A propósito do Dia Internacional da Mulher, celebrado um pouco por todo o Mundo no dia 8 de Março, aproveito para, num aparente renovado entusiasmo com o blogue, partilhar contigo os perfis de oito viajantes portuguesas que admiro e sigo, no instagram (em alguns casos, não sei se é seguir ou perseguir, mesmo).
Assim sendo, e em jeito de desfile na passerelle, venham de lá essas Super Mulheres!
MAMI PEREIRA
Não podia começar este artigo com outra pessoa. A minha “sis” é um monumento à Vida, um fogo-de-artifício disfarçado de Mulher – devia ser Património da Humanidade, a Mami. Não há Amizade como a Mamizade. A Mami é o meu Farol de Alexandria, o meu Taj Mahal e a minha Full Moon Party. É o meu Holi, o meu Muro das Lamentações, o meu Planetário e a minha Nona Sinfonia. E olha que todos estes “meus” e “minhas” nada têm de possessivo – o que seria! E logo num artigo a propósito do Dia da Mulher. São só formas de dizer.
Vamos a viagens: no caso da Mami, não é pelo currículo que vou aqui "promovê-la", por muito impressionante que seja. É pela forma como vive a Viagem. Como encara o desafio, o insólito e o ridículo. Como partilha as suas descobertas, ilusões e desilusões.
A Mami tem muito mais do que só algum jeito para as palavras, um talento especial ou mesmo um dom. A Mami tem ginga. Ela pega nas ideias e veste o maillot, as luvas de boxe e uma cartola - e faz de bailarina, pugilista e artista de circo ao mesmo tempo. Ela é contorcionista, ilusionista e malabarista. É cozinheira. Escultora. Arquitecta. Palhaça. A Mami é maestrina. Ler um livro da Mami é viajar na maionese - em geografias, aventuras, música, emoções ou lá-o-que-for. É um exercício de crescimento intelectual, cultural e humano.
MARTA DURAN
Conheci a Marta numa espécie de blind date a três. Tipo menage a trois - mas sem malandrices, não venhas com ideias. Foi no mesmo dia em que conhecemos a Mami. Andávamos os três a trocar mensagens há algum tempo - eu na Índia, a Marta na Guiné e a Mami nem me lembro onde, talvez na Indonésia. Éramos um triângulo amoroso no instagram - ou, se quiser ser mais acertivo, um triângulo amizadoso.
A Marta pode muito bem ser a benjamim deste colorido ramalhete de oito mulheres com M grande, mas tem mais mundo debaixo dos pés do que muita gente crescida: fez voluntariado em Moçambique e no Nepal, estudou em Macau e calcorreou meia Ásia; foi com uma bicicleta daqui até à Guiné, fala crioulo, andou à boleia pela Europa; e, antes da pandemia, passeava turistas por Lisboa, num tuktuk, para juntar dinheiro para as voltas. Lançou há pouco tempo uma viagem ao Senegal e à Guiné, com a Nomad... e tem sempre mais alguma na manga.
Ninguém pára a Marta - mas, se quiseres, é possível ir à boleia das suas fotos, como eu, no seu instagram. Ou, se te apetecer ir dar uma volta ao Senegal e à Guiné, espreita o programa aqui.
TANIA MUXIMA
Já tinha ouvido falar de uma ou outra aventura da Tânia, ouvi-a no Festival de Cinema de Aventura, em Matosinhos, há ano e meio - mas nunca tínhamos falado. Nem por mensagem. No domingo passado, entrevistei-a no meu live do instagram, o "Porta de Embarque" - e desde os 81394 audios que trocámos, por whatsapp, na preparação da entrevista, que fiquei rendido a esta intrépida figueirense.
"A minha missão é divertir-me", disse-me num desses audios. E isto diz tudo sobre a Tânia.
Nasceu em Angola, aprendeu a andar no Brasil, estudou em Coimbra e fez-se gente na Figueira da Foz. Talvez porque já tinha tanto mundo dentro dela, durante algum tempo contentou-se com a sua terra natal - e, até aos vinte anos, parecia indisponível para outras aventuras para além dos amigos, do bodyboard e mil e uma distrações/âncoras. Até que foi surfar à Indonésia, à Austrália, à Nova Zelândia... e começou uma caminhada sem retorno que, na verdade, não é caminhada nenhuma, mas uma valente série de pedaladas.
A Tânia trabalha num abrigo de montanha, na Suíça, durante o Verão - e viaja principalmente no Inverno. Já fez meio mundo em cima de uma bicicleta, e a Islândia numa trotinete. Apesar de não ser muito dada às tecnologias, de vez em quando lá partilha qualquer coisa no instagram. E vale a pena acompanhá-la, aqui.
KATY DEODATO
Quando nos conhecemos em Leiria, eu já sabia que tinha três coisas em comum com a Katy: ambos somos "bons garfos", gostamos de pessoas e temos uma pancada, que roça o vício, pela Ásia. Como não simpatizar logo com ela?
A Katy nasceu na Córsega e cresceu em Vieira de Leiria - sempre com o mar à vista, portanto. Ou seja, é uma espécie de pirata, mas ao contrário: não faz mal a uma mosca; em vez de "terra à vista", está sempre à procura de água; e não tem perna de pau, nem um gancho em vez de mão - que eu saiba, tem tudo no lugar! A começar pelo coração - que é daqueles que não cabe em lado nenhum, está sempre a transbordar. Também não sei se gosta ou não de rum, tenho que lhe perguntar, da próxima vez que a vir. Mas qualquer coisa me diz que gosta: pelo menos, não fez cara feia quando provámos aquele licor fortíssimo chamado Alphonso, em casa de uma família, em Kalibo (Filipinas).
