Na semana passada descobri um "video-clube" numa aldeia do outro lado da ponte U Bein, nos arredores de Mandalay, e hoje partilho alguns cartazes dos filmes em destaque :)
Preparem o balde das pipocas, isto hoje promete:
28/10/2013
23/10/2013
SALTOS & SORRISOS
Ontem viajámos no comboio que liga Yangon a Mandalay. Uma epopeia de dezasseis horas que só mesmo quem a viveu é que sabe. O comboio é velhote - é o mesmo que descrevi brevemente, há duas semanas, quando fiz a mesma viagem, mas à noite.
Partimos à hora certa. Seis da manhã, o sol a nascer atrás de uns prédios e templos, cada assento a sua avaria. Um não reclinava, vários não se punham direitos, outros rodavam como uma cadeira de barbeiro. Teias de aranha por todo o lado, um ar de abandono que noutros lugares poderia dar azo a outras reacções. Mas estamos na Birmânia, faz parte da aventura, há que desligar o "chip" - o costume.
O país passou devagar na janela, ao longo do dia. Enquanto íamos para Norte, o Sol atravessou na perpendicular: vimo-lo nascer do lado direito, e mergulhar no horizonte à esquerda. Entretanto atravessámos paisagens e pessoas, templos e música, muitos sorrisos por todo o lado.
Na carruagem passavam a toda a hora vendedores de bebida e comidas várias. Partilhámos a carruagem com estudantes e monges, famílias locais e até um casal de ratos que andou a fazer jogging toda a tarde, ou a brincar à apanhada. Depressa nos habituámos à sua presença.
Dezasseis horas! Saímos às seis da manhã, chegámos às dez da noite. Estafados, claro. Este comboio não é um comboio qualquer. Montade em carris muito curtos, abana como nunca vi nenhum outro abanar. Sacode e agita em todos os sentidos e direcções, em várias velocidades e intensidades. Mesmo assim consegui dormir, mais do que naquela primeira vez, quando um velhote nos quis embebedar, tão contente que estava de nos conhecer.
Estamos finalmente em Mandalay, portanto. Ontem viemos directos para o hotel, os onze e respectivas mochilas e sacos, e ainda o driver e um "assistente" - todos encaixados, sabe-se lá como, numa carrinha mínima de caixa aberta e capota de lona. O hotel não era longe. Jantámos tarde, todos mareados, "esta cerveja sente-se logo", não era da cerveja, era mesmo a tontura de estar em solo firme, depois de tanto tempo ao sabor das ondas... hmmm... dos carris.
Hoje passamos dos carris para os pedais. Aluguei bicicletas e vamos pedalar pela cidade, visitar mais uns templos e mosteiros, explorar mais um bocadinho deste lugar feito de sorrisos. E saltos - pelo menos ontem.
Partimos à hora certa. Seis da manhã, o sol a nascer atrás de uns prédios e templos, cada assento a sua avaria. Um não reclinava, vários não se punham direitos, outros rodavam como uma cadeira de barbeiro. Teias de aranha por todo o lado, um ar de abandono que noutros lugares poderia dar azo a outras reacções. Mas estamos na Birmânia, faz parte da aventura, há que desligar o "chip" - o costume.
O país passou devagar na janela, ao longo do dia. Enquanto íamos para Norte, o Sol atravessou na perpendicular: vimo-lo nascer do lado direito, e mergulhar no horizonte à esquerda. Entretanto atravessámos paisagens e pessoas, templos e música, muitos sorrisos por todo o lado.
Na carruagem passavam a toda a hora vendedores de bebida e comidas várias. Partilhámos a carruagem com estudantes e monges, famílias locais e até um casal de ratos que andou a fazer jogging toda a tarde, ou a brincar à apanhada. Depressa nos habituámos à sua presença.
Dezasseis horas! Saímos às seis da manhã, chegámos às dez da noite. Estafados, claro. Este comboio não é um comboio qualquer. Montade em carris muito curtos, abana como nunca vi nenhum outro abanar. Sacode e agita em todos os sentidos e direcções, em várias velocidades e intensidades. Mesmo assim consegui dormir, mais do que naquela primeira vez, quando um velhote nos quis embebedar, tão contente que estava de nos conhecer.
