24/02/2007

ERA PARA SER

Era para ser uma noite de pescaria. Aparecem uns amigos em casa e passas a tarde em preparativos: é preciso confirmar se as canas de pesca estão em bom estado, é preciso ir comprar mais fio, alguns acessórios, dois tipos de isco. Sais de casa já noite, depois de jantar, para apanhar a maré certa. Passas por um bairro de pescadores mas nem sabes muito bem porquê, provavelmente para receber umas dicas, quem sabe para comprar um peixe só para não aparecer em casa de mãos a abanar – nunca se sabe, e é preciso impressionar a miúda.

A caminho da praia mais uma paragem: falta comprar álcool. Achavas que ias passar uma noite sentado numa rocha a olhar para o mar e a contar estrelas? Nada disso, enquanto esperas que algum peixe morda o isco, já agora bebe qualquer coisa.

Era para ser uma pescaria, mas não foi.

Não sei quando nem onde é que os planos mudaram, as coisas aqui acontecem em hindi e eu disso percebo pouco.

Era para ser uma noite de pescaria, mas acabas num casarão à beira mar, com piscina e um jardim de fazer inveja a muitas Cinhas e Lilis. Nada mau. A maré está baixa, por isso entre ti e a água há uns vinte metros de areia. A lua sorri. E já agora, se há álcool e cigarros e música trance num dos telemóveis, porque não fazer uma festa? Afinal, os donos da casa só voltam daqui a seis meses...

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