Mais do que o ladrão, mete-nojo a atitude assumida pelo senhor do café Gabero, em todo este filme.
Porque o ladrão fez o que faz o ladrão: rouba, resiste, foge. Não foi detido, é pena. Mas mais cedo ou mais tarde, assim espero.
Porque a polícia fez o que faz a polícia: veio ao nosso auxílio, procurou pelo criminoso, questionou um suspeito, tentou desatar o nó, tentou que o filme acabasse bem. Felizes para sempre?
Todos cumpriram os seus papéis. Todos? Todos-não. Todos menos o senhor do café. Enquanto cidadão, enquanto pai de família que deve ser, irmão, vizinho, amigo. Enquanto homem. Este senhor falhou redondamente. E chamá-lo de "senhor" é um insulto aos verdadeiros. Este animal.
Eu até consigo "encaixar" a ideia de que passa e desvia o olhar, de quem finge que não viu, finge que não ouviu, não-tenho-nada-a-ver-com-isso. Mas assim: cara-a-cara, olhos-nos-olhos, nós a pedir ajuda e ele a dizer que não, nós a suplicar por uma mão - nem tanto!, por um simples telefonema! - e ele a negar, a insultar-nos, a ameaçar.
A não ser que estivesse envolvido no esquema - e ainda não pus de parte essa hipótese, confesso -, não consigo entender a atitude deste animal. Custa-me acreditar que valores tão básicos quanto a fraternidade e a solidariedade sejam tão descaradamente substituídos pelo mais cruel egoísmo e soberba. Que triste.
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