27/09/2012

A MINHA TERRA

A minha terra é feita de castelos com muralhas que desafiam a História, palácios que contam lendas encantadas, um nevoeiro que esconde segredos e dúvidas. A minha terra é feita de gotas de orvalho que reflectem cintilantes ilusões e magia, é feita do som dos cascos dos cavalos no asfalto, do toque suave do musgo húmido e gordo, do cheiro do chão que pisamos.

Plátanos e travesseiros, turistas e segredos, o mar ao longe e a lua de alcunha. A minha terra é assim: uma poção mágica.

Como não sou de ficar parado em casa (será defeito, esta constante comichão que me obriga a vadiar assim), um destes dias fui passear à Quinta da Regaleira. Não foi a primeira, nem a segunda, e muito menos a última vez que lá fui. Até na minha terra, eu viajo. E adoro. Cada detalhe, cada lenda: a Regaleira transpira misticimo.

Hoje partilho algumas fotos tiradas a pormenores da casa principal da Regaleira. Espero que gostem.









26/09/2012

LAR, DOCE LAR

Adoro o Porto, amo Lisboa... mas onde o meu coração bate mais forte é aqui:












22/09/2012

TAJ OUVIR?!

"Tou!"

A rapariga sentada no outro lado do corredor, a ler um livro, enche balões. Mas não tem balões. Nos lugares à minha frente, um casal de namorados enche balões. Também não têm balões. Dois bancos atrás, uma mulher de meia idade a olhar pela janela: enche balões. Mais ao lado, um rapaz com um portátil: e a encher balões. Não fosse o facto de não haver balões no Intercidades, esta carruagem era uma festa.

"Tou!"

"TOU! TAJ OUVIR?!"

Ao fim uma hora, já não há balões para encher. E começam a aparecer os sorrisos: isto é mais do que Ridículo, isto é mais do que Absurdo, isto é Obsceno.

O Senhor de Bigode que Grita ao Telefone desde que saímos da Campanhã tem 52 anos, tem dois filhos casados, tem uma amiga de 49 anos que já sofreu muito na vida mas é muito boa pessoa, tem uma amiga marota que não responde às cartas que ele lhe escreveu, tem um amigo a quem ele deseja tudo de bom, e que não tenha mais problemas com a justiça, e tem uma madrinha em Lisboa que o vai receber, a quem garante que não toca em vinho há mais de 4 meses. O Senhor que Grita ao Telefone é de Paços de Ferreira e:

"Olhaaa! As calças até já me caem pelo cu abaixo, emagreci dez quilos!"

Isto é Pornográfico. Depois de quase uma hora a bufar, quase outra a rir. É impossível não rir. Olho para a menina do outro lado do corredor, para o casal à minha frente, a mulher e o rapaz do computador: rimos. Rimos uns com os outros, com o espectáculo, com este homem que ocupa muito mais que o lugar que vem impresso no bilhete, ocupa uma carruagem inteira do comboio que me traz de volta a Lisboa.

"A tua vida corre bem? Estás encaminhado? Tens companheira? Sabes que eu gosto muito de ti. Eu enviei-te uma carta, não recebestes?"

"UMA CARTA!"

"És muito inteligente, e és muito boa pessoa. Eu estou aqui a rir, mas sabes que eu estou a chorar por dentro. Gosto muito de ti."

Mas quem é que é este gajo que não só grita como se em vez do telefone, estivesse a usar uma latinha presa a um fio; como liga a todos os contactos que tem na lista, e de todos quer saber novidades, e quer contar novidades, como se fossem as últimas?

Há qualquer coisa de triste nisto.

"Tens falado com o teu informador?"

"O TEU ESPIÃO!"

Ao entrar na carruagem, o revisor dá um passo atrás como se alguém lhe tivesse atirado alguma coisa à cara. Fica pasmado, de boca aberta, a assistir ao espectáculo que dura há quase duas horas. Bilhete a bilhete, lá se vai aproximando do Senhor que Grita ao Telefone:

"Ó amigo, olha que gasta o saldo todo."

