No aeroporto:
Porque será que, assim que abre a porta de embarque - e por
muito que as meninas avisem alto-e-bom-som para virem primeiro os passageiros
de executiva e aqueles com crianças de colo, e depois os da fila não-sei-quê à fila não-sei-quantos -, noventa por cento
das pessoas levanta-se a correr, como se tivesse soado o alarme de incêndios, quem sabe um ataque terrorista... mas
depois ficam meia hora a olhar sobre o ombro da pessoa à frente, à espera em
pé, numa fila que não faz sentido, não tem lógica, não se explica...
...será que gostam assim tanto
de andar de avião? Será que estão assim tããão
desejosos de viajar, de partir, de levantar voo?
Podia perder-me em filosofias e esoterimos, sobre a vontade do ir, a eterna insatisfação de que somos reféns, a condição humana, quem sou eu, para onde vou. Mas não.
Fila para entrar. E eu sentado à espera, a olhar. Quando estiverem cinco pessoas à minha frente, dez no máximo: levanto-me e entro.
E lá-dentro é o que se sabe: conforto-pouco, comida em
caixinhas, o café sempre o mesmo, a revista de bordo com o sudoku já preenchido, o ligeiro desconforto de estar sentado ao lado de um desconhecido, cada movimento nosso gera uma reacção alheia, cada movimento alheio gera uma reacção nossa. Não me interpretem mal,
não tenho nada contra aviões. Também não posso dizer que adoro - faz parte, especialmente tendo em conta a quantidade de voltas que dou. E há bons serviços de bordo, há até boas refeições... mas comer sentado num
espaço mínimo, com talheres de plástico num "prato" de alúminio... enfim. Justifica a pressa? Explica o desespero?
E mesmo que.
Então porque raio a mesma correria, na hora de sair? Toca o
sinal de desapertar os cintos e é ficar-a-ver. Empurrões, cotoveladas, olhares
fatais, uma autêntica batalha de corredor, cada centímetro uma vitória. A
sério. Só falta uma hospedeira gritar:
"O último a sair do avião é um ovo podre!"
1 comentário:
Também já me questionei sobre isto muitas vezes!!! Inexplicável, mesmo!
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