Costumava dizer, em jeito de piada, que devia ser o único
português que nunca tinha ido ao Brasil. Não porque tivesse algum orgulho
nisso, nem porque tivesse algum tipo de resistência em visitar o "país
irmão"... mas simplesmente porque ainda não tinha "calhado". A
Ásia sempre chamou mais alto, e eu fui adiando. Nada de novo, até aqui.
É engraçado que, depois de 15 dias no Brasil (apesar de
parecer mais, pelo tempo que deixei "arrastar" as crónicas e as
fotos), um dos sentimentos mais fortes que levo comigo é que "já devia ter
vindo cá antes". Sinto que vim tarde. Primeiro, porque há tanto
para explorar e o tempo nunca é suficiente; mas também porque talvez haja
alguma inocência que se tenha perdido nestes últimos anos - minha e do lugar - e que teria sido
muito mais interessante de explorar há uns anos.
Mas águas passadas não movem moinhos, e eu não sou de fatalismos nem telenovelices. Se há certeza que levo desta minha primeira vez,
é que outras virão.
Eu nem sou muito dado a sambas e capoeiras; eu não sou fã de
telenovelas nem carnavais... mas há qualquer coisa neste colorido tropical, no
sorriso quente com sabor a açaí, nos braços abertos que pedem um regresso. Isto não é um "adeus", Brasil. Isto é só um "até já".
Confesso que, apesar do Brasil ser tão familiar aos
portugueses, de conhecer tanta gente que aqui vive ou viveu, ou apenas viajou; de estar familiarizado com a cultura - não deixou de ser uma surpresa, esta descoberta.
Não criei grandes
expectativas, antes de vir; talvez porque estive demasiado ocupado com outras coisas, antes
de vir.
E isso foi bom. Só pode.
Aliás: acabei por comprar um bilhete de avião,
meio-à-pressa, à última hora, porque só poucos dias antes de vir para São Paulo é que soube que
não se podia entrar no país com um bilhete de chegada, apenas. Como o plano
inicial já previa um voo de Buenos Aires para a Patagónia, decidimos voar
directamente de São Paulo lá para baixo, e "fazemos a capital argentina à
subida".
Dito e feito. Se bem ou mal, já não interessa. Entretanto
soube que podia ter comprado um bilhete de autocarro para algum dos países à volta, que também era válido.
Outros disseram-me que podia ter entrado com um bilhete de avião para algum lado e cancelá-lo logo de
seguida. Não quero saber. As reviravoltas fazem parte das voltas. E esta é a minha volta: a próxima paragem é El Calafate, na Patagónia.
Depois de mais alguns
passeios por São Paulo e os cafézinhos e jantaradas da praxe com os amigos, telefonei ao senhor Carlos - o
simpático taxista que me tinha ido buscar ao aeroporto, duas semanas antes - e
avisei-o que estávamos de partida para a Argentina.
Isto não é um "adeus".
Patagónia: aqui vamos nós!
1 comentário:
Depois de uns dias tão calorosos e coloridos passados no Brasil, avancemos então para a Patagónia...!
Continuação de boas voltas e obrigada pela partilha de tantas crónicas e fotografias!!!
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