13/07/2015

A MINHA VESPA #04

Não me sai da cabeça, esta mota que deixei em Bhubaneswar. As estradas e os caminhos percorridos, as mudanças de "humor", os cuidados e os rituais, os sustos, as surpresas. Foram cinco mil quilómetros, não há como não ter saudades.

Quase-quase a chegar a casa, hoje recordo mais uma das particularidades desta minha vespa.

A ideia de personalizar a mota nasceu ainda antes do arranque. Uma vespa é para personalizar, sejam apenas pormenores, seja um look completo. Eu optei por alguns pormenores, como já vimos aqui e aqui.

Hoje vou lembrar mais um pormenor: o meu nome, pintado na vespa.

A ideia surgiu porque a maior parte dos camiões, na Índia, tem o nome do condutor pintado por cima do vidro pára-brisas. Logo nos primeiros dias, comprámos tintas e pincéis - mas só mais de uma semana depois é que finalmente começámos a pintar as motas.

Foi em Auroville, perto de Pondicherry, depois da semana passada em Bombaim. A minha tatuagem nova estava ainda fresca, o céu prometia chuva mas tínhamos tempo livre, e aproveitámo-lo para finalmente pintar as motas. O Luís começou a preparar a base para escrever "Super Freen", o nome da sua mota; e eu desenhei a lápis na minha, as letras do meu nome, inspiradas no filme "Sholay" - o clássico de Bollywood que ainda hoje desperta paixões. Depois pintei a base de branco... mas sinceramente com arte nenhuma, que jeito para estas coisas tenho muito pouco, se é que tenho algum.


Depois do contorno branco, o Luís tomou as rédeas e deu a primeira "demão" com as cores que eu escolhera: vermelho, laranja e amarelo. E assim ficou a mota durante mais uma semana ou duas, sei lá quantas centenas ou milhares de quilómetros:


Só em Gopalpur-on-Sea, já no Orissa, é que finalmente voltámos a dar atenção às pinturas. O Luís lá aperfeiçoou a sua mota, eu pouco tinha a acrescentar porque, quase de certeza, se tocasse na pintura era para borrar. Ou seja: foi o artista de serviço que voltou a dar ao pincel, desta vez para uma segunda demão:

Mas o serviço ainda não estava acabado. E apesar de em Bhubaneswar eu e o Luís termos seguido por caminhos diferentes, não desisti enquanto o meu nome não ficou acabado. Estava já mentalizado em fazer a linha de contorno preta por mim próprio, arriscando sabe-se lá que tragédias - mas o meu amigo Kousik, o tal da aldeia que por acaso também é artista, mal se apercebeu das minhas intenções decidiu que não era boa ideia eu pegar no pincel. E foi ele, portanto, que terminou esta bela obra:



1 comentário:

Clara Amorim disse...

Que espectáculo...! É a vespa mais linda da Índia 😊😊😊