A Hànôi que eu deixei na semana passada, engalanada para
receber o Ano da Serpente, é uma Hànôi que - tenho cá um feeling - nunca mais vou ver. Tenho a sensação que começou, este ano, uma nova
revolução na cidade.
A Revolução do Silêncio.
Para ser muito sincero, acho que nem "eles" deram por isso, ainda. "Eles", os habitantes de Hànôi. Pela primeira vez desde que vou com regularidade à capital
vietnamita, vi circular na rua dezenas de motas eléctricas. Não foram as primeiras, já tinha visto algumas antes - mas nunca tantas. O número está a aumentar a olhos vistos, e desta vez até encontrei
lojas que vendem exclusivamente estes modelos.
A Revolução do Silêncio: porque, segundo aquilo a que
assisti em Pequim, além das vantagens ecológicas, estas motinhas não fazem
barulho nenhum - e isso muda muito a cidade. Muda a paisagem. Muda tudo.
O ruído também é paisagem à nossa volta. E a falta
de ruído: é como deitar um prédio velho abaixo, é como recolher o lixo de uma
praia, é como retocar uma fotografia em photoshop. A paisagem muda com os ruídos e a falta deles, da mesma forma que muda com as formas, com os cheiros, com os movimentos.
A Hànôi do futuro é mais silenciosa. Acredito que sim. E se hoje já se ouvem,
entre as buzinas e motores, o cantar dos passarinhos em gaiolas penduradas por
toda a cidade - imagino no futuro.
Já estou com saudades desta Hànôi que aí vem, um dia destes
- espero que depressa.
3 comentários:
"Revolução do Silêncio"... Gostei do conceito!!!
Silêncio é bom :) Ouvir passarinhos numa cidade que anda a mil à hora? Quer ver e ouvir :)
Em Lasha (Tibete) pude viver essa sensação de silêncio... Nunca tinha estado numa cidade com tanto silêncio proveniente quer de motos quer de veículos ligeiros ou pesados... Tudo elétrico!
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