Normalmente não sou de opiniões muito fundamentalistas,
tento ser dar um "desconto", procuro entender os diferentes pontos de
vista... mas não me venham com desculpas: ir o Vietname e não dar uma volta -
umazinha que seja! - num mercado de rua, não é ir ao Vietname.
O Vietname não é a Baía de Halong, não é os souvenirs de
guerra, não é os chapelinhos em cone. A paisagem é.
O Vietname é atravessar a rua, os pelos eriçados, o coração
aceleradíssimo, pais-nossos e avé-marias para que nenhuma mota nos atropele. O
Vietname é a comida de rua, num banco de plástico rente ao chão. O Vietname é
os mercados onde se vende tudo e mais alguma coisa: peixe ainda vivo, verduras
frescas a cheirar a terra, sapos a ser "descascados" à frente do
freguês, carne de cão para o jantar, alho e cebola inteiros, ou cortados aos
bocados, ou picados, frutas de cores e feitios nunca vistos, trinta e uma mil
coisas feitas a partir de arroz - e tudo se come, e tudo se negoceia.
Mesmo ao pé do hotel onde costumo ficar com os grupos da
nomad, em Saigão, fica um pequeno mercado que é o exemplo típico. De dia, uma
sinfonia caótica de cores e cheiros; de noite, a escuridão rasgada por
atarefadas ratazanas.