Ontem o tempo esteve feioso, aqui em Moscovo. De manhã
ameaçou sempre chover, tivemos algumas abertas e chegou mesmo a choviscar -
mas por pouco tempo. Sem drama. Começámos com uma volta de eléctrico até Kitay Gorod e seguimos a pé até à
Praça Vermelha, onde visitámos a Catedral de São Basílio, o ex-libris da
Rússia. Depois atravessámos a Praça Vermelha e o icónico GUM, descemos ao longo
das muralhas do Kremlin e do rio até à Igreja do Cristo Redentor; atravessámos
a ponte para a ilhota onde fica a antiga fábrica de chocolate... e almoçámos
num restaurante georgiano que adoro, não só pela comida mas pelo calor do
atendimento.
À tarde, apesar de algumas abertas, continuava a ameaçar chuva.
Trocámos as voltas às voltas e deixámos o Parque Gorky para melhores
meteorologias, atravessámos a ponte de volta para a outra margem e descemos
para o metro, onde estivemos quase três horas, saltitando entre estações e
linhas - até estarmos enjoados de tanta confusão.
Quando chegámos à estação "final" deste passeio, a VDNKh,
começámos a reparar na quantidade de pessoas que desciam encharcadas, com
chapéus de chuva a pingar, cabelos, roupa... enfim, ainda nem tínhamos subido e
já sabíamos o que nos esperava. Mais ou menos.
Sabíamos que estava a chover - e estava mesmo. Uma carga de água
monumental, relâmpagos e trovoada que só não pareciam incomodar as estátuas do
Parque. De resto, só se viam pessoas a correr com chapéus de chuva coloridos
que, vistos do espaço, deviam ser como os bonequinhos do Pacman perdidos no
labirinto.
Sabíamos que estava a chover - e que muito provavelmente não
íamos conseguir passear mais. Mas a ideia de nos enfiarmos no metro outra vez,
em hora de ponta... não apetecia nada.
Fui à procura de um café, ou de um restaurante - qualquer
coisa onde nos pudéssemos abrigar, beber uma cerveja, esperar que o tempo
melhorasse. Que o tempo passasse.
E então aconteceu o inesperado. Porque sabíamos que estava a
chover, mas nunca imaginámos que íamos acabar o dia a beber cervejas num
restaurante russo com famílias a beber sumos de laranja, uma senhora a cantar
ao microfone num palco que a partir das nove da noite é para uso esclusivo do karaoke, bolas
de espelhos desligadas que eram como uma promessa/ameaça daquilo em que este lugar se transforma a meio da noite, até às tantas da manhã.
Este lugar tinha tanto de tradicional como de perverso.
Gostei. Bebemos umas cervejas, partilhámos histórias, rimos. E ao princípio da
noite, quando alguns dos clientes mais alegres já começavam a dançar entre as mesas e a cantar como se tivessem um microfone à frente, saímos para a rua outra vez. Ainda caíam alguns pingos, mas nada que nos
assustasse muito. Antes chuva que russos bêbados.
Voltámos a mergulhar nas profundezas do metro e atravessámos
meia cidade até ao nosso hotel, onde petiscámos umas sanduíches antes dos
"até amanhã".
Hoje a aventura continua. Espera-nos o Kremlin e, se tudo
correr bem, o Parque Gorky. Ou quem sabe algum museu, se estiver a chover. A
ver vamos: a internet diz que sim, que deve chover qualquer coisa à tarde. Pode
ser que não.
E amanhã: comboio!
1 comentário:
Espero então que o S. Pedro ajude! E logo cá nos encontramos para mais peripécias!!!
PS. Será que há alguém supersticioso no grupo? ;-)
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