03/12/2013

A EPOPEIA DA AMIGDALITE (parte 1)

Os últimos dias não têm sido nada fáceis... e por muito que apeteça, entre o que tem-de-ser e o que pode-ser, não tenho conseguid juntar energias para escrever.

Vamos então a um update desta amigdalite que nunca mais desampara a loja:

Amigdalite, dia 1:
Luang Prabang, 19:00

Arrepio-tsunami durante a massagem, não consigo parar de tremer. Volto para o hotel de mota, passo na farmácia mas recuso antibiótico, isto não é nada, é só umas dores de garganta, sai umas pastilhas, se faz favor.

Noite inteira com febre superior a 39C. O meu amigo Xay fica a tomar conta de mim. Incansável.

Amigdalite, dia 2:
Luang Prabang

Não tenho energias nem condições para levar a Conceição ao aeroporto. Despedimo-nos no hotel e o Xay faz as honras da casa. No regresso, "obriga-me" a ir para o hospital. Quando me vê, o médico manda-me deitar-me numa marquesa. Espetam-me uma agulha na mão esquerda, fico "ligado" ao antibiótico durante uma hora. A enfermeira - muito gira, por sinal - chama-me "bebé".

Sinto-me melhor, no regresso ao hotel. Começo a tomar os antibióticos que me deram no hospital. Fico a tarde toda a descansar, o Xay vai trabalhar. Faço as malas e ao fim da tarde o meu amigo vem buscar-me, para me deixar no aeroporto.

Voo para Hanoi. Chego à noite, sem reserva. Na rua onde costumo ficar instalado, alguém que me conhece, alguém que eu reconheço dali da rua, chama-me e diz-me para ficar no seu hotel, que me faz um desconto no quarto. Lembro-me que já estive lá hospedado, há três ou quatro anos, não era mau. Faço o check-in. O quarto: óptimo. Durmo que nem um bebé.

Amigdalite, dia 3:
Hanoi

Vou de manhã ao aeroporto, para ir buscar a Wania, uma senhora brasileira que já viajou comigo no Transiberiano. Ela faz anos, mas quem recebe um presente sou eu: uma t-shirt do Rio. Fico logo mais bem disposto. Almoçamos juntos e à tarde volto para o meu quarto, preciso de descansar, preciso de recuperar energias para o grupo que chega amanhã.

Ao chegar ao hotel, tenho uma surpresa: preciso de mudar de quarto. Digo que estou contente com aquele, dizem-me que não posso, que tenho de pagar mais, dizem-me que têm outro para mim e que até é mais barato. Não tenho energias para discutir, além de que estou convencido que me vão dar um quarto mais pequeno, no mesmo hotel. Aceito. E então levam-me para um prédio na mesma rua, três ou quatro números abaixo. Um restaurante abandonado com quartos em cima. Entro e não gosto. Não é péssimo... mas não gosto. Queixo-me que não tem luz (só há uma janela pequena a um canto) e que o colchão parece-me muito fino. O rapaz diz que vai avisar na recepção e que vão tentar mudar-me para outro quarto. Sento-me à secretária e escrevo um post no blog, respondo a alguns e-mails, converso com amigos. Faz-se noite, é hora de jantar. Levo a Wania ao meu restaurante preferido, é os anos dela. Sinto-me um pouco mais cansado, mas bem.

Amigdalite, dia 4:
Hanoi

Acordo: um zombie. Não dormi nada a noite toda. Quando voltei do restaurante, na noite passada, fiquei um pouco no skype à conversa com um amigo - e quando me fui deitar... não consegui adormecer. O colchão, além de fininho, era duro que nem uma pedra. Dei voltas e reviravoltas, suei insultos e ensaiei discussões. Acordei sem forças e com alguma febre. Desci com as malas e anunciei que ia fazer check-out. Concerteza. Começaram a fazer as contas, tudo em silêncio, eu preparado para esgrimir argumentos e nada. Conta paga e disparei levezinho:

"Tens noção que eu ia ficar quatro dias. Saio agora porque o quarto era nojento, a cama era horrível, não dormi nada e estou mais doente do que quando cheguei."

"Sorry", foi a resposta.

E assim nos despedimos

Virei a esquina e pedi socorro ao Trung, o manager do hotel onde ficam os meus grupos da Nomad. Ele arranjou-me um quarto e um chá, deu-me pequeno-almoço e a atenção que eu precisava. Só me apetecia chorar.

Entretanto havia trabalho a fazer. Às nove e meia da manhã apanhei um táxi para o aeroporto, o novo grupo chegava hoje. E poupando nos detalhes: passei o dia inteiro entre hotel e aeroporto... só consegui parar às nove da noite. Estava estafado, sentia-me - desculpem-me o português - uma merda.

Hmmm... desculpem-me mas tenho que sair. Tenho um comboio para apanhar. Amanhã conto o resto.

1 comentário:

LV disse...

Ainda bem que falei contigo hoje, já depois desta epopeia toda. Realmente .... coitado de ti, e esse hotelzinho é riscá-lo já do mapa ....
Vamos esperar que a parte 2 desta epopeia melhor consideravelmente ....