Estamos finalmente em Mandalay, portanto. Ontem viemos directos para o hotel, os onze e respectivas mochilas e sacos, e ainda o driver e um "assistente" - todos encaixados, sabe-se lá como, numa carrinha mínima de caixa aberta e capota de lona. O hotel não era longe. Jantámos tarde, todos mareados, "esta cerveja sente-se logo", não era da cerveja, era mesmo a tontura de estar em solo firme, depois de tanto tempo ao sabor das ondas... hmmm... dos carris.
Hoje passamos dos carris para os pedais. Aluguei bicicletas e vamos pedalar pela cidade, visitar mais uns templos e mosteiros, explorar mais um bocadinho deste lugar feito de sorrisos. E saltos - pelo menos ontem.
22/10/2013
CAPAS DE JORNAIS
Em Portugal era Fado, Futebol e Fátima... aqui dá a sensação que é Covers, Futebol e Aung San Suu Kyi. Ora espreitem lá as capas de alguns jornais de ontem, aqui na Birmânia:
JOHN WAYNE POR MEIA HORA
"You are very handsome."
O que é que se responde a isto?
A guia que contratámos no Shwedagon Paya, o principal templo budista da Birmânia, é uma simpatia e não pára de me elogiar. Sincera ou a fazer-se a uma gorjeta... seja como for, é só rir.
"You look like an actor. So handsome."
E eu alinho:
"And you are so beautiful."
"Me? No... I'm so old."
"Old? What old? Old is no problem. Old, young. Beauty doesn't choose age."
Rimos como adolescentes parvos, só falta darmos as mãos. E falta pouco.
"Lady... what's your name?"
"My name is Rose."
"Like the flower? That's so beautiful."
Já a conquistei. Continuamos o passeio. O pagoda está apinhado de gente a rezar e a acender velas, a dar banho aos budas. Há monges a cantar, a tirar fotografias com telemóveis, a fazer conversa com os turistas. Eu, a Rose e mais seis dos aventureiros que estou a acompanhar na Birmânia: todos a rir. A senhora fala num inglês que tenho de traduzir, ninguém a entende. E ela pouco nos percebe, também. Diz-nos pouco mais do que dizem os folhetos e os guias - mas é uma delícia, tem imensa piada e ainda nos mostrou um lugar "secreto" de onde se pode ver o diamante principal, no topo da stupa, a brilhar. Seis cores: é lindo.
"Josh, now we go see another Buddha..."
Decido corrigi-la, mas em vez de Jorge escolho um nome mais fácil de pronunciar:
"John. My name is John."
"John?"
"Yes. John. John Wayne."
Sorrio. Os portugueses fazem um esforço para não me denunciar. Continuamos o passeio. Aprendemos um pouco com a senhora, trocamos piadas e piropos, ela é uma delícia. No fim dá-me a sua morada, para quando eu voltar entrar em contacto:
"John Wayne", diz-me a Rose com os olhos a brilhar como o diamante no topo do Shwedagon, "I have great expectations for your return."
O que é que se responde a isto?
A guia que contratámos no Shwedagon Paya, o principal templo budista da Birmânia, é uma simpatia e não pára de me elogiar. Sincera ou a fazer-se a uma gorjeta... seja como for, é só rir.
"You look like an actor. So handsome."
E eu alinho:
"And you are so beautiful."
"Me? No... I'm so old."
"Old? What old? Old is no problem. Old, young. Beauty doesn't choose age."
Rimos como adolescentes parvos, só falta darmos as mãos. E falta pouco.
"Lady... what's your name?"
"My name is Rose."
"Like the flower? That's so beautiful."
Já a conquistei. Continuamos o passeio. O pagoda está apinhado de gente a rezar e a acender velas, a dar banho aos budas. Há monges a cantar, a tirar fotografias com telemóveis, a fazer conversa com os turistas. Eu, a Rose e mais seis dos aventureiros que estou a acompanhar na Birmânia: todos a rir. A senhora fala num inglês que tenho de traduzir, ninguém a entende. E ela pouco nos percebe, também. Diz-nos pouco mais do que dizem os folhetos e os guias - mas é uma delícia, tem imensa piada e ainda nos mostrou um lugar "secreto" de onde se pode ver o diamante principal, no topo da stupa, a brilhar. Seis cores: é lindo.
