Esta volta em que me vou lançar brevemente, por exemplo. Em 99 dias vou atravessar alguns países da América do Sul - sete a
nove, pelas minhas contas. Não preciso de visto para nenhum deles. Ou seja: nem
me dei ao trabalho de procurar seja o que for. Teoricamente, só tenho que
chegar à fronteira, mostrar o passaporte, esperar pelo carimbo - e já está.
Fácil.
Parece fácil.
O Bunty - meu companheiro de viagens indiano, que também vai
fazer esta viagem comigo - já não pode dizer a mesma coisa. Enquanto eu andava
às voltas com os grupos na Indochina, este meu amigo anda a tratar de vistos.
Há dois meses.
Contactámos amigos em vários países para escreverem
cartas-convite, preparámos calendários e rotas ao pormenor e ele tem andado de
embaixada em embaixada, juntamente com um "agente" que ele acha muito
profissional mas que eu acho um amador do pior - enfim. Documentos,
certificados, extratos, cópias disto-e-daquilo - até a entrevistas foi. Ao
todo, já produziu cerca de duzentos documentos, ao longo das últimas oito
semanas.
O Bunty era para ter chegado ontem a Portugal. Mas ontem o
passaporte ainda estava retido na Embaixada de Espanha, à espera de saber se lhe
atribuíam o visto Schengen ou não. Já provou que vai voar de Barcelona para São
Paulo, que tem vistos para não-sei-quantos países na América do Sul; já lhes
mostrou toda a calendarização da viagem, as cartas-convite e até extratos
bancários - dele e da mãe! - e mesmo assim não há maneira de se decidirem.
Era para ter voado ontem e não voou: perdeu dinheiro com as
reservas e cancelamentos dos voos, e está neste momento sentado num quarto de
hotel, de malas feitas porque não vive em Delhi... à espera que lhe digam
alguma coisa - à espera de ter autorização para viajar. Vamos lá ver se ainda
consegue chegar a Barcelona a tempo do voo para o Brasil.
Parecia tão fácil.
E mesmo a esta distância, é nestas alturas e com estes
exemplos que me obrigo a um reposicionamento, que percebo o valor que têm pequenos
nadas como "não ter de me chatear".
1 comentário:
Bem, resta-me desejar muito boa sorte para o Bunty!!! Certamente que há-de chegar a tempo a Barcelona...! :)
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