13/03/2014

A GEOGRAFIA DOS SONHOS

O sonho que tive na noite passada só vem confirmar aquilo que já estava confirmado. Algo que não é novo e todos sabemos: a geografia sonhada é um caótico reflexo de emoções e experiências, sem nexo nem ordem, nem lógica nem explicação.

Neste último sonho, a Praia das Maçãs ficava paredes-meias com Badajoz, e tinha um centro histórico que parecia uma mistura de Kiev e Praga.

Passei o sonho todo numa ansiedade enorme com a atmosfera industrial do lugar. O governo espanhol estava empenhado em transformar a cidade fronteiriça num centro de peregrinação budista, e por todo o lado havia obras. No horizonte cinzento e castanho erguiam-se enormes gruas e ainda-maiores estátuas de Budas sentados. Por todo o lado havia pó - e nas ruas da Praia das Maçãs era chocante o aumento do lixo acumulado, por causa dos indianos que vinham em peregrinação para Badajoz.

Tinha deixado uns amigos num hotel do centro histórico, depois de uma confusão qualquer com uma manifestação de ucranianos... e quando descia de mota na direcção da Praia Grande, um polícia mandou-me parar e disse-me que não podia circular naquela rua, porque era só para peões.

"Mas eu conheço bem esta zona e nunca foi assim", respondi.

Ao que o agente me informou:

"Agora mudou. Se quer ir para aquele lado tem de ir dar a volta por Colares, ou então pode ir por ali", e apontou para um viaduto em construção, "ainda não está terminado, mas já tem condições para ser usado."

Desconsolado com a explosão de cimento, pó e lixo, lá avancei pelo viaduto - e acordei com um nó na garganta. Que salganhada de geografias e referências.

3 comentários:

Clara Amorim disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Clara Amorim disse...

Praia das Maçãs paredes-meias com Badajoz...!!! Esta teve piada! ;)

Joana Fragoso disse...

ACho que estás a precisar de vir a casa para teres a certeza que está tudo no mesmo sitio e descansares um bocadinho, não achas?

bjss