"Josh, now we go see another Buddha..."
Decido corrigi-la, mas em vez de Jorge escolho um nome mais fácil de pronunciar:
"John. My name is John."
"John?"
"Yes. John. John Wayne."
Sorrio. Os portugueses fazem um esforço para não me denunciar. Continuamos o passeio. Aprendemos um pouco com a senhora, trocamos piadas e piropos, ela é uma delícia. No fim dá-me a sua morada, para quando eu voltar entrar em contacto:
"John Wayne", diz-me a Rose com os olhos a brilhar como o diamante no topo do Shwedagon, "I have great expectations for your return."
21/10/2013
SABIA QUE... #14
...apesar de na Birmânia se conduzir do lado direito da estrada há mais de trinta anos, os carros continuam a ter, na sua maioria, o volante no lado direito.
Insólito, sem dúvida. Desprovido de lógica. Não dá jeito nenhum. Mas a verdade é que, à excepção de alguns autocarros, é raro encontrar um carro que tenha volante à esquerda. Mesmo que seja novo.
Insólito, sem dúvida. Desprovido de lógica. Não dá jeito nenhum. Mas a verdade é que, à excepção de alguns autocarros, é raro encontrar um carro que tenha volante à esquerda. Mesmo que seja novo.
3 COISAS EM QUE É IMPOSSÍVEL NÃO REPARAR
Já arrancou a primeira edição da viagem à Birmânia. Passámos a manhã a passear pelo centro de Yangon, absorvendo esta cultura tão especial, os seus hábitos, alguns choques.
Aproveito então este Recomeço para partilhar aqui três expressões da identidade cultural birmanesa que é impossível não reparar:
1. Tanaka
Esta espécie de cosmético natural faz-se a partir de um pequeno tronco, que depois de esfregado numa base molhada com água, produz uma pasta amarelada. Os birmaneses usam-na como protector solar, maquilhagem, branqueador - todas as razões que possam imaginar. Mais do que qualquer justificação isolada: é tradicional. Toda a gente usa - porque sempre se usou, porque é assim ser birmanês.
2. Longyi
Quem chega ao Myanmar pela primeira vez, repara logo na quantidade de homens que veste uma espécie de... saia? Nada disso. Chama-se longyi, ao estilo do lunghi indiano, uma espécie de sarong enrolado à cintura - mas aqui ainda se vê mais que no sul da Índia. Todos os homens e rapazes os usam, mesmo que não seja todos os dias. São quase sempre de tom escuro e o nó é dado à frente. As mulheres também usam longyi, mas apertam-no de lado e normalmente usam cores e padrões mais vistosos.
Eu próprio já usei várias vezes o lungyi... mas sou um nabo a "dar o nó". Vou continuar a praticar, juro.
3. Dar e receber
Quando se dá/recebe alguma coisa a/de alguém - dinheiro, um produto, o que for - as pessoas normalmente estendem a mão direita com aquilo que estão a passar... e a mão esquerda segura no cotovelo direito. Este gesto dá mais força simbólica ao acto, evita o toque com a mão que os budistas consideram impura, e também serve como um símbolo de não-agressão.
Aproveito então este Recomeço para partilhar aqui três expressões da identidade cultural birmanesa que é impossível não reparar:
1. Tanaka
Esta espécie de cosmético natural faz-se a partir de um pequeno tronco, que depois de esfregado numa base molhada com água, produz uma pasta amarelada. Os birmaneses usam-na como protector solar, maquilhagem, branqueador - todas as razões que possam imaginar. Mais do que qualquer justificação isolada: é tradicional. Toda a gente usa - porque sempre se usou, porque é assim ser birmanês.
2. Longyi
Quem chega ao Myanmar pela primeira vez, repara logo na quantidade de homens que veste uma espécie de... saia? Nada disso. Chama-se longyi, ao estilo do lunghi indiano, uma espécie de sarong enrolado à cintura - mas aqui ainda se vê mais que no sul da Índia. Todos os homens e rapazes os usam, mesmo que não seja todos os dias. São quase sempre de tom escuro e o nó é dado à frente. As mulheres também usam longyi, mas apertam-no de lado e normalmente usam cores e padrões mais vistosos.
Eu próprio já usei várias vezes o lungyi... mas sou um nabo a "dar o nó". Vou continuar a praticar, juro.
