MOSCOVO ÀS CORES

Nas voltinhas de ontem pela capital russa, antes do drama das lentes de contacto, comecei a reparar em imensa gente no metro com a cara e roupa sujas de cores várias. De repente parecia que tinha sido transportado para a Índia e que estava a festejar o Holi.

Já não é novidade nenhuma, a sensação que este festival indiano tem causado pela Europa nos últimos anos. Começa a ser comum a organização de eventos alusivos ao tema. É o "color run", é o "holi one" e mais outros cujo nome desconheço. Mas não fazia ideia que a Rússia já se tinha deixado conquistar, também. E porque não?

Enfim: não resisti a pedir a umas russas giras para lhes tirar uma foto, e depois perguntei-lhes se "isto é o color run, o holi ou o que é?"

"É o festival das cores", respondeu-me o amigo delas, que era o único que arranhava um bocadinho de inglês.

"Ah sim, como o holi, o indiano."

"Não," reagiu ele com alguma arrogância, "é um festival russo."

Ao que eu não podia deixar de corrigir:

"Mas é inspirado na Índia. O festival original é o Holi, que é indiano."

"Não, é um festival russo."

Sim, claro. E apeteceu-me acrescentar que "vem do tempo dos soviéticos, que atiravam cor uns aos outros para celebrar... hmmm... a primavera?"

Enfim: leva lá a bicicleta que eu já tenho a foto.

Só por curiosidade, e voltando ao tema das lentes de contacto: o meu coração saltou algumas batidas, quando comecei a ver as pessoas todas pintadas. Imaginei-me a sair para a rua no meio do festival, a levar com as cores nos olhos, logo no dia em que estreava as lentes. Havia de ser bonito...