É PRECISO TER LATA!

Diz o ditado que quem não arrisca, não petisca - e a semana passada em Buenos Aires foi o exemplo perfeito disso.

Rebobinemos a cassete até ao arranque desta aventura, numa agora-longíngua São Paulo: em conversa com a Leninha e o Inácio, "viajámos" pela América do Sul e obrigatoriamente "passámos" por Buenos Aires. Eu tinha dois contactos-de-contactos que eventualmente me poderiam dar guarida; e o Inácio tinha recebido um e-mail de um português que lá vivia, que também gostava de viajar e tinha ficado entusiasmado com a viagem deles. Pudera.

Já nem me lembro o processo de eventos e ideias que deu origem ao meu momento de grande lata, mas a verdade é que dei por mim, a certa altura, a enviar um e-mail a uma pessoa que não conhecia, que nem sequer era amigo de amigos - a perguntar-lhe se tinha guarida para mim e para o Bunty. Exactamente: é preciso ter lata.

Felizmente, a resposta foi positiva. E alguns dias depois, quando aterrámos em Buenos Aires, apanhámos um taxi para a morada que nos foi indicada e encontrámos um prédio antigo de três andares, muito clássico, com a fachada pintada por algum artista local. Como chegámos muito cedo, decidimos tomar o pequeno-almoço primeiro, e ficámos a "queimar tempo" ao sabor de umas medialunas e um cortado, o típico pequeno-almoço de Buenos Aires.

Os ponteiros do relógio finalmente chegaram a uma posição menos constrangedora e decidimos então tocar à campaínha do nosso anfitrião durante os dias seguintes.

Resumindo: conhecemos um casal (Álvaro e Marta) incansável enquanto anfitriões, muito descontraídos, sem cerimónias, que nos deixaram à vontade desde o primeiro minuto. E porque Portugal é a ervilha que já se sabe, claro que tínhamos amigos em comum. Junte-se estes ingredientes todos, alguns almoços e jantaradas, vários passeios e visitas, saídas à noite - e tudo regado a bom vinho e com muita conversa pelo meio... os nossos dias de Buenos Aires não teriam sido os mesmos se não fosse o Álvaro e a Marta.

Muito obrigado, amigos.