Enquanto se desenrolava o drama (desculpem-me, o filme de terror) no balcão em que estava a ser atendido (desculpem-me, na secretária), mesmo ao lado um novo teatro estava prestes a começar (desculpem-me, uma telenovela).
Começou o turno da senhora do lado. E apesar dos sorrisos e das palavras simpáticas para a rapariga que se sentou à sua frente, começou um corte-e-costura com a senhora sentada à minha frente. Como se nós, e as pessoas todas naquela sala, fossemos invisíveis. Nem se deu ao trabalho de baixar a voz.
"Eu a partir de agora não tenho sentimentos, não tenho direito a ter sentimentos, porque pelos vistos exagerei na reacção à morte da minha sogra, que só era minha sogra há seis meses, mas ela conhecia-me desde os meus cinco anos, eu sou amiga do meu marido desde pequeninos, mas pelos vistos não posso sofrer pela morte dela..."
Com todo o respeito, mas: bla, bla, bla.
Porque é que eu tenho de ouvir a novela da sogra (paz à sua alma) e dos sentimentos da nora de seis meses - mas estamos no cabeleireiro ou onde é que estamos? Eu só quero fazer o meu passaporte. Não tenho de levar com a senhora em frente a dizer-me que não tem paciência para pessoas, que só quer despachar as pessoas; e a outra a choramingar e a cuscar; e depois aparece não-sei-quem e é vê-las a revirar os olhos, a bufar.
Já passou.
Isto foi ontem - hoje é outro dia.
É o Dia Mundial da Juventude, por sinal.
1 comentário:
É isso mesmo! Viva a Juventude!!! :)
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