A Katy também é lider de viagens e, surpresa!, os seus destinos incluem sempre praia. Pudera! Se quiseres ir com ela a Bali ou às Filipinas, espreita este link. Ou então segue-a no instagram e delicia-te com as paisagens por onde ela passa, e as pessoas com quem interage. Vale muito a pena.
FILIPA CHATILLON
A Filipa tem um sorriso e uma energia que desarma qualquer um. Aliás: a ONU devia contratá-la para missões de Paz, tenho a certeza que seria uma solução mais económica, ecológica e eficaz do que muitos "esquadrões" de capacetes azuis. Bastava o sorriso da Filipa e dois dedos de conversa, para ver o pessoal a hastear bandeiras brancas, a trocar armas por flores, a despir as fardas e a abraçarem-se uns aos outros.
Não sei se o facto da Filipa ter sido dentista, numa outra fase da vida que hoje parece mais outra reencarnação, tem influência no poder do seu sorriso. Provavelmente, sabe algo que o comum dos mortais não sabe. Espera lá... dentista?!, perguntas-me. Exactamente! Grande volta, hem? Agora é vê-la a liderar grupos da Nomad na Colômbia, a dar aulas de yoga e a organizar escapadelas em Portugal que são autênticas "viagens de dentro para fora".
GABEL OLIVEIRA
Ainda não nos conhecemos pessoalmente – ainda! Eu sei que é só uma questão de tempo e oportunidade. Deixa o Bicho passar, vais ver. Fui "apresentado" à Gabel durante a pandemia, num live qualquer da vida, acho que foi no "festival online" da Metamorfose Ambulante, do Pedro On the Road, onde também participei.
Foi Uau! à primeira vista. A forma como descreveu uma série de peripécias já nem me lembro por que parte de África, a gargalhada e boa onda com que acarinha o insólito. Juro que me imaginei, naquele primeiro "contacto", sentado com a Gabel a beber uma cerveja ao pôr-do-sol e a trocar histórias de viagem, algures num cantinho qualquer do mundo, não interessa onde. Vai acontecer.
Diz que a Gabel é economista, mas a sua grande paixão é mesmo viajar. É também tour leader da Landescape, leva grupos ao Sudeste Asiático e podes consultar as suas viagens aqui.
CARLA MOTA
A Carla praticamente dispensa apresentações. O seu blog é uma referência nacional para quem quer as melhores dicas, informações e curiosidades sobre este mundo e o outro. Okay: talvez não sobre o outro, entusiasmei-me um bocadinho. Mas é só porque é especialmente complicado lá ir e voltar para contar a história. Porque se desse, tenho a certeza que a Carla já lá tinha ido.
A Carla Mota é de Guimarães, mas nunca fica muito tempo seguido por lá. Esta professora de Geografia aproveita cada momento livre para calcorrear o mundo com o seu mais-que-tudo, o Rui. Que dupla! E juntam duas qualidades que combinam na perfeição, organização e entusiasmo, que foram cruciais na extraordinária volta ao mundo de ano-e-tal, que estavam a dar, quando foram interrompidos pelo Coron'Apocalipse.
Depois de fazer o Mongol Rally, há uns anos, a Carla começou a liderar grupos da Nomad pela Rota da Seda. Mas a vida dá as voltas que tem de dar, a blogger mudou o norte à bússola e passou a organizar viagens à Gronelândia com a mesma agência. Se tens curiosidade em conhecer paisagens insólitas, começa por espreitar o programa da viagem aqui. Quem sabe se não decides juntar-te.
DÂNIA RODRIGUES
Last but not least, a minha discípula/herdeira/sucessora da viagem da Indochina, na Nomad. A Dânia é um dos seres humanos mais bonitos que conheço. E também foi, como em vários casos já aqui mencionados, Amor à primeira vista. Conhecemo-nos numa viagem de carro, três horas até uma montanha qualquer no norte de Portugal, para um encontro da Nomad. Éramos cinco no carro - e nós dois não nos calámos, em óbvio fascínio um pelo outro, fosse pelo amor pela Viagem como por detalhes tipo o facto dela ter raízes goesas, e eu mais-ou-menos, e vai-se a ver e temos amigos comuns em Goa. Ah: e o nosso amor pela Índia!
É sempre igual: quando combinamos um café, passamos meio dia juntos; quando almoçamos, ficamos quase para jantar. E quando partilhámos com um grupo a minha última Indochina, para lhe passar o testemunho e contar todos os meus segredos e truques, confesso que ao início estava receoso que, depois de um mês juntos, não nos pudéssemos mais ver à frente. Não podia estar mais errado (e ainda bem)! Não só não aconteceu como temia, como nos despedimos de lágrima no canto do olho, ao fim daquele tempo todo, com um vazio enorme no coração.
Por falar em coração: a Dânia tem um do tamanho do mundo, a juntar a um sorriso genuíno, puro e arrebatador. E uma cabeça "fora da caixa". Ela é ecologista!, feminista!, humanista!, anti-racista!... e muito mais, tudo com ponto de exclamação.
Só é pena não ter instagram. Eu sei que este artigo é sobre portuguesas viajantes com instagram, mas a Dânia não é muito dada "às redes". Mesmo o facebook, é só para alguns e não usa com regularidade. Por isso não me peças, que eu não dou. Mas podes sempre espreitar a página dela na Nomad, enquanto ela não se rende a essas andanças, e quem sabe conhecer com ela a Indochina ou o Nordeste da Índia, aqui.
2 comentários:
Adorei mesmo o post. Muitos parabéns
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