10/11/2025

2 ANOS, 2 MESES E 2 DIAS

Passaram dois anos, entretanto. Um pouco mais, aliás: dois anos, dois meses e dois dias, desde a última vez que aqui vim brincar aos blogs (e publiquei o post anterior a este).

Onde é que eu ia?

(Olha eu a revirar os olhos.)

Ia para a República Dominicana. Num voo charter! Eu, que atravessei a Índia de vespa e uma parte de África de bicicleta, que organizo viagens de imersão cultural xalálá para pequenos grupos, que digo que sim a mil aventuras e desafios menos convencionais – eu, tão Indiana Jones, tão Marco Polo, tão Lara Croft, ou tão com a mania... num charter para Punta Cana?! Quem te viu e quem te vê, Jorge Vassallo.

Passo a explicar: é que eu estava prestes a começar uma fase nova na minha vida, coitadinho, tinha largado a minha casinha de Lisboa e arrumara todo o meu ouro numa box... e lá ia eu, todo desapego e o-caminho-é-o-destino, todo lançado para quase um ano de tacos, tequillas e mariachis.

Ai caray! E o voo tinha-me custado uma pechincha!

Punta Cana, portanto. E aí ficou o blog durante todo este tempo.


Setecentos e noventa e quatro dias depois, o X do meu mapa do tesouro continua nessa mesma box no centro de Lisboa. Voltei várias vezes a Portugal, entretanto – e que belos Verões foram estes dois últimos! – mas quase sempre em modo sem-abrigo-mas-cheio-de-amigos. Ainda não tenho novo ninho... nem tenciono começar a procurar tão cedo, para ser sincero. Por enquanto, está-se bem como se está.

Foi quase um ano no México, portanto. Mil e uma voltas pela capital do país, outras tantas pelo país fora e mais algumas pelos países à volta deste país. Mais duas temporadas de viagens na Ásia. E também aprendi a falar Indonésio. Atravessei o Vietname de mota. Desci o Tejo num kayak. Caminhei por trilhos italianos. Regressei à Índia (aonde não ia desde que rebentou a pandemia). Terminei uma relação de quatro anos. Comecei a trabalhar com os Trilhos da Terra, do Bernardo Conde. O blog fez vinte anos. O instagram continuou a “bombar"... okay,  mais ou menos a "bombar" (apesar da paciência ser cada vez mais chiquitita). Organizei com a Mami "A Mais Pequena Feira do Livro do Mundo". E pelo meio era suposto já ter terminado o meu livro da Indonésia... mas ainda aqui ando às voltas com esses relatos e, apesar de estar mais perto que nunca do fim... eu sei lá! Melhor: entretanto fui começando outros, imagina. Só para aumentar um bocadinho mais o caos que já é isto de ser escritor-aventureiro. Ou ter a mania que. Um sobre a experiência de um ano na Cidade do México. Outro acerca da aventura de mota no Vietname. E aquele best of para celebrar os 25 anos do blog - se alguma vez lá chegar?







A vida deu as cambalhotas que tinha de dar, o mundo deu mil tropeções e abanões e trambolhões... e eu? Eu deixei-me levar, my friend, aproveitei cada sorriso e cada abraço e cada petisco e cada tchim tchim! que fui encontrando pelo caminho... e cá estou, sentado à frente do computador, num quarto enorme e barato em Puerto Morelos (provavelmente o único spot pacato da Riviera Maya, mas não digas a ninguém), depois de três semanas a viajar pelo México com um grupo de oito pessoas. Chove lá fora e não é pouco, e não é muito – é bastante. Mas longe do aparato daqueles furacões que aparecem cada vez com mais frequência nos telejornais.

Apeteceu-me voltar ao blog. Dois anos, dois meses e dois dias depois, eu sei lá se isto vai dar em alguma coisa, até porque já ensaiei este regresso meia dúzia de vezes, nos últimos anos, e nenhuma tentativa logrou aguentar-se muito tempo. Mas vou tentar. Não custa tentar. Quero mesmo-mesmo ver se ponho isto às voltas outra vez.

Nem que seja para que o último post do blog não verse sobre eu a entrar num voo charter para Punta Cana.



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