13/11/2013

EM MOVIMENTO

Estamos em movimento, na Indochina.

Ontem de manhã deixámos Hànôi para trás, num mini-autocarro cheio de gente. Como de costume, demorou imenso tempo para arrancar. Estaciona aqui, marcha-atrás, manobras e estaciona ali. Assim durante meia hora. Não consigo entender a lógica, se a há. Nunca a entendi. Às vezes tenho a sorte de estar um autocarro já na rua, um autocarro com lugar para onze pessoas. Mas isso só acontece às vezes. E quando não acontece, lá vamos nós para o parque onde estão estacionados os autocarros, entramos naquele em que nos mandam entrar... e esperamos. Avança e recua, estaciona aqui e ali, deixa este passar, buzina e refila mil vezes, entra este, sai aquele. E quando finalmente saímos da estação, damos uma ou duas voltas ao quarteirão, em câmara lenta, a pisar ovos, a arrastar. Apanhamos mais algumas pessoas - e eventualmente vamos embora.


Só então ligo à Hoa, a senhora que me organiza o passeio de mota pelos arredores de Ninh Binh. Só então sei quando vou chegar. Combinamos horas, "encomendo" almoço, aí vamos nós. Bom dia, Vietname!

Desta vez chegámos pouco antes da uma. Comemos, guardámos as mochilas e lá fomos de mota, os onze e o mundo à nossa volta - primeiro para Trang An, onde fizemos um pacato passeio de barco de três horas, remando rodeados de uma paisagem linda, uma espécie de mini-Halong-Bay em terra, assim lhe chamam os guias. Bem ou mal, não me interessa. Tem tanto de verdadeiro como de falso. O facto é que é um passeio regenerador, que contrasta com a confusão de Hànôi, sabe tão bem o silêncio e a água, os kingfishers a voar baixinho, os patos que mergulham à nossa passagem, o som dos remos na água, e ao longe um templo. Atravessamos grutas cheias de estalactites a pingar sobre as nossas cabeças, surpreendemo-nos com a perícia das mulheres que remam, desviando-se das pedras e das estalactites, baixamos a cabeça quando tem mesmo de ser, quando o tecto é baixo demais. Está-se tão bem assim.












Depois voltamos às motas, passamos por aldeias e gente a dizer adeus, vamos até à gruta Mua - mas desta vez nem fomos à gruta propriamente dita, subimos apenas aos degraus que levam a um pequeno templo lá em cima, lá ao fundo, lá ao longe. Desta vez não subi. Acho que foi a primeira, em tantas edições da viagem. Fiquei a meio caminho - nem tanto! - à conversa com quem também quis ficar.

Anoitece em Ninh Binh.

Voltámos para o hotel, jantámos, refrescou-se quem se queria refrescar - e às oito e meia da noite apareceram os carros para nos levar à estação de comboios. Pouco mais de meia hora depois estávamos na plataforma a ver o comboio chegar, e mais uns minutos passados estávamos sobre carris, a descer Vietname afora, quase setecentos quilómetros até Hué, no centro do país... onde estamos agora, neste momento, a retemperar energias durante duas horas. Daqui a pouco saímos para a rua, mais uma vez de mota, mais uma vez de espírito aberto para apreender os estímulos, para ler a paisagem à nossa volta e retribuir sorrisos e cumprimentos.

Já conversamos, portanto. :)

1 comentário:

Clara Amorim disse...

Grande espírito Nomad!!!
Inigualável, sem dúvida! :)