás com óleo de côco, risco ao meio, pose estudada e um sorriso falso de dentes demasiado brancos e gengivas encarnadas do vício de mascar paan. A testa banhada em suor, a camisa muito apertada, manchada debaixo dos braços... e um jeito muito próprio de expulsar velhinhas do banco, para se poder sentar confortavelmente.

Chegas a Jhansi e já te queres ir embora, sabes que vais para uma aldeia chamada Orchha mas não fazes ideia para onde vais.

Pagas o dobro da tarifa normal pelo riquexó, quase nem discutes o preço porque não estás para isso. Sentas-te e o riquexó arranca, quase nem notas na paisagem que atravessas, nem pareces tu.

Os 16km que separam Jhansi de Orchha passam num instante, o tempo para acender um cigarro, fumá-lo com calma e renascer, mesmo a tempo... de te apaixonares.

A primeira coisa que vês são ruínas. Ao longe, junto à estrada: por todo o lado restos de outros tempos. Apetece-te saltar do riquexó, em andamento, e brincar ao Indiana Jones.

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