Parece título de filme - mas não é. Depois de semanas a
atravessar Rússia e Mongólia... depois de uma aparatosa queda de cavalo... uma
surpresa chamada Suzdal... passeios em Parques Naturais, o maior lago de água
doce do mundo, os sorrisos russos, a estepe mongol, o ritmo de Moscovo, as cidades
desinteressantes, os companheiros de viagem. Depois de uma viagem cheia de
histórias e encontros, eis-me na última etapa.
Que sensação.
Não só porque representa-o-que-representa, mas porque vem aí
a China. A China! País novo, há muito desejado. Que ansiedade.
O céu da Mongólia
A imagem mais forte que vou guardar da Mongólia é o céu. A
noite cheia de estrelas, a Via Láctea num sorriso pepsodent. As nuvens "em
concha" com os montes, na manhã da estepe. O azul depois da chuva. Os
raios dourados do pôr-do-sol, em tudo o que tocam um reflexo de ouro.
O comboio arrancou de madrugada, com hordes de locais a
vir-se despedir de mim - a Mongólia fez aqui um amigo e chorou a sua partida.
;)
No meu compartimento seguia o Pascal, um suíço que tinha
conhecido na guesthouse e que estava no primeiro de muitos meses a viajar
sozinho, pela primeira vez; e uma mãe e filha muito simpáticas, sempre a sorrir
apesar de não falarem inglês. Durante a viagem, ainda conhecemos a Nina, uma
austríaca de origem eslovaca que tinha estado a fazer um curso em Irkutsk - e tanta
foi a conversa e as coisas em comum, que nos tornámo os três bons amigos.
Pequim não teria sido a mesma coisa sozinho, posso garantir desde já.
Mas a viagem.
A viagem foi um permanente "uau-que-espectáculo",
com a paisagem da janela a ser dominada pelo maravilhoso céu, ora pintado de
azul-e-mais-nada, ora carregado de pequenas nuvens a gritar "tira-nos
fotos, tira-nos fotos!". Cá em baixo, ora dunas, ora planícies e
respectivos cavalos, ora gers. A Mongólia e o seu permanente jogo de sedução.
Irritante, não é?
Próxima e última
paragem: Pequim
O comboio chegou à noite à fronteira, onde nos esperava uma
operação delicada e fascinante, que já me tinha sido descrita - mas nada como
vivê-la.
O sistema de carris na China é diferente daquele que é usado
na Mongólia - e para que não seja preciso mudar de comboio... mudam-se as
rodas! As carruagens são levantadas (com os passageiros lá dentro!) por um
sistema hidráulico que obviamente não sei descrever - mas a verdade é que são
mesmo levantadas - e depois eles tiram todo o kit de rodas mongol e instalam o
chinês. Impressionante. E isto tudo é relativamente rápido, tendo em conta a
operação.
E depois uma paragem: saímos.
Não beijámos o chão porque nenhum dos três tinha pretensões
de Papa, além de que é um bocado nojento. Assim sendo, vai
foto-de-grupo-com-caras-de-parvos, a celebrar a entrada num país novo... no meu
caso, o 50º! :)
Mais uma noite sobre carris - a última! - e quando acordámos
a paisagem tinha mudado radicalmente. Mais montanhas, algumas cidades, estradas
modernas, uma realidade diferente. E por volta da hora do almoço... senhoras e
senhores, o destino final... não-sei-quantos mil quilómetros depois, já não me
lembro das contas, deve ser da emoção... Pequim.
3 comentários:
Uau-que-crónica e uau-que fotos!!!
E uau-que-estadia-vai-ser-em-Pequim!!!
5O países é obra. Parabéns Jorge
Bjs Tia Guida
Isso mesmo ... 50 países, uauh ... que maravilha :) !!!!
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