06/08/2013

ONTEM, HOJE E AMANHÃ

Depois de um domingo santo - em que andei a "fazer piscinas" entre hotel, aeroportos e uma das nove estação de comboios de Moscovo -, arrancou finalmente a terceira edição do Transiberiano. Desta vez viajo com 12 pessoas, cada qual com as suas expectativas e experiências - eu próprio estou curioso em descobrir que tipo de dinâmicas e interacções vamos viver, ao longo dos próximos 20 dias.

Ontem o tempo esteve feioso, aqui em Moscovo. De manhã ameaçou sempre chover, tivemos algumas abertas e chegou mesmo a choviscar - mas por pouco tempo. Sem drama. Começámos com uma volta de eléctrico até Kitay Gorod e seguimos a pé até à Praça Vermelha, onde visitámos a Catedral de São Basílio, o ex-libris da Rússia. Depois atravessámos a Praça Vermelha e o icónico GUM, descemos ao longo das muralhas do Kremlin e do rio até à Igreja do Cristo Redentor; atravessámos a ponte para a ilhota onde fica a antiga fábrica de chocolate... e almoçámos num restaurante georgiano que adoro, não só pela comida mas pelo calor do atendimento.

À tarde, apesar de algumas abertas, continuava a ameaçar chuva. Trocámos as voltas às voltas e deixámos o Parque Gorky para melhores meteorologias, atravessámos a ponte de volta para a outra margem e descemos para o metro, onde estivemos quase três horas, saltitando entre estações e linhas - até estarmos enjoados de tanta confusão.

Quando chegámos à estação "final" deste passeio, a VDNKh, começámos a reparar na quantidade de pessoas que desciam encharcadas, com chapéus de chuva a pingar, cabelos, roupa... enfim, ainda nem tínhamos subido e já sabíamos o que nos esperava. Mais ou menos.

Sabíamos que estava a chover - e estava mesmo. Uma carga de água monumental, relâmpagos e trovoada que só não pareciam incomodar as estátuas do Parque. De resto, só se viam pessoas a correr com chapéus de chuva coloridos que, vistos do espaço, deviam ser como os bonequinhos do Pacman perdidos no labirinto.

Sabíamos que estava a chover - e que muito provavelmente não íamos conseguir passear mais. Mas a ideia de nos enfiarmos no metro outra vez, em hora de ponta... não apetecia nada.

Fui à procura de um café, ou de um restaurante - qualquer coisa onde nos pudéssemos abrigar, beber uma cerveja, esperar que o tempo melhorasse. Que o tempo passasse.

E então aconteceu o inesperado. Porque sabíamos que estava a chover, mas nunca imaginámos que íamos acabar o dia a beber cervejas num restaurante russo com famílias a beber sumos de laranja, uma senhora a cantar ao microfone num palco que a partir das nove da noite é para uso esclusivo do karaoke, bolas de espelhos desligadas que eram como uma promessa/ameaça daquilo em que este lugar se transforma a meio da noite, até às tantas da manhã.

Este lugar tinha tanto de tradicional como de perverso. Gostei. Bebemos umas cervejas, partilhámos histórias, rimos. E ao princípio da noite, quando alguns dos clientes mais alegres já começavam a dançar entre as mesas e a cantar como se tivessem um microfone à frente, saímos para a rua outra vez. Ainda caíam alguns pingos, mas nada que nos assustasse muito. Antes chuva que russos bêbados.

Voltámos a mergulhar nas profundezas do metro e atravessámos meia cidade até ao nosso hotel, onde petiscámos umas sanduíches antes dos "até amanhã".

Hoje a aventura continua. Espera-nos o Kremlin e, se tudo correr bem, o Parque Gorky. Ou quem sabe algum museu, se estiver a chover. A ver vamos: a internet diz que sim, que deve chover qualquer coisa à tarde. Pode ser que não.

E amanhã: comboio!

1 comentário:

Clara Amorim disse...

Espero então que o S. Pedro ajude! E logo cá nos encontramos para mais peripécias!!!
PS. Será que há alguém supersticioso no grupo? ;-)