07/02/2013

A REVOLUÇÃO DO SILÊNCIO


A Hànôi que eu deixei na semana passada, engalanada para receber o Ano da Serpente, é uma Hànôi que - tenho cá um feeling - nunca mais vou ver. Tenho a sensação que começou, este ano, uma nova revolução na cidade.

A Revolução do Silêncio.

Para ser muito sincero, acho que nem "eles" deram por isso, ainda. "Eles", os habitantes de Hànôi. Pela primeira vez desde que vou com regularidade à capital vietnamita, vi circular na rua dezenas de motas eléctricas. Não foram as primeiras, já tinha visto algumas antes - mas nunca tantas. O número está a aumentar a olhos vistos, e desta vez até encontrei lojas que vendem exclusivamente estes modelos.

A Revolução do Silêncio: porque, segundo aquilo a que assisti em Pequim, além das vantagens ecológicas, estas motinhas não fazem barulho nenhum - e isso muda muito a cidade. Muda a paisagem. Muda tudo.

O ruído também é paisagem à nossa volta. E a falta de ruído: é como deitar um prédio velho abaixo, é como recolher o lixo de uma praia, é como retocar uma fotografia em photoshop. A paisagem muda com os ruídos e a falta deles, da mesma forma que muda com as formas, com os cheiros, com os movimentos.

A Hànôi do futuro é mais silenciosa. Acredito que sim. E se hoje já se ouvem, entre as buzinas e motores, o cantar dos passarinhos em gaiolas penduradas por toda a cidade - imagino no futuro.

Já estou com saudades desta Hànôi que aí vem, um dia destes - espero que depressa.

3 comentários:

Clara Amorim disse...

"Revolução do Silêncio"... Gostei do conceito!!!

Marina disse...

Silêncio é bom :) Ouvir passarinhos numa cidade que anda a mil à hora? Quer ver e ouvir :)

kyta disse...

Em Lasha (Tibete) pude viver essa sensação de silêncio... Nunca tinha estado numa cidade com tanto silêncio proveniente quer de motos quer de veículos ligeiros ou pesados... Tudo elétrico!