No domingo passado, fui convidado para ir almoçar com uns
amigos. Como sabiam que sou bom garfo e gosto de experimentar "coisas
novas", levaram-me a um "buffet de domingo vietnamita". Eu não fazia ideia
sobre o que era um "buffet de domingo vietnamita".
Assim que parámos a mota à orta do restaurante, avisaram-me que era
caro, "se preferires ir a um sítio mais barato não faz mal".
Eu fiz-me de Quase Ofendido e fiz questão de comer ali.
Eu fiz-me de Quase Ofendido e fiz questão de comer ali.
O restaurante chama-se Sen Hà Thành, ou Sen Tâi Hô, ou Sen
Nam Thàn... não tenho a certeza, havia três nomes à entrada, todos da mesma
família - e eu estava num deles.
Primeira impressão: o chão. Gostei e tirei logo duas
fotografias para acrescentar ao álbum da minha página no facebook.
Um empregado começou por nos indicar uma mesa no primeiro andar - mas nem nos
sentámos logo, porque tivemos de descer ao rés-do-chão para nos servirmos do almoço.
Servi-me
de uma tigela de sopa de abóbora, "tens de entregar ao empregado que ele
depois leva", obedeci às instruções e voltei à carga. Uma salada de manga
verde aqui, uns rolinhos vietnamitas ali, mais uns camarões com óptimo aspecto,
bifinhos de vaca guisados, arroz "cinco cores"... e isto deve ser
língua de boi, deixa cá experimentar um bocadinho... e isto, desculpe, o que é
isto... pulmões de cabra?
Enchi dois pratos e entreguei ao empregado, ainda me
perguntaram se queria mais, ao que respondi "não obrigado, já levo imensa
comida, nem sei se consigo comer tudo isto."
Sentámo-nos. E o espectáculo começou.
Começaram por servir a sopa, mas à medida que a comíamos
foram pousando os pratos na mesa. Os seis pratos. Nós éramos três. E assim que
a tigela já sem sopa foi levantada, "trouxe sushi para todos, sirvam-se à
vontade" e comentários do género. A comida era para partilhar - ok, nem me
lembrara disso antes, mas adapto-me bem à coisa, continua a ser seis pratos
para três, nada muda.
Pensava eu.
Qual não foi a minha surpresa quando surge um vietnamita de
chapéu de cowboy a segurar num facalhão e num espeto, de onde três nacos de
picanha brilhavam a olhar para mim.
"Queres?"
"Quero."
E depois da picanha veio ananás no espeto, e um tabuleiro
com um peixe delicioso, e outras coisas que não sei dizer o nome. Os pratos na
mesa foram sendo levantados, à medida que ficavam vazios - e quando eu achava
que estava prestes a rebentar e que era chegada a hora de pedir a conta:
"Vamos lá abaixo buscar a segunda rodada."
Antes de avançar, deixem-me que vos descreva um pouco o
ambiente em redor. O restaurante, composto de várias salas em vários andares,
estava lotado. Eram 11 da manhã - e estava completamente cheio. Muitos grupos
de amigos, um ou outro casal... mas na grande maioria: famílias. Famílias
inteiras, vietnamitas, nem um estrangeiro na minha sala, nem um estrangeiro em
todo o restaurante. Crianças a correr de um lado para o outro, crianças a
chorar, adolescentes de aparelho agarrados ao iphone, criancinhas de colo com
ipad à frente, para não chorarem, a ver desenhos animados, a ser
estupidificados logo aos seis meses de idade... maridos e respectivas sogras,
gente de sucesso, muitos relógios dourados e saltos altos, a roupa de domingo -
tudo a rigor.
Estão a ver o cenário, não estão?
Continuando.
Já sem muita imaginação, optei por um esparguete com molho
de marisco. Levei tubarão e recusei lulas, apesar de que tinham bom aspecto.
Experimentei salada russa e uns fritos que não sei identificar. E quando me
sentei novamente à mesa, para a segunda rodada, foram servidos cinco pratos
cheios para os três. Eu tinha sido o único a encher um só prato.
Obviamente que não se comeu tudo - pois tínhamos de guardar
um pouco de apetite para a sobremesa.
"Só como um bocadinho de fruta," declarei.
Mas no meu prato acabou por vir ananás, pêra, melancia e um
fruto cujo nome não conheço, mas de que gosto muito... e uma mousse de
maracujá, uma espécie de pudim flan e ainda uma gelatina. Nos pratos dos
outros: mais fruta, doces e bolos - tudo para partilhar.
Só de visualizar a cena, sinto-me a rebentar outra vez.
Não comi o resto do dia, claro está - e se já me sentia meio
adoentado (que sina esta a minha, acontece sempre que chego a Hanói, na
primeira Indochina da época), pior fiquei ao fim deste tão empaturrado domingo.
Saímos do restaurante à uma da tarde - a rebolar.
E a conta: 10 euros por pessoa. Dez. Inacreditável.
4 comentários:
Ena! Que grande almoço!
Até eu fiquei empanturrada!!! :)
acabei de ler e acho que vou estar sem comer durante uma semana!!!!
Até eu que sou um BOM GARFO já fiquei cheio só de imaginar!
Finalmente consegui ler este post e eu que ía jantar fora .... secalhar já não vou, não consigo .... Estou mesmo embuchada e para finalizar iria pagar 20€ por um mísero pratinho .... Não vou, já não me apetece ....
Boa experiência mas cuidado com a barriguinha .... eheheh!
Enviar um comentário