Vou vomitar. O cheiro do "pica" grita ainda mais alto que o outro.

"Não faz mal, são eles que pagam."

"Então fale mais baixo, que as outras pessoas não têm nada a ver com isso."

Uma gargalhada:

"Sou surdo!"

O revisor vai embora, e pouco depois a bateria do telefone do Senhor que Grita ao Telefone também vai embora. Não há balões - e não há foguetes. Mas se os houvesse.

Quase uma hora depois, o Intercidades que vem do Norte chega finalmente ao Oriente.

21/09/2012

A INEBITÁBEL FRANCESINHA E OUTRAS SURPRESAS

Ontem fomos almoçar outra vez ao Bolhão, mas acabei por não comer a prometida baba de camelo. O tasco estava tão cheio que optámos por ir a outro - e quando acabámos de comer, já era tarde e não deu para comer a tão apetecida sobremesa. Fica para a próxima.

Para a noite estava prometido um churrasco na varanda, mas a cidade trocou-nos as voltas e, surpreendentemente, fizémos o inevitável. Sim: francesinhas. Mas cada coisa a seu tempo.

Primeiro passei no escritório da Tripas Tees, o projecto de uns amigos que vale a pena espreitar, muito boa onda - e ainda tive direito a uma t-shirt e tudo. Hoje volto para Lisboa com a mochila cheia: é a t-shirt, é um livro sobre a invasão de Goa (dedicado ao meu bisavô) que o Inácio Rozeira me deu, são uns rebuçados da Régua que comprei no Bolhão... hmmm... e as saudades, essas enchem-me outra mochila inteira ;)

Continuando: a seguir às t-shirts fomos beber um fino à Casa de Ló (onde era vendido antigamente o famoso pão-de-ló de Margaride) e depois seguimos pela cidade fora até ao Aviz, onde comi a inevitável francesinha. Estava boa. Não foi a melhor francesinha da minha vida - mas estava boa.

E para o final ficou a surpresa da noite. Sentámo-os ali perto para mais um fino e conversa, que invariavelmente derivou para as viagens e os grupos nomad - e acabámos a celebrar a nostalgia por outra das nossas cidades preferidas: Istambul.

O Inácio a falar da sua experiência com os grupos do Expresso do Oriente, e eu com a Odisseia Turca - e o Tiago também ia participando mas um pouco mais tímido, pois conhece a cidade (e é outro apaixonado) mas não tanto quanto nós. Sentados na noite portuense a beber Super Bock, viajámos pela Istiklal Caddesi e por Sultanhamet, visitámos a Mesquita Azul e a Igreja de Chora, espreitámos restaurantes à beira do Bósforo e recantos junto à Torre de Galata. Que saudades de Istambul.

Quando nos levantámos para ir pagar, reparei no nome do restaurante a que pertencia a esplanada: Divan. Restaurante... turco.

Não estou a brincar - foi mesmo assim. De repente, toda aquela divagação ganhou um significado diferente. De sorriso colado, lá fomos até ao balcão pagar - e então reparei num recorte de jornal emoldurado na parede, e descobri que aquele lugar era ainda mais especial: nesta mesma casa, em 1861, Camilo Castelo Branco e Ana Plácido sentaram-se no banco dos réus para serem julgados pelo crime de adultério.

"Cairam as tardes daquele Outono em agonia lenta e logo as luzes se acendiam nesta sala a iluminar frouxamente os rostos dos dois amesquinhados por grande parte da sociedade portuense."

Vou daqui a nada embora para S. Bento, de onde sigo para a Campanhã, de onde sigo para Lisboa. É uma espécie de rewind de terça de manhã, quando vim para cima. Foi uma passagem rápida pelo Porto, como quase sempre. E, como quase sempre, intensa. Boa comida, melhor companhia, e à volta um cenário absolutamente obrigatório. Esta cidade está, a cada visita, melhor.