3. Dar e receber
Quando se dá/recebe alguma coisa a/de alguém - dinheiro, um produto, o que for - as pessoas normalmente estendem a mão direita com aquilo que estão a passar... e a mão esquerda segura no cotovelo direito. Este gesto dá mais força simbólica ao acto, evita o toque com a mão que os budistas consideram impura, e também serve como um símbolo de não-agressão.
20/10/2013
UM AUTOCARRO "BUÉDA FOFINHO"
Arranca hoje a primeira edição da viagem à Birmânia com um
grupo Nomad. Ou seja: já estou em Yangon... e hoje passo o dia no vai-vém do
costume, entre aeroporto e hotel, para receber as dez pessoas com quem vou
viajar nos próximos doze dias.
Mas antes de "recomeçar" a volta pelo Myanmar,
quero recordar aqui um dos momentos mais insólitos destas primeiras duas
semanas. Aconteceu na viagem entre Nyaung Shwe (nas margens do lago Inle) para
Bago, já quase a chegar a Yangon.
Mas recuemos um pouco mais, só para nos situarmos melhor. A última
vez que conversámos aqui no blog (sem contar com o "post-desvio" sobre o Breaking
Bad e o meu desabafo de ontem sobre o cansaço e as dores de cabeça), estávamos
em Bagan, perdidos entre templos e budas. De Bagan ainda fomos espreitar o Monte Popa; e
depois fomos para o Lago Inle, onde passeámos de barco, de bicicleta e a pé. E
porque o tempo começava a escassear, voltámos então para Yangon - mas decidimos parar
em Bago e fazer um "desvio rápido", para visitar a Rocha Dourada.
Ok: estamos situados? ;)
O "tal" momento - esse insólito que não me vou
esquecer tão depressa, aconteceu no autocarro que nos levou de Nyaung Shwe para
Bago. Aliás: o insólito é mesmo o próprio autocarro.
Estávamos sentados à espera do High Class Air Condition Express da Golden Shuttle (assim se
chamava a transportadora) quando aparece ao virar da esquina um autocarro que
de dourado não tinha nada. Para ser sincero, nem me lembro da cor. E quando
escrevo que "de dourado não tinha nada", estou a ser literal. Nada de
segundos sentidos e interpretações. O autocarro até tinha bom aspecto, tendo em
conta a amostra que tivemos nestes primeiros quinze dias. Mas dourado: não era.
E por dentro: dourado também não vi. Mas vi muito
côr-de-rosa.
Como descrever o cenário?
Numa fotografia não cabe tudo. Pormenores, talvez. Mas nunca o cenário geral. E descrever por palavras... a sério, é difícil. Mas vou tentar.
Por fora: um autocarro aparentemente normal. Mas antes de
entrar, reparei logo num pormenor curioso: no vidro da porta havia um
autocolante do Mister Bean em tamanho real, a espreitar com ar de quem fez, ou
de quem está prestes a fazer... uma traquinice. É mesmo essa a expressão.
E que traquinice.
Entrei no autocarro, sorrindo para o Rowan Atkinson como se
fossemos velhos amigos... subi três ou quatro degraus... e tive de me conter
para não me desatar a rir, assim que me vi no corredor. O cenário era
dantesco... se é que se pode aplicar esta expressão a uma decoração inspirada
em restaurantes chineses, um palácio da corte do Louis XIV e o quarto de uma
adolescente japonesa. Tudo no mesmo espaço.
Os assentos castanhos a imitar couro tinham uma cobertura com
motivos florais clássicos e uma espécie de losângulos, azuis e dourados; e no
encosto para a cabeça havia uma espécie de renda branca com laçarotes azuis.
Havia ainda uma almofada para as costas, presa por um elástico à volta do
assento, com o nome da companhia e contactos impressos.
Cada assento tinha ainda uma almofada para o pescoço,
daquelas que dão-a-volta - em xadrez azul e branco com folhos amarelo-torrado.
E cobertores côr-de-rosa, alguns com Hello Kittys, outros com flores, outros
com corações.
Não vi nenhum com a Barbie. Mas não me chocaria, se
houvesse.
As cortinas. Quantas cortinas e cortinados, folhos e
berloques. Perdi a conta.
