24/08/2023

CATRAPUMBA!

Catrapumba, sim: mas não caí.

Verdade seja dita: eu não caí de mota. A mota é que caiu de mim.

A mota caiu de Jorge. Depois desse vai-não-vai de milhões de nano-segundos, quando a queda iminente passou a inevitável, no derradeiro instante... decidi saltar da mota. Qual Tom Cruise no Missão Impossível, qual quê! Sem efeitos especiais nem inteligências artificiais, sem duplos nem truques nem merdas... saltei.

Sim, saltei. Três mortais invertidos e uma pirueta e meia, e apesar da calçada escorregadia e de estar com uns chinelos de 4€ comprados no chinês de Aljezur… aterrei de pé!

A mota catrapumba, sim. Mas eu mantive a verticalidade. E os turistas em redor explodiram em aplausos, juro que esta parte não é exagero  ouvi, inclusive, um “well done!” genuinamente estupefacto. Confesso que a adrenalina era quase tanta quanto a vergonha, por isso nem levantei a cabeça para agradecer.

Saquei a mota do chão, felizmente não tinhamos arranhões, nem eu nem ela, então retomei a viagem e lá fui pela Mouraria adentro e Almirante Reis acima, passei a Alameda, a rotunda do Areeiro e... espera lá! Quando ia a virar para a Avenida de Madrid, lembrei-me que já não morava ali, que saí de casa no início do mês porque vou passar a tal temporada longa no México, e num flashback a la Hollywood lembrei-me da loucura que foram os 55 dias antes deste, a mil à hora enquanto desfazia a casa e enchia uma box, enquanto me despedia dos amigos, família, rituais e rotinas, enquanto celebrava a vida e as voltas e reviravoltas.

É como se Lisboa não quisesse que eu me fosse embora. A inventar esquemas e truques para me agarrar mais um bocadinho, fica só mais um dia, deixa-te estar mais um pouco.

Quase que caía de mota, nesse último dia desta fase da minha vida. Isto até podia ter corrido mal – mas não, isso é que conta, por isso obrigado ao Universo, à Sorte e aos Santinhos, obrigado aos Bons Reflexos e até aos turistas que aplaudiram. Deixo-vos aqui uma vénia virtual, porque naquele momento não deu para mais.

Vou dar uma volta  e que volta.

México, aqui vou eu!

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