26/04/2014

LAR DOCE LAR?

Doce?

Lar: e porque não salgado também, com umas gotinhas de piri-piri.

Estou em casa quando estou a comer febras de porco grelhadas com batatas no forno e salada mista. Estou em casa quando no copo tenho vinho verde, fresquíssimo; ou quando bebo uma mini, enquanto a carne espera na grelha. Estou em casa quando numa tasca me servem um robalo com batatas cozidas, azeitonas e cusquice a acompanhar, numa mesa com toalha de papel, jarro de barro com uma flor pintada, galheteiro a condizer, pão e queijo fresco.

Estou em casa quando bebo um sumol de ananás, enquanto converso sobre viagens e a vida.

Estou em casa quando peço um café e me servem uma bica. Quando me apetece uma baba de camelo, mas "não temos baba de camelo".

Os sabores.

E, no entanto, é muito mais que isto - a casa. O lar. Mais do que sabores. É também os sons e os cheiros, os sorrisos, os abraços e as palavras. É a paisagem à minha volta, a familiaridade das suas formas, cores e texturas. É a carinhosa luta entre o Eu e o Não-Eu, o conforto e a fome-de-mais, as coisas que me fazem sorrir e os sonhos com as cores de sempre, é o reencontro e os rituais, o Tempo, as pessoas.

Os sabores. Não é só isto, o Lar. Mas também.

2 comentários:

Clara Amorim disse...

Estás muito poético, Jorge!
E que o teu Lar te saiba muito bem!

marta disse...

entendo tudo isso!!
aproveita -casa-
beijinhos