Ou seja: estávamos ainda nas montanhas, na noite anterior à estrada
maravilhosa de curvas e contracurvas que tanto nos deliciou. Pesquisámos por
"places to go" no Tamil Nadu, cruzámos os resultados com os lugares
que poderiam ficar no nosso caminho, e apercebemo-nos de umas ruínas lindas, e
muito pouco visitadas, na cidade de Dharapuram, a uns 120km de Valparai - a distância ideal para uma jornada de mota.
Ficou então decidido: vamos para Dharapuram.
E lá fomos. Primeiro as plantações de chá "decoradas" com
jacarandás e buganvílias; depois a estrada das curvas com vista sobre um lago e
as montanhas à volta; e finalmente as filas intermináveis de palmeiras e coqueiros,
numa estrada colorida e alegre do estado do Tamil Nadu. E, a meio da tarde: Dharapuram.
Fomos logo bem recebidos, à chegada. Parámos para deixar
passar uma espécie de procissão com um carro alegórico gigante, perguntámos a
uns senhores se sabiam onde ficava um hotel - e de repente estavam a servir-nos
sumo de laranja e a tirar selfies connosco. Só na Índia! :)
Lá encontrámos uma guesthouse, instalámo-nos e fomos então à
procura das tais ruínas - para só então perceber que nos tínhamos enganado no nome
da cidade.
"As ruínas do templo não são em Dharapuram, mas em
Dharasuram", anunciei.
Só rir.
Dharasuram ficava algures mais para norte, não tinha nada a
ver com este lugar.
Mas se os Deuses assim quiseram - quem somos nós para
contestar a vontade dos Deuses. Deitámo-nos a descansar da longa jornada e ao
fim da tarde fomos a uma oficina dar uns toques na vespa do Luís - e eis senão quando, no
regresso a "casa", estávamos à procura de um lugar para jantar quando
alguém nos manda parar.
E aqui tudo mudou.
Parámos.
"Where are you from?", tinha de ser.
E a partir daqui, foi um descontrolo tal que me é difícil
acompanhar em palavras. Os miúdos estavam tão contentes por conhecer estrangeiros (não devem
parar muitos por aqui, eheh) que não nos largavam nem por nada. Sentámo-nos a
jogar french carrom com eles; tirámos selfies e fotos de grupo; experimentámos fritos na loja do amigo; bebemos chai; fomos dar umas voltas de mota com eles;
mascámos uma espécie de paan (que nojo, tão doce); mostraram-nos um restaurante para jantar. Full
program!
O ritmo foi de loucos. Imaginem dez ou quarenta ou duzentas pessoas à vossa volta, tanto faz - cada um a querer entreter à sua maneira, a puxar para um lado, a perguntar isto-e-aquilo, a querer atenção, a dar atenção, what's your job, what's your name, are you married, how old are you, how much cost, what's your religion, show me your tattoo, etc, etc, etc.
Quando finalmente nos vimos sozinhos, sentados à mesa do
restaurante indicado, nem queríamos acreditar no turbilhão de acontecimentos e
sensações. Só rir. Dharapuram podia não ser aquilo que vínhamos à procura, mas
sem dúvida que nos proporcionou umas histórias engraçadas.
Ou, por outras palavras: o lugar errado, à hora certa.
1 comentário:
Que maravilha de experiências...! Isto sim, é viajar!!!!! :)
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