Chegamos hoje ao fim desta série de 11
cidades que tenho partilhado aqui no blog e, "last but not least",
eis que surge a cidade mais improvável, mais impossível - e como descrevi aqui,
uma das mais estranhas onde já estive.
Se fosse um filme, Chandigarh estava
algures entre o Twilight Zone e a Música no Coração. Com realização de Pedro
Almodovar.
Construída após a separação da Índia
com o Paquistão, é uma utopia do Nehru que nunca foi completamente acabada. É
capital de dois estados diferentes, foi desenhada pelo arquitecto franco-suíço
Le Corbusier, tem a alcunha d'A Cidade-Jardim. Tem um Parque que é a segunda
atracção turística mais visitada na Índia (mas raramente os estrangeiros vão
lá) e que faz lembrar o Park Guell, em Barcelona. Tem príncipes do Rajastão a
passear os seus bólides nas largas avenidas, tem velhotes a fazer jogging à
beira do lago, só não tem estátuas de pessoas - é proibido.
Por estas e por outras, Chandigarh
ocupa um lugar especial neste meu balanço de um ano que já lá vai. Demorei-me
nesta tarefa, adiei e troquei voltas, e trocaram-me as voltas, e fiz
isto-e-aquilo e já é quase hora de fazer o balanço deste que corre.
Mas mais vale tarde que nunca, e fico
contente por ter completado esta série. Fora desta lista ficam lugares como
Amritsar, Delhi, Bombaim, Trivandrum, Bhubaneshwar, Rishikesh,
Darjeeling ou Patnem Beach - todos na Índia. Ficam de fora Xangai
(China) e Suzdal (Rússia), Saigão (Vietname) ou Bangkok (Tailândia). Mas só
podiam ser onze. Em todos estes e em outros lugares, passei dias bons e menos
bons, vivi experiências intensas e pacatas - todos despertam, só de os
enunciar, alguma nostalgia. Ainda bem que é assim. Já diziam os antigos: antes
a mais, do que a menos. :)
Voltando a Chandigarh: é um lugar
estranho, pois é. Mas tinha planeado ficar apenas um ou dois dias, e demorei-me
quatro ou cinco. E espero voltar. Ficam algumas fotos.