"Já o apanhámos!", disse a voz no rádio.
Lá avançámos Porto-fora, agora com o Marquês na mira. Mas não puseram as luzes azuis-e-vermelhas a funcionar. Eu queria era as luzes. E enquanto na minha cabeça tocava what u gonna do, when they come for you, bad boys bad boys... eu queria era as luzes.
Curiosamente, no meio de todas estas emoções todas: nem uma foto.
Não nos lembrámos de tirar uma fotografia ao marroquino, enquanto o tínhamos sob controlo. Realmente, que amadorismo. Ainda pensei em tirar uma selfie a entrar no carro da polícia, mas achei que à minha mãe ia dar-lhe um chilique, quando visse a foto. Deixei para daqui-a-bocado. Mas o daqui-a-bocado nunca mais apareceu.
Chegámos ao Marquês e deparámos com mais um carro da polícia, outros agentes, o grupo à paisana que estava com o Tiago - e alguns mirones do outro lado da rua. Sentado no banco de uma paragem de autocarro, rodeado pelo aparato referido: o Hassan.
"Mas este gajo não é o assaltante! Este é o cúmplice, ou o suspeito-de-cúmplice."
Inocente até prova em contrário.
E assim foi. A polícia teve uma postura muito sóbria com o suspeito. Interrogou-o acerca do assaltante, insistiu em algumas contradições, explicou-lhe que não ia ser detido nem era propriamente suspeito, mas que precisavam de o identificar e de ter uma declaração dele. O marroquino quase que chorava, ainda por cima é o fim do Ramadão, a minha mulher está à minha espera.
E se ele estava mesmo no lugar errado à hora errada: coitado.
Enfim: as emoções fortes estavam finalmente na recta final. Voltámos a descrever o suspeito, a explicar os acontecimentos, a enumerar tudo o que tinha sido perdido, tudo o que tinha sido recuperado. Os polícias à paisana deram-nos boleia até ao lugar do crime, mas pedimos para sair antes do carro e refizemos todo o trajecto inicial, abrindo caixotes do lixo e espreitando para debaixo dos carros e para os recantos mais escuros, na esperança de encontrar alguma coisa:
"Provavelmente ele atirou a mala fora, ficou apenas com as coisas de valor...", mas não encontrámos nada.
Ao pé do Santiago, onde tudo começara, encontrámos a Leninha e a Ângela. E a Alice, na barriga da Leninha. Tínhamos mantido contacto ao longo de todas estas motivações, mas isso não impediu que voltássemos a descrever cada passo, uma e mais uma vez, e mais outra. Sentámo-nos a beber uma cerveja junto à Tendinha dos Poveiros, a curar a adrenalina, a ressacar as emoções.
Que noite esta!
5 comentários:
Beeeeem, que cena, puf!!
Bejos :-)
E esta odisseia durou quanto tempo? Uma hora, duas ?
Se foram ao Santiago correram muito! Ainda estava a pensar que estariam no Bufete Fase!
Comentário profundo, hein ;-)!!!
Esta "saga" ainda vai virar filme...!
K medooooooo
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