Aconteceu há um ano: cinco dias antes de partir para o Sudeste Asiático, onde ia celebrar o Ano Novo e viajar com três amigas, a Tailândia amuou e “quem está, está; quem não está, estivesse” – e voltou a fechar as portas ao Mundo.
Eu convencido que vaificartudobem era um hashtag fora-de-moda e a pandemia já não manda aqui – e eis senão quando... catrapum, mais um trambolhão. E agora? Vamos para onde? Se é que vamos de todo. Lançámo-nos num frenesim de cancelamentos e alterações, noves-fora-nada e decidimos ir para o México, onde eu nunca tinha estado... só que de repente catrapum outra vez, no dia a seguir ao Natal acordei enjoado e cheio de dores de cabeça, deve ser da ressaca e tal, mas afinal não, pois no dia seguinte sentia uma amêndoa entalada na garganta e nunca tinha sentido tal coisa, tu não me digas que, e deixa lá experimentar uma zaragatoa... ooops... dois riscos. Estou feito.
(A história está contada dois posts abaixo... é o que dá, um ano sem pôr nada aqui.)
2021 acabou de forma inesperada, portanto: em casa, embrulhado em cobertores e encharcado em remédios, a ver séries sobre tacos no Netflix, à procura de conteúdo credível acerca da civilização Maia... porque nem o cabrão do Omicron me ia fazer desistir do México!
Ou seja: quando no dia 4 de Janeiro aterrei em Cancun, depois de cumprida a quarentena necessária, não só me corria na pele, cabelos e unhas aquela electricidade típica de quem está a começar uma viagem num lugar novo, como me sentia aliviado por deixar para trás a pandemia – e se havia uma frase que não me saía da cabeça era esta: “eu nem era para estar aqui”.
Foram duas semanas de introdução ao México, em Janeiro. Depois atravessei uma fronteira e passei mais quinze dias a explorar a Guatemala – que viagem! E em Fevereiro voltei ao México e foi quase um mês a conhecer mais lugares e pessoas e comidas incríveis.
Que bonito gatilho, este! Não só porque, de tão entretido que estava com tudo à minha volta, praticamente me esqueci de que a pandemia ainda existia; mas também porque o facto de estar rodeado de novidades desbloqueou alguma da inércia que vinha sentindo a instalar-se nos últimos tempos – e comecei a escrever uma série de coisas, a planear próximos passos, a recuperar confiança, ânimo e vontade de mundo e de tudo-e-mais-alguma-coisa.
2022 começou neste registo... e assim continuou. Lancei o meu quizz de viagens e voltei para Portugal no fim de Fevereiro. A meio de Março, o Rafael Polónia desafiou-me a levar um grupo da Landescape às Filipinas, pois a Katy Deodato (líder habitual desta viagem) não podia ir. Estava tão inspirado com o mood do arranque do ano que nem vacilei – e, em Abril, voltei pela primeira vez à Ásia, desde que tive de dar-de-frosques da Índia, em Março de 2020. Passei quase um mês nas Filipinas – e já que estava por estas bandas, segui viagem para a Indonésia, em Maio. Acabei por passar aqui, ao todo, dois meses deste ano intenso. E pelo meio fui dar uma vista de olhos a Bangkok, e outra a Kuala Lumpur, e outra ao Camboja e mais uma ao Laos. Tudo “sítios do costume”, para mim, mas aonde me soube tãããão bem voltar, depois do caos dos dois anos anteriores.
Voltei a Portugal no início de Agosto... mas por pouco tempo, afinal as cartas estavam lançadas para o resto do ano. Turquia, Grécia, Itália... a todos fui dar uma volta, entretanto. E cá estou na Índia, como já deves ter percebido. Também não era suposto, pelo menos agora. Era só para ser para o ano, mas outras cambalhotas precipitaram esta reviravolta – e aqui estou. Por pouco tempo, curiosamente, pois vou passar o ano ao Sudeste Asiático, desta vez é que é.
Aterrar em Bombaim, há cerca de uma semana, foi (na minha cabeça) o último passo nesta caminhada de vingança covidiana – e que arruma, de uma vez por todas, , o tema “pandemia”... ou assim espero, inshallah, bate três vezes na madeira.
Assim sendo, Boas Festas para todas e todos e todes – e enquanto não me lanço com os relatos das voltas actuais, dá licença que vou partilhar aqui uma série de posts com uma espécie de resumo, ou balanço, ou show-off – diz-me tu, depois – deste ano colorido, complicado, comovente e cheio de mundo.
Nem que seja porque, afinal, eu nem era para estar aqui.