Muita gente me pergunta porque não levo os grupos da nomad a
Halong Bay. Ao que me apetece responder: Halong quê?
Sim: é muito bonito, a paisagem isto-e-aquilo, sem dúvida
que merece o estatuto que ganhou. Mas infelizmente tem cada vez mais barcos,
mais poluição, barulho, confusão, turistas e vendedores - e a qualidade da
experiência depende quase exclusivamente da sorte.
Ou seja: quem quer meeeesmo ir a Halong, vem um ou dois dias
mais cedo e eu encaminho o melhor que consigo.
Assim sendo, voltemos à aventura. Porque aqui entre nós:
"tenho" uma alternativa bem mais genuína. Chama-se Ninh Binh e fica a
cem quilómetros de Hanói. E além de umas "montanhas" e grutas, campos
de arroz e centenas de patos, tem um lugar chamado Trang An (diz-se Tchang An,
porque os vietnamitas lêem o "tr" como se fosse "tch").
A Trang An chegámos de mota, num passeio por estradinhas
rurais e aldeias. Em vez dos "tours independentes" de backpackers e dos
autocarros a vomitar excursões de anafados turistas de câmaras em
punho, encontrámos domingueiros vietnamitas. Famílias inteiras e grupos de
amigos, picnics e baralhos de cartas, gargalhadas e olhos curiosos na nossa
direcção.
É sempre a mesma coisa: sempre que aqui venho, a atracção
somos nós. Nos barquinhos que se cruzam connosco ao longo do passeio, há sorrisos e dedos em "V", há máquinas apontadas a nós, há "Hallos" e "Xin Chaos". E claro que isto vai mudar - eu sei que um dia vai mudar. É inevitável. Ninh
Binh já aparece no Lonely Planet, as agências vendem cada vez mais alternativas
a Halong Bay, aos poucos começam a ver-se mais cabelos louros entre os chapéus
em cone. Mas ainda são poucos. Felizmente: muito poucos.
Chega de conversa. Eis algumas fotos.