1. as nossas mochilas vêm muito cheias. Há pessoas que
praticamente não trazem nada, de certeza que fazem as refeições todas nos
refúgios. O peso é inimigo do conforto, e apesar de não virmos exageradamente
carregados, é óbvio que podíamos ter vindo mais leves.
2. apesar de haver muita gente bem equipada, outros parecem
vir muito descontraídos, e há até quem pareça vir menos bem preparado que nós. Menos
mau: não há razão para alarme.
Mas isto de comparar a nossa galinha com a da vizinha, vale-o-que-vale.
Cada pessoa é um caso, é uma história, uma experiência. E a nós interessa-nos
que nos corra bem, o passeio. Não quero saber se a experiência é melhor ou pior
que a dos outros, se vamos mais equipados ou não, mais carregados ou menos.
Desde que corra bem.
Apesar do entusiasmo e do condutor nos brindar com uma banda
sonora de clássicos como "Africa" e "Road to Nowhere", acabámos por adormecer. A viagem até ao parque demora cerca de duas
horas, e lembro-me de acordar três ou quatro vezes e espantar-me com a paisagem
inóspita de lagoas e rochedos, sempre com as montanhas em pano de fundo.
Lembro-me também de ver avestruzes à beira da estrada - e guanacos (um animal
de pescoço comprido, parecido com o lama). Mas dormi, a maior parte do tempo.
Quando chegámos à entrada do parque, um
voluntário entrou no autocarro para explicar algumas regras e chamar a atenção
para os perigos de fazer fogueiras. Contou-nos que há dois anos, um incêndio
consumiu quase metade da área do parque. Agora é proibido fazer fogo em qualquer
circunstância, e as multas para quem não cumprir as regras são pesadas. Depois,
outro voluntário desafiou os turistas a ficarem mais um dia no parque, para
ajudar a plantar árvores novas - mas ninguém pareceu muito entusiasmado.
Depois de comprarmos os bilhetes fomos encaminhados para uma sala, onde assistimos
a um video de sensibilização - surpresa: contra incêndios -, em que uma voz de locutor espanhol de documentário voltou a descrever as
regras do parque e insistiu no problema dos fogos florestais. Mais tarde, em
conversa com uma francesa, ficámos a saber que depois de um primeiro incêndio
há alguns anos, causado por um suíço, em 2011 um israelita ignorou todos os
avisos e fez uma fogueira... que resultou no maior incêndio da história do
parque.
Mas voltando à nossa aventura: mudámos para outro autocarro,
e no momento em que estávamos a arrancar para os 7km finais até ao refúgio, o condutor do
primeiro autocarro apareceu a correr com um volume na mão... alguém se tinha esquecido de alguma coisa... ups... era a bolsa onde
eu guardo a minha máquina fotográfica - com a respectiva, lá dentro! Nem queria
acreditar na distracção (não que seja completamente atípico, mas há muito tempo
que não me acontecia uma destas).
Arrancámos. À nossa frente, montanhas e nuvens. E de
repente: um arco-íris. No exacto momento em que arrancámos para o refúgio: um
arco-íris.
2 comentários:
Que belo começo... à parte o incidente com a máquina, claro!!!
Estou certa de que este arco-íris vai ser o vosso anjo da guarda durante todo o trekking!!!
Máquina esquecida? Foi de dormires com uma paisagem dessas.....
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