As cortinas "principais" tinham paisagens
tropicais desenhadas, com palmeiras e rios e aldeias, alguns motivos agrícolas,
vulcões ao fundo, pássaros a voar, nuvens e cascatas. Pareciam aqueles quadros
dos restaurantes chineses em Portugal. A rematar, por cima da cortina: uns
folhos com desenhos de cegonhas e motivos marinhos. E ainda!, um rendilhado com
motivos tipo Louis XIV, além de um rebordo final com andorinhas. Já estou tonto
com tantas cores e padrões e estilos... ;)
Mas ainda não acabei.
Na "prateleira" onde se arruma a "bagagem de
mão", por cima dos assentos: mais dois "níveis" de cortinados e
folhos: o de baixo com motivos florais ao estilo pós-impressionista de um Van
Gogh; o outro era um rendilhado clássico com berloques pendurados.
A forrar o tecto central e as paredes de todo o autocarro:
um almofadado impresso com rosas e outras flores, muito ao estilo dos sofás que
a minha avó costumava ter em casa, quando eu era pequeno.
Ainda no tecto: duas fileiras de luzes brancas, acesas
apenas quando o autocarro estava parado, em que o vidro parecia
"estilhaçado", mas não porque estivesse estragado - era mesmo assim, era
o estilo.
No tecto por cima dos bancos, além do aparato do costume com
os botões e as rodinhas do ar condicionado, havia luzes amarelas e verdes ao
longo de todo o veículo - ficaram acesas toda a noite, mesmo depois de se
apagarem todas as outras. E onde não havia luzes ou botões e o ar condicionado,
o espaço livre era ocupado com espelhos.
À frente, no centro, havia um LCD enorme com peluches
pendurados. Felizmente não foi utilizado durante a viagem - mas isso não quer
dizer que tenhamos ido em silêncio. Durante TODA a noite houve música romântica
birmanesa a tocar. E não era um sonzinho de fundo. O volume ia quase no máximo
- mas só durante a primeira hora, porque depois de uma breve paragem para
jantar, um turista português que deve ter a mania que é esperto foi lá pedir
para baixarem o volume... so um bocadinho... é que está muito alto... pois: eu.
;)
Resultou. Baixaram o volume, apesar de mesmo assim ainda
estar mais alto do que gostaríamos. Menos mau - antes assim que "aos altos
berros". Acabei por usar uma técnica já experimentada nesta viagem: papel
higiénico. Bem enroladinho, dá uns excelentes tampões para os ouvidos.
Voltando ao aparato dentro do autocarro: todos os lugares tinham,
como já é costume no Myanmar, uma garrafa de água e um saquinho para o enjoo. É
que as meninas birmanesas, como as indianas e outras asiáticas, são muito
frágeis e vomitam com facilidade, quando viajam de autocarro. E esta viagem não
foi excepção. Aliás: muito perto dos nossos lugares, uma miúda passou a noite a
vomitar, e a tentar vomitar, e quase a vomitar... enfim, um festival de sons e
cheiros, só atenuado pelo papel higiénico nos ouvidos e um bocadinho de Tiger
Balm no nariz.
Foi, sem dúvida, uma noite "bué especial". Já fiz viagens piores. Bastante piores. Mas nunca tão
fofinhas.
19/10/2013
QUE PONTARIA :(
A lua está cheia e hoje é feriado no Myanmar: oiço foguetes a ser lançados na rua, vejo velinhas acesas nos parapeitos das outras janelas, nos prédios em frente ao meu quarto. Disse-me a senhora da recepção, à tarde, que hoje à noite o Shwedagon Pagoda vai estar cheio de gente, porque "é a lua cheia de Thadingyut".
Pesquisei rapidamente na net e descobri que este feriado marca o fim da "quaresma" budista. As famílias trocam presentes, visitam os templos... é uma espécie de Natal cá-do-sítio. Há quem lhe chame o Festival das Luzes, muito ao estilo do Diwali, na Índia. E tem ares disso, confesso. Mas o Diwali só acontece daqui a duas semanas.
Que dia para estar com dores-de-cabeça... :(
Que pontaria. Queria muito ter ido dar uma volta, mas não consegui mais do que caminhar até ao restaurante ao fundo da rua, comer um beef fried rice e voltar para o hotel. Amanhã chega o grupo de dez viajantes da Nomad , vou andar a fazer "piscinas" entre o hotel e o aeroporto e tenho de estar a 100% para as próximas duas semanas de aventura.
