02/10/2014

ÀS VOLTAS (LÁ VOU EU)

Ainda o dia vai a meio e já dei voltas e reviravoltas várias.

De manhã saí com o objectivo de ir à Embaixada do Myanmar fazer o visto - mas antes tinha combinado com um amigo encontrarmo-nos para o pequeno-almoço. Fui ter com ele à Bukit Bintang, uma das principais artérias comerciais da cidade e, depois da refeição tomada e a conversa em dia, ele seguiu para o seu trabalho e eu para a Embaixada. Apanhei o monorail: de acordo com o mapa da estação, bastava sair na segunda ou na terceira paragem, já não me lembro bem, mudar para outra linha e sair na quarta paragem, em Ampang Park. Fácil. E a partir daqui, sabia bem o caminho, pois já o tinha feito noutras ocasiões: ao sair das escadas rolantes teria de seguir a pé pela Jalan Ampang durante dois quilómetros, virar à direita a seguir a um restaurante que tem um comboio à entrada, depois à esquerda numa pequena rotunda ao final da rua, cem metros e lá está a Embaixada.

Mas vamos por partes.

Pequeno-almoço tomado. Conversa em dia.

Estação de monorail de Bukit Bintang. Quase onze da manhã.

Devia ter combinado o pequeno-almoço noutro dia, a Embaixada só recebe pedidos para visto até ao meio-dia-e-meia. Tenho que me despachar.

O comboio demora uma eternidade a chegar, ou assim me parece - pode ser da ansiedade.

À segunda ou terceira estação, já não me lembro bem, saio. Procuro por indicações para a outra linha, mas nada. Estarei no lugar certo? Confirmo o nome da estação, não me enganei.

Alguém. Preciso de perguntar a alguém.

"Ó-faz-favor! Preciso de ir para Ampang Park mas não percebo onde passa a linha do LRT... pode ajudar-me?"

"Ó amigo," responde-me a rapariga atrás do balcão enquanto envia mensagens no telefone, "tem de apanhar noutra estação. Se quiser ir por aqui tem de sair, avançar por aquela avenida e depois pagar outro bilhete para o LRT."

"Mas eu vi no mapa..."

"O mapa explica mal. Há ligação mas tem de sair e andar a pé uns vinte minutos. Senão vai até ao fim desta linha, muda para o LRT, vai até à estação de Masjid Jamek, muda outra vez e segue então para Ampang Park."

Masjid Jamek? Que volta.

Fica a quinhentos metros do meu hotel.

Onze da manhã. Não há tempo a perder.

Meto-me no monorail que vinha a chegar e sigo até ao final da linha. Mudo para o LRT e lá vou eu directo até à estação de Masjid Jamek. Tão perto do ponto de partida.

Onze e meia. Despacha-te, Jorge.

Mudo de linha outra vez, saio em Ampang Park. Escadas-rolantes. Continuo a pé mais dois quilómetros, até ao restaurante com um comboio à entrada. Viro à direita e depois à esquerda, numa pequena rotunda no final da rua. Cheguei.

Meio dia. Mesmo a tempo.

Mas:

"Já não fazemos vistos aqui," diz-me a menina sorridente no balcão de recepção, "agora os vistos fazem-se nesta agência", e saca de uma folha de papel A4 cortada ao meio, com um mapa fotocopiado de uma fotocópia de outra fotocópia.

A agência nova, a tal onde agora se fazem os vistos do Myanmar em Kuala Lumpur, fica em Puduraya. A cem metros da estação de Masjid Jamek. A quatrocentos do meu hotel.

Tanta volta.

Lá vou eu outra vez: a pé até à rotunda, da rotunda à rua principal, depois o restaurante com o comboio à entrada, mais dois quilómetros até à estação de Ampang Park. Escadas-rolantes, compro o bilhete e meto-me no metro. São só quatro estações até Masjid Jamek.

Uma volta ao quarteirão e encontro finalmente a agência, fica no primeiro andar de um hotel. Chama-se Ever Fine e tem "boa pinta", a menina da recepção é toda sorrisos mas explica-me que preciso de trazer uma cópia das reservas dos voos. Isto ainda não acabou.

Saio para a rua, o céu está a ficar cinzento-escuro, vai chover. Vou a pé até ao hotel. Tão perto. Se eu soubesse.

Copio os bilhetes para uma pen. Volto a sair e em passo apressado sigo até Chinatown, mais ou menos a meio caminho da agência, e à terceira tentativa lá consigo que me imprimam os bilhetes. Depois volto à agência, preencho a "application form", pago o que tenho a pagar mais duas fotos e o passaporte... e já está.

"Passe por cá amanhã à tarde para vir buscar o passaporte."

As nuvens estão cada vez mais carregadas. Que carga de água que aí vem.

E não tarda nada estou na Birmânia outra vez, pronto para receber mais um grupo de viajantes da Nomad.

2 comentários:

lv disse...

Uf ..... até eu aqui sentadinha deste lado do mundo estou cansada :)
Mas acabou bem e isso é o importante

Clara Amorim disse...

Ufa!!! Até nós já ficámos cansados com tantas voltas...! ;)