03/08/2013

O PERFUME DA TIA LAI

Uma das memórias mais antigas que tenho remonta a casa dos meus avós paternos, quando recebiam amigos para noitadas de canasta e sei lá que outros jogos de cartas.

Lembro-me que chegavam aos casais, elas perfumadas e bem vestidas, eles a deitar fumo e sempre a rir; e quando me viam e às minhas irmãs, enchiam-nos de marcas de baton por todo o lado, mais o cheiro a cachimbo, os estás tão crescido! da praxe e, de vez em quando, uns "miminhos" vindos directamente de Badajoz.

Hoje de manhã fui dar uma volta pela cidade, à procura de uma casa de chá que me foi recomendada pelo Mateus Brandão - quando, a dada altura, me subiu pelas narinas um aroma intenso que me transportou para estes serões de gargalhadas e partilha em casa dos meus avós.

Quase fechei os olhos, mesmo em andamento, mesmo correndo o risco de tropeçar e fazer fraca figura - só para não haver hipóteses de algum outro estímulo vir interromper a "viagem no tempo". E qual não foi a minha surpresa ao reparar na senhora e no penteado-da-senhora que caminhava à minha frente. Pareciam ambos tele-transportados sabe-se lá de onde, sabe-se lá de quando.

O penteado foi, se não me falha a memória ;) o vencedor do concurso de tendências de moda Rapunzel 1972-73, na categoria Penteados Inovadores. Este foi o último ano a ser organizado em Novosibirsk, o que gerou grande contestação por parte de algumas elites siberianas. 

Já o cheiro que me assaltou... era exactamente o mesmo perfume que usava a Tia Lai, uma das amigas da minha avó.

As coisas de que uma pessoa se lembra - basta "premir o gatilho" certo.

2 comentários:

Clara Amorim disse...

Que estilaço...!

Lv disse...

Consegui sentir esse cheiro de perfume, E com um pouco de imaginação o penteado um pouco ao estilo avó Funfa.