Outros festivais virão.
Pesquisei rapidamente na net e descobri que este feriado marca o fim da "quaresma" budista. As famílias trocam presentes, visitam os templos... é uma espécie de Natal cá-do-sítio. Há quem lhe chame o Festival das Luzes, muito ao estilo do Diwali, na Índia. E tem ares disso, confesso. Mas o Diwali só acontece daqui a duas semanas.
Que dia para estar com dores-de-cabeça... :(
Que pontaria. Queria muito ter ido dar uma volta, mas não consegui mais do que caminhar até ao restaurante ao fundo da rua, comer um beef fried rice e voltar para o hotel. Amanhã chega o grupo de dez viajantes da Nomad , vou andar a fazer "piscinas" entre o hotel e o aeroporto e tenho de estar a 100% para as próximas duas semanas de aventura.
Outros festivais virão.
18/10/2013
...MAS WALTER WHITE SÓ HÁ UM
Acabei de ver ontem a quinta e última temporada do "Breaking Bad". Os últimos episódios foram todos "de enfiada" - impossível parar.
Quem acompanhou ou está a acompanhar a série, sabe do que falo. A construção/desconstrução dos personagens, um argumento inteligente, chocante, surpreendente, astuto e engraçado. Um trabalho surpreendente de realização, fotografia... e de representação.
Eu sei que não é muito comum abordar aqui no blog temas que não estejam directamente relacionados com as minhas voltas... mas esta série acompanhou-me nos últimos meses. E mais voltas e reviravoltas que no Breaking Bad é difícil ;)
Fica o post-tributo, portanto.
Voltamos já a seguir :)
Quem acompanhou ou está a acompanhar a série, sabe do que falo. A construção/desconstrução dos personagens, um argumento inteligente, chocante, surpreendente, astuto e engraçado. Um trabalho surpreendente de realização, fotografia... e de representação.
Eu sei que não é muito comum abordar aqui no blog temas que não estejam directamente relacionados com as minhas voltas... mas esta série acompanhou-me nos últimos meses. E mais voltas e reviravoltas que no Breaking Bad é difícil ;)
Fica o post-tributo, portanto.
Voltamos já a seguir :)
17/10/2013
BUDAS HÁ MUITOS!
Sentados, em pé e deitados. Gordos e magros, dourados, brancos, amarelos - de todas as cores. Grandes e pequenos, enormes, mínimos, de tamanho médio. Em bom estado. Em mau estado. De pedra, de madeira, de tijolo, de cimento, de gesso. Esculpidos, pintados numa parede, fotografados num postal. De todos os tamanhos e cores e feitios, de penteados e sorrisos e vestimentas diferentes: há budas para todos os gostos.
Hoje partilho uma pequena amostra da espectacular variedade de budas... em Bagan.
Hoje partilho uma pequena amostra da espectacular variedade de budas... em Bagan.
15/10/2013
SEMPRE QUE POSSO
Sempre que a velocidade da internet me permite, sempre que tenho tempo e disponibilidade - sempre que posso, como sabem, venho aqui partilhar novidades das voltas. Ultimamente tem sido mais complicado: o serviço de internet aqui no Myanmar é muito pouco fiável, normalmente lento... mas hoje consegui novamente uma "aberta" ;)
Já estou no lago Inle. Ainda não o vi, mas estou cá. Diz que sim. :)
Chegámos ontem às quatro da manhã, depois de uma viagem inacreditável de autocarro, com o espaço entre bancos "mais curto que na Ryanair", como dizia o inglês sentado no outro lado do corredor. E o pior é que nem todos os lugares eram assim: apenas a nossa fila! Mas como o autocarro estava cheio, não tivemos outra hipótese senão aguentar.
Saímos de Bagan às seis da tarde e atravessámos a paisagem escura, primeiro a ver mais alguns episódios do Breaking Bad (está quaaaase!) e depois a tentar dormir, naquele espaço ridículo, o mundo à nossa volta aos saltos, guinadas e abanões.
