10/10/2011

O ÚLTIMO COMBOIO


Parece título de filme - mas não é. Depois de semanas a atravessar Rússia e Mongólia... depois de uma aparatosa queda de cavalo... uma surpresa chamada Suzdal... passeios em Parques Naturais, o maior lago de água doce do mundo, os sorrisos russos, a estepe mongol, o ritmo de Moscovo, as cidades desinteressantes, os companheiros de viagem. Depois de uma viagem cheia de histórias e encontros, eis-me na última etapa.

Que sensação.

Não só porque representa-o-que-representa, mas porque vem aí a China. A China! País novo, há muito desejado. Que ansiedade.

O céu da Mongólia














A imagem mais forte que vou guardar da Mongólia é o céu. A noite cheia de estrelas, a Via Láctea num sorriso pepsodent. As nuvens "em concha" com os montes, na manhã da estepe. O azul depois da chuva. Os raios dourados do pôr-do-sol, em tudo o que tocam um reflexo de ouro.

O comboio arrancou de madrugada, com hordes de locais a vir-se despedir de mim - a Mongólia fez aqui um amigo e chorou a sua partida. ;)

No meu compartimento seguia o Pascal, um suíço que tinha conhecido na guesthouse e que estava no primeiro de muitos meses a viajar sozinho, pela primeira vez; e uma mãe e filha muito simpáticas, sempre a sorrir apesar de não falarem inglês. Durante a viagem, ainda conhecemos a Nina, uma austríaca de origem eslovaca que tinha estado a fazer um curso em Irkutsk - e tanta foi a conversa e as coisas em comum, que nos tornámo os três bons amigos. Pequim não teria sido a mesma coisa sozinho, posso garantir desde já.

Mas a viagem.

A viagem foi um permanente "uau-que-espectáculo", com a paisagem da janela a ser dominada pelo maravilhoso céu, ora pintado de azul-e-mais-nada, ora carregado de pequenas nuvens a gritar "tira-nos fotos, tira-nos fotos!". Cá em baixo, ora dunas, ora planícies e respectivos cavalos, ora gers. A Mongólia e o seu permanente jogo de sedução. Irritante, não é?

























Próxima e última paragem: Pequim

O comboio chegou à noite à fronteira, onde nos esperava uma operação delicada e fascinante, que já me tinha sido descrita - mas nada como vivê-la.

O sistema de carris na China é diferente daquele que é usado na Mongólia - e para que não seja preciso mudar de comboio... mudam-se as rodas! As carruagens são levantadas (com os passageiros lá dentro!) por um sistema hidráulico que obviamente não sei descrever - mas a verdade é que são mesmo levantadas - e depois eles tiram todo o kit de rodas mongol e instalam o chinês. Impressionante. E isto tudo é relativamente rápido, tendo em conta a operação.















E depois uma paragem: saímos.

Não beijámos o chão porque nenhum dos três tinha pretensões de Papa, além de que é um bocado nojento. Assim sendo, vai foto-de-grupo-com-caras-de-parvos, a celebrar a entrada num país novo... no meu caso, o 50º! :)

Mais uma noite sobre carris - a última! - e quando acordámos a paisagem tinha mudado radicalmente. Mais montanhas, algumas cidades, estradas modernas, uma realidade diferente. E por volta da hora do almoço... senhoras e senhores, o destino final... não-sei-quantos mil quilómetros depois, já não me lembro das contas, deve ser da emoção... Pequim.












3 comentários:

Clara Amorim disse...

Uau-que-crónica e uau-que fotos!!!

E uau-que-estadia-vai-ser-em-Pequim!!!

Anónimo disse...

5O países é obra. Parabéns Jorge
Bjs Tia Guida

LV disse...

Isso mesmo ... 50 países, uauh ... que maravilha :) !!!!