09/06/2014

OS TAXISTAS DE AEROPORTO (parte 1)

Perdoem-me os taxistas honestos que seguem o meu blog, eu sei que são muitos e tenho um orgulho enorme de cada vez que recebo as vossas mensagens de apoio... mas convenhamos que alguns dos vossos colegas, especialmente aqueles que poisam por esses aeroportos fora, por todo o mundo...

Já repararam? Claro que já repararam.

É impossivel não reparar: os Taxistas de Aeroporto são, regra geral, de uma desonestidade inabalável. Nisso há que dar-lhes crédito. A sinceridade com que se ofendem se não nos deixamos enganar, a verticalidade na trafulhice - podia passar o dia a contar histórias acerca das minhas experiências com Taxistas de Aeroporto; podia iniciar aqui um tag e abrir a discussão ao público - mas contento-me com a noite de ontem. Com as duas histórias de ontem.

Por agora partilho a História Número Um:

Quando fui buscar o segundo viajante ao aeroporto, que chegava às 02:30 a Moscovo, apanhei o último comboio aeroexpress. Ou seja: já sabia que ia ter de voltar de táxi. Assim que cheguei ao aeroporto fui ao balcão dos taxis pré-pagos, expliquei que só devia sair às três da manhã e perguntei quanto seria um táxi para o Cosmos Hotel.

"Mil e oitocentos rublos."

Concerteza. A senhora até me explicou que provavelmente o balcão ia estar fechado, mas alguém estaria ali ao pé.

Três da manhã: chegou o Leandro. Eu estou a desesperar com a porcaria das lentes, os olhos a arder, o cansaço a vingar. Dirigimo-nos ao balcão, que está vazio, vem logo um senhor dizer que é da companhia, que vai ligar ao manager, etc. Tudo treta. Eu sei que ele não está ao telefone, quer apenas dar um ar profissional, já os topo a todos, depois de já ter vindo a este aeroporto esperar pelos viajantes dos grupos. Algumas caras até já conheço de outros anos, mas eles não sabem quem eu sou.

Adiante: depois do suposto telefonema aparece outro homem com uma postura muito profissional, com uma pasta cheia de papéis. Diz para o acompanharmos, eu digo que tenho de pagar primeiro (uma forma de saber quanto querem cobrar, sem realmente perguntar quanto é), mas ele diz que sim, mostra-me uns recibos e manda avançar para o parque.

Mas eu daqui não saio, daqui ninguém me tira. Não enquanto não souber quanto vai custar a corrida.

Insisto, ele ignora.

Insisto, ele mostra-me os recibos "oficiais" mas não me diz quanto é.

Insisto mais uma vez e ele lá reage. Abre a pasta com um ar de frete, desvalorizando o gesto, como se fosse o pormenor mais irrelevante para ele. Mostra-me uma tabela com um ar oficial (tu não me enganas, Vladimir, já te conheço as manhas) e com o dedo procura o preço... são cinco mil e trezentos rublos. Vamos embora.

Ai não vamos, não.

Eu rio-me e recuso-me a avançar, digo-lhe que me pediram mil e oitocentos e que não pago nada que se aproxime ao valor que ele me pede.

"Mas estas são as tarifas oficiais!", afirma ofendido, como se eu o tivesse insultado.

"Azar, taxis há muitos, Vladimir, boa noite e boa sorte."

"Ok, dois mil rublos e não se fala mais nisso."

Assim. Sem discussão nem regatear. E porque eram três da manhã e eu não estava com disposição para ginásticas, aceitei. O senhor levou-nos à porta e indicou-nos ao nosso driver: uma senhora de quarenta anos, muito franzina e com um ar frágil, que sorriu muito timidamente e agarrou-se à sua carteira que era quase maior que ela. Fomos até ao seu carro... hmmm... talvez seria melhor chamar-lhe nave espacial - porque fomos praticamente a voar até ao hotel.

Já agora: cinco mil e trezentos rublos são cerca de cento e vinte euros. E já ouvi falar de taxistas que pedem ao turista oito mil rublos! Incrível.

Quanto à História Numero Dois, fica para daqui a pouco - estou a escrever no telefone e já me doem os polegares ;)

1 comentário:

Clara Amorim disse...

Eles não sabem com quem estão a lidar...! ;)