Quatro da manhã. Que hora estúpida, que timing tão pouco lógico. Mas assim foi. E como desta vez não tínhamos qualquer reserva feita, aventurámo-nos num tuktuk, às voltas pelas ruas desertas da cidade, saltitando de guesthouse em guesthouse, à procura de um quarto para três pessoas que não fosse muito caro, que não fosse muito mau.
O primeiro lugar era o mais barato: mas fomos espreitar o quarto e uma das camas não tinha colchão - apenas cobertores em cima das tábuas, o "ondulado" não enganava. Perguntámos ao rapaz pelo colchão e respondeu-nos que "mais tarde". Mais tarde, quando? Amanhã de manhã. Ou seja: nessa primeira noite... ahah! Deves :)
Voltámos para o tuktuk a rir e parámos em mais três ou quatro lugares, que ora estavam cheios, ora pediam muito dinheiro. Não há noção. Se há coisa que me tem chocado neste regresso à Birmânia, é o exagero do preço dos alojamentos, se comparado com a qualidade - e com os preços praticados na Ásia em geral.
Mas considerações à parte: acabámos por ficar num sítio muito "modesto", onde nos pediram 35 dólares (!), sem direito a desconto pelo facto de fazermos check-in às quatro e meia da manhã.
Caímos na cama - e hoje acordámos para algumas surpresas. O lugar não é tão mau quanto parecia ontem. A internet funciona bem. Estamos relativamente centrais. E os 35 dólares eram só para a noite de hoje. Esta "meia-noite" custou, afinal, nove dólares - três por pessoa. Porque é que o rapaz não disse logo? E , muito provavelmente, nos outros sítios onde pediram 50 e 60 dólares, devia ser a mesma coisa. Enfim... lost in translation, já dizia o outro ;)
Já estou no lago Inle. Ainda não o vi, mas estou cá. Diz que sim. :)
Chegámos ontem às quatro da manhã, depois de uma viagem inacreditável de autocarro, com o espaço entre bancos "mais curto que na Ryanair", como dizia o inglês sentado no outro lado do corredor. E o pior é que nem todos os lugares eram assim: apenas a nossa fila! Mas como o autocarro estava cheio, não tivemos outra hipótese senão aguentar.
Saímos de Bagan às seis da tarde e atravessámos a paisagem escura, primeiro a ver mais alguns episódios do Breaking Bad (está quaaaase!) e depois a tentar dormir, naquele espaço ridículo, o mundo à nossa volta aos saltos, guinadas e abanões.
Quatro da manhã. Que hora estúpida, que timing tão pouco lógico. Mas assim foi. E como desta vez não tínhamos qualquer reserva feita, aventurámo-nos num tuktuk, às voltas pelas ruas desertas da cidade, saltitando de guesthouse em guesthouse, à procura de um quarto para três pessoas que não fosse muito caro, que não fosse muito mau.
O primeiro lugar era o mais barato: mas fomos espreitar o quarto e uma das camas não tinha colchão - apenas cobertores em cima das tábuas, o "ondulado" não enganava. Perguntámos ao rapaz pelo colchão e respondeu-nos que "mais tarde". Mais tarde, quando? Amanhã de manhã. Ou seja: nessa primeira noite... ahah! Deves :)
Voltámos para o tuktuk a rir e parámos em mais três ou quatro lugares, que ora estavam cheios, ora pediam muito dinheiro. Não há noção. Se há coisa que me tem chocado neste regresso à Birmânia, é o exagero do preço dos alojamentos, se comparado com a qualidade - e com os preços praticados na Ásia em geral.
Mas considerações à parte: acabámos por ficar num sítio muito "modesto", onde nos pediram 35 dólares (!), sem direito a desconto pelo facto de fazermos check-in às quatro e meia da manhã.
Caímos na cama - e hoje acordámos para algumas surpresas. O lugar não é tão mau quanto parecia ontem. A internet funciona bem. Estamos relativamente centrais. E os 35 dólares eram só para a noite de hoje. Esta "meia-noite" custou, afinal, nove dólares - três por pessoa. Porque é que o rapaz não disse logo? E , muito provavelmente, nos outros sítios onde pediram 50 e 60 dólares, devia ser a mesma coisa. Enfim... lost in translation, já dizia o outro ;)
13/10/2013
NÃO VALE COPIAR
A internet hoje está um bocadinho mais "saudável". Provavelmente o nosso karma está melhorzinho, com tanto templo, pagoda e stupas visitados - deve ser isso.
