17/01/2016

OUTRA VEZ DEZASSEIS?!

Este post é provavelmente o mais tolo que alguma vez já escrevi. Não nos leva a lado nenhum além de uma série de coincidências que não servem para nada.

E, no entanto, não resisto a publicá-lo.

16/01/16 (ontem):

São três da manhã e estou sentado num autocarro, a viajar numa auto-estrada, a cabeça encostada ao vidro, deixando para trás o skyline brilhante de Kuala Lumpur. Não vejo as Petronas (porque a esta hora já apagaram as luzes), mas consigo imaginá-las cada vez mais pequenas, como num filme. Estou com alguma fome, não como nada desde as oito da noite. Apetece-me comer bolachas com pepitas de chocolate, daquelas caseiras, grandes. Vá-se lá perceber porquê. Não me apetece comer nada muito consistente, nem pratos quentes nem saladas frias, nem fruta ou sumos, nem sandes, nem doces - o que me apetece mesmo é umas bolachinhas com pepitas.

Uma hora depois chego ao aeroporto, entro e sigo directo para as Partidas, abrandando um pouco ao passar pelo gigantesco painel onde se anunciam os voos e as horas a que partem, onde fazer o check-in, de que porta de embarque saem.

Voo AK516, para Hanói. Sai às 06:10.

Que caos: estão milhares de pessoas para fazer o check-in. Escolho uma fila ao calhas, espero cinco ou dez minutos, praticamente não avança. Oiço chamarem os passageiros de um voo para Singapura e penso "o que era bom era se chamassem os passageiros para Hanói".

E pouco depois:

"Os passageiros do voo AK516 para Hanói queiram por favor dirigir-se ao balcão W16 para efectuarem o vosso check-in."

Ou seja: de uma fila com mais de vinte pessoas à minha frente, passei de repente para outra que... não existia. Era só eu - e uma pessoa, tecnicamente, não é uma fila. Para ser considerado uma fila tem de haver... três pessoas, pelo menos. Digo eu. Enfim: ora bom dia, portanto, passaporte, vou para Hanói, com licença e obrigado. Já está!

Com um sorriso de orelha a orelha, dirigi-me à Imigração. Carimbaram-me a saída da Malásia, depois passei pelo raio-X e fui caminhando pela zona de lojas duty-free, restaurantes e sei-lá-mais-o-quê. Continuava com fome, pois claro, ainda não tinha comido nada, por isso dei umas voltas à procura das tão desejadas bolachas... mas não encontrei nada.

Não me apeteciam noodles nem arroz, nem tostas de manteiga de amendoim ou saladas... e acabei por me decidir pelo Burger King. A sério. Pus-me na fila (três pessoas) e quando cheguei a minha vez pedi por BK Double Black Pepper. Mas eles não tinham BK Double Black Pepper. Eles só tinham Chicken Sei Lá O Quê. E eu não queria Chicken Sei Lá O Quê. Agradeci mas fui-me embora, passei à porta do MacDonalds e deu-me logo os enjoos, a pensar com os meus botões que "isto foi um sinal, não vale a pena ir à procura de mais porcaria, se não havia o hamburger que eu queria é porque não é suposto eu comer um hamburger."

Continuei pelo aeroporto fora, atravessando corredores e descendos escadas rolantes, passando por mais um raio-X, e já estava a ver a minha porta de embarque quando sou abraçado pelo aroma maravilhoso e quente a chocolate. E quando percebi de onde vinha, não queria acreditar na coincidência: uma lojinha de bolachas artesanais, feitas na hora (daí o cheiro), daquelas com pepitas de chocolate e noz-pecã, ou amêndoa e frutos vermelhos... que deliciosa coincidência.

"Ainda bem que não havia a porcaria do hamburger", pensava eu alguns minutos depois, enquanto mastigava com prazer uma das três enormes bolachas que comprei, sentado mesmo em frente da porta de embarque P1, preparado para embarcar num voo onde ocupava o lugar 6F.

E apesar do voo estar praticamente cheio, vá-se lá perceber como/porquê mas os dois lugares ao meu lado estavam vazios. Fui deitado, a dormir, durante todo o voo. Há dias de sorte.

Eu avisei que este post não levava a lado nenhum. Mas não deixa de ser curioso (pelo menos para mim, que não devo ter nada de mais interessante com que me entreter), reparar na sequência de coincidências: a chamada no check-in, as bolachas de chocolate, a fila de lugares vazios no avião. E no meio disto tudo o número dezasseis, que perseguição.

Ou então sou eu que já vejo coisas onde elas não existem. Whatever. Só sei que à chegada a Hanói dei de caras com um painel a indicar a temperatura... e adivinhem quantos graus estavam. Pois. I rest my case.

1 comentário:

Clara Amorim disse...

Pois eu adoro todas as tuas crónicas que metem números!!! ;)

Boa estadia!!!
PS-Vais ficar 16 dias? ;)