Mas tenho de pedir desculpa aos meus amigos tripeiros, porque nesta quase-despedida não consigo tirar Istambul da cabeça - e é de Istambul que são as próximas fotos. Prometo que depois partilho algumas da Invicta. ;)









20/09/2012

O ADMIRÁBEL PORTO NOVO

Como dizia um anónimo-fenómeno de antigamente: estou... marabilhado!

Estes dias no Porto têm-se revelado uma constante surpresa. Não só pelo trabalho em si (ultimar a passagem de ano no Cambodja, preparar o Transiberiano do próximo ano, desenhar um novo destino para 2013, entre tantas outras coisas) mas pelas almoçaradas e noites, as horas intermináveis de conversa e risadas; as viagens sem sair do lugar, enquanto se bebe um fino fresquinho.

BIAGENS, BIAGENS E MAIS BIAGENS

Cinco líderes de viagem nomad sentados à mesma mesa é um acontecimento raro - mas aconteceu, ontem à noite. E claro que com uma pandilha destas, a conversa é o que se está à espera: biagens, pois claro. Com "B", é assim mesmo, não me enganei. À Porto.

Os grupos, as peripécias, os momentos inesquecíveis, os planos para aventuras futuras - e a Índia. Se há coisa que é mais-ou-menos comum a todos: esta paixão. Este lugar sem definição. Esta ideia, esta extravagância, este ponto de exclamação. Ontem falou-se de hotéis e caganeiras, de comboios e bebedeiras, de velhos tempos, de portugalidade em Goa, de personagens e peripécias, do meu bisavô, dos amigos, de tudo-e-mais-alguma-coisa.

Mas Índia e histórias da Índia à parte: o Porto.

O PORTO!

Ontem, quando "terminou o serviço", picámos o ponto :) e fomos dar (mais) uma volta pela cidade. Dos Clérigos aos Aliados, São Bento e Batalha... mais um fino... e eis que paramos num tasco mínimo, cujo nome não me consigo recordar, mas que me foi apresentado como "os cachorrinhos da Batalha".

"Os cachorrinhos da Batalha" são o que o nome diz: uns cachorros-quentes pequeninos, muito mirrados, sem salada nem batata-palha nem acrescentos desnecessários que a modernidade inventou. É pão tostado com salsicha, com um bocadinho de piri-piri, tudo muito condensado, cortado em fatias pequenas. De-li-ci-oso!

Vim para o Porto a pensar em francesinhas - e ainda não comi uma. E não me parece que vá comer uma, desta vez. Já experimentei sandes de pernil com queijo da serra, já comi cachorros-quentes, já bebi minis no recordista nacional... espera-me mais o quê?

Espera-me uma baba de camelo, hoje ao almoço, que uma senhora do mercado do Bolhão prometeu fazer especialmente para mim, hoje ao almoço. Bem vindos ao Porto, carago!

19/09/2012

E BIBÓ CAMBODJA!

10... 9... 8... 7...

Já começou a contagem decrescente para a passagem de ano - e a nomad já "lançou" a viagem que vamos organizar, em conjunto, para celebrar a ocasião.

De 29 de Dezembro a 06 de Janeiro, eu e mais 10 aventureiros vamos explorar o Cambodja e Bangkok, a capital tailandesa. São nove dias de emoções fortes e sabores intensos, sorrisos, cores e espiritualidade. E muitas compras também! ;)

Mais info em: PASSAGEM DE ANO NO CAMBODJA COM JORGE VASSALLO

Esta é só uma das aventuras que estou a ultimar esta semana, na agência. O programa já o tinha feito, a viagem lançada - até já temos algumas inscrições. Não tarda esgota. :)

Eu sei que Setembro no fuidarumavolta é dedicado às minhas voltas em Portugal... mas passei parte do dia a viajar, dentro desta sala com vista para os Clérigos, pelos templos de Angkor - e deu-me cá umas saudades de comer Chicken Amok, de rir com o meu amigo Batman, de fazer massagens khmer, de ver o sol a nascer por trás do mais espectacular templo do Mundo...

6... 5... 4... 3...























Mais info sobre esta aventura em:

PASSAGEM DE ANO NO CAMBODJA COM JORGE VASSALLO