Aproveito então esta "aberta" para partilhar aqui algumas fotos que lembram um dos momentos mais especiais desta volta pela Birmânia. Pelo menos até agora. Aconteceu em Amarapura, nos arredores de Mandalay. Tínhamos assistido ao nascer-do-sol perto da Ponte U Bein, a maior ponte de teca do mundo, quando os drivers das nossas motas nos perguntaram se queríamos ir visitar um mosteiro. Era suposto irmos lá, de qualquer forma - mas era suposto irmos mais tarde, para almoçar com os monges.
E ainda bem que fomos mais cedo. Mais tarde percebemos que o almoço seria partilhado com monges... e com dezenas de outros turistas. Não digo que fosse uma má experiência - mas concerteza teria sido menos "autêntica" do que aquela que acabámos por viver.
Os monges estavam na sala de aula, um duzentos - várias idades. Sentados em pequenos panos individuais, quais Aladinos de cabelo rapado, os monges ouviam um professor recitar a aula e respondiam em uníssono.
Se as fotos dão uma ideia daquilo que poderá ter sido esta meia hora a assistir a aula... imaginem o som. Arrebatador!
Mantivémo-nos sempre encostados a uma porta, tentando passar o mais despercebidos que conseguíamos... na medida do possível, claro. Afinal, três estrangeiros a assitir a uma aula de monges é algo que chama a atenção.
Assim sendo, depois das fotos tiradas e de alguns minutos a absorver o momento, resolvemos não perturbar mais a aula e deixámo-los em paz.
No entanto, fica aqui um pensamento... agora que o turismo está assumidamente a explodir na Birmânia, até quando é que situações destas poderão acontecer? Já estou mesmo a ver: trinta turistas de "maquinões" apontados, alguns já dentro da sala de aula, quem sabe um ou outro mais sem-noção, a passear entre os monges. Ou uma loiríssima america a sentar-se entre os rapazes, a fazer pose para o facebook.
Espero que não.
Assim sendo: fico-me pelas fotos, feitas da maneira mais discreta que conseguimos. Não vale copiar ;)
Aproveito então esta "aberta" para partilhar aqui algumas fotos que lembram um dos momentos mais especiais desta volta pela Birmânia. Pelo menos até agora. Aconteceu em Amarapura, nos arredores de Mandalay. Tínhamos assistido ao nascer-do-sol perto da Ponte U Bein, a maior ponte de teca do mundo, quando os drivers das nossas motas nos perguntaram se queríamos ir visitar um mosteiro. Era suposto irmos lá, de qualquer forma - mas era suposto irmos mais tarde, para almoçar com os monges.
E ainda bem que fomos mais cedo. Mais tarde percebemos que o almoço seria partilhado com monges... e com dezenas de outros turistas. Não digo que fosse uma má experiência - mas concerteza teria sido menos "autêntica" do que aquela que acabámos por viver.
Os monges estavam na sala de aula, um duzentos - várias idades. Sentados em pequenos panos individuais, quais Aladinos de cabelo rapado, os monges ouviam um professor recitar a aula e respondiam em uníssono.
Se as fotos dão uma ideia daquilo que poderá ter sido esta meia hora a assistir a aula... imaginem o som. Arrebatador!
Mantivémo-nos sempre encostados a uma porta, tentando passar o mais despercebidos que conseguíamos... na medida do possível, claro. Afinal, três estrangeiros a assitir a uma aula de monges é algo que chama a atenção.
Assim sendo, depois das fotos tiradas e de alguns minutos a absorver o momento, resolvemos não perturbar mais a aula e deixámo-los em paz.
No entanto, fica aqui um pensamento... agora que o turismo está assumidamente a explodir na Birmânia, até quando é que situações destas poderão acontecer? Já estou mesmo a ver: trinta turistas de "maquinões" apontados, alguns já dentro da sala de aula, quem sabe um ou outro mais sem-noção, a passear entre os monges. Ou uma loiríssima america a sentar-se entre os rapazes, a fazer pose para o facebook.
Espero que não.
Assim sendo: fico-me pelas fotos, feitas da maneira mais discreta que conseguimos. Não vale copiar ;)
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