12/01/2014

IT'S THE FINAL COUNTDOWN!

Fui dar uma volta à manifestação, para ver como estão os ânimos para amanhã.

Tanta gente. Centenas de milhar. Provavelmente milhões. Demorei horas só para me aproximar do Monumento da Democracia, em pacientes e sorridentes filas que serpenteavam entre a multidão, na sua grande maioria sentada a ouvir e a aplaudir os discursos, a conversar e a rir, a comer, a entoar as canções que vão sendo cantadas pelos artistas convidados, a soprar os apitos que são um dos símbolos desta revolução. O ambiente: muito familiar. Avós arranjadinhas, velhos motoqueiros e miúdos que amanhã não têm escola. As escolas vão fechar quase todas, por precaução. Muitas famílias, muita gente que veio de fora, alguns estão acampados aqui há dias, já os tinha visto. Mas outros chegaram só hoje, estão em casa de familiares, ou em hotéis. A revolução também é boa para o negócio. Pelo menos hoje. Amanhã há-de afectar mais do que estes efeitos colaterais. Amnhã pára tudo.

Mas voltado ao ambiente: às vezes dava-me a impressão que estava no piquenique do Tony Carreira, outras parecia que tinha aterrado na Concentração de Faro, ou no Rock in Rio. Mas é uma revolução. Feita de discursos e esperança, de música e ambição, mas também de souvenirs e comida e pequenos nadas, e das lojinhas a fazer pela vida, das massagens para quem está cansado, água e sopas oferecidas pelos voluntários, assistência médica, posters do Che Guevara e do Bob Marley, sorrisos de todas as idades, pins com a cara do rei, poetas a declamar poemas, smartphones a fazer selfies, miúdos a brincar, pequenos "robots" com máquina fotográfica acoplada a voar pela multidão.

E no fim: ta-na-na-naaa, ta-na-na-na-naaaa... it's the final countdown! Ta-na-na-naaa. Não estou a brincar. Conhecem a música, certo?

Estou estafado. Deixo aqui alguns momentos desta volta de hoje, vou dormir porque amanhã é outro dia. Amanhã é "o" dia. Espero que corra tudo bem. Mas também não sei o que significa "correr tudo bem", numa situação destas.

Que se faça História. Mas sem sangue nem razões para abrir noticiários. Que seja uma revolução, como parecia hoje à noite, feliz.










2 comentários:

Clara Amorim disse...

E amanhã imagino que vamos ter notícias ao minuto...!
Take care... :)

curioso disse...

Que emocionante! EStás a assitir a momentos históricos. Aproveita mas tem cautela pois, nunca se sabe em que isso se pode transformar. Se vires que está-se a tornar violento sai logo daí. abraço forte dum seguidor deste